Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AÇÕES DE PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE NAMORO NA ADOLESCÊNCIA: relato de experiência
ROSANA ALVES DE MELO, FLAVIA EMÍLIA CAVALCANTE VALENÇA FERNANDES, LAISE FERREIRA LOURENÇO, MARIANA BARROS LACERDA NUNES, INGRID ISABELLE ROCHA DA SILVA

Última alteração: 2018-01-11

Resumo


Introdução: Violência entre parceiros íntimos é uma questão de saúde pública, com implicações negativas para a saúde física e mental dos indivíduos e está presente, quer na fase de namoro, quer entre parceiros que coabitam ou na relação maritalmente constituída. Autores apontam que a violência conjugal tem início, em sua maioria, no namoro e pode determinar um padrão de relacionamento ao longo do ciclo vital, além de ser um precursor para agressões mais graves após a transição para coabitação ou casamento.A violência no namoro é definida como qualquer comportamento para controlar ou dominar o parceiro, por meios físicos, psicológicos ou sexuais, gerando sofrimento e danos para a saúde e o desenvolvimento. Pode ocorrer em relações de curta (como o “ficar”) ou longa duração (como o noivado). Essa forma de violência se con­figura como um precursor da violência intrafamiliar e está as­sociada a outros danos à saúde mental, para parceiros de ambos os sexos, como abuso de drogas, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. A perpetração da violência no namoro e a vitimização compartilham, em parte, os mesmos fatores de risco, como testemunhar violência entre os pais, ser vítima direta de violência pelos pais, sofrer abuso sexual, conviver com amigos que são violentos com seus parceiros íntimos, ter crenças sexistas, aceitar a violência como meio natural de resolução de conflitos e ter déficits em ha­bilidades sociais assertivas, de manejo da raiva e autocontrole emocional. A formação do estilo de vida do adolescente é crucial, não somente para ele, mas também para as gerações futuras. É uma fase da vida cheia de repercuções emocionais que permitem mudanças rotineiras de comportamentos, e nesse cenário, e o espaço escolar se coloca como facilitador das situações diversas vivenciadas pelos jovens, sendo que essas incluem a violência de todos os tipos, inclusive a afetiva. Assim, a escola se constitui em um espaço privilegiado para a implementação das políticas públicas, especialmente de educação em saúde, possibilitando, dentre outras ações de saúde, trabalhar na prevenção da violência que pode se perpetuar nas relações afetivas de namoro.  Dessa forma, esse relato de experiência tem como objetivo descrever a vivência acadêmica em atividades de extensão desenvolvidas em um escola pública estadual de um município do Interior de Pernambuco, sobre prevenção de violência nas relações de namoro na adolescência. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência de um projeto de extensão universitária, desenvolvido por duas docentes do curso de graduação em Enfermagem da Universidade de Pernambuco, Campus Petrolina/PE, e três graduandas do referido curso. As atividades de extensão tiveram como público-alvo 100 adolescentes estudantes de uma escola pública estadual, que frequentavam a escola em período vespertino, e cuja idade variava de 14 a 18 anos. O projeto foi desenvolvido de maio a dezembro de 2017, e foi devidamente submetido a edital para concorrer a bolsa, sendo contemplado com uma aluna bolsista e duas voluntárias.  O desenvolvimento das atividades cumpriu a carga horária de 04 horas semanais, impreterivelmente, desenvolvidas nas sextas-feiras, com o propósito de fornecer orientações sobre a prevenção da violência nas relações de namoro, visando relações saudáveis e livre de violência. Essas temáticas foram abordadas através de dinâmicas educativas e palestras, sendo que após o desenvolvimento de cada ação educativa, houve um momento para discussão e para esclarecimento de dúvidas e questionamento por parte dos adolescentes. Antes e após cada ação, foram aplicados testes, para avaliar a assimilação ou não das mensagens propostas. Resultados e/ou impactos: As atividades consistiram em levantar a discussão sobre os temas transversais que envolvem a violência afetiva, sendo iniciado pelo tema da sexualidade, o qual incluiu esclarecimentos sobre a dinâmica corporal a partir da puberdade, posicionamentos e manejos nas relações sexuais, doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos. Em seguida, fizemos a abordagem sobre as relações de namoro, onde enfatizamos como se processa as relações afetivas, formas de se relacionar, expressões de carinho, mitos e tabus em uma relação, o que podemos considerar como ato violento nas relações de namoro. E por fim, finalizamos com atemática da violência, fazendo um contraponto desse fenômeno com a afetividades entre os pares. Nessa perspectiva, foi levantado questionamentos que incluía informações sobre os tipos de violência, as repercussões desse fenômeno na saúde física e mental dos indivíduos, locais e situações de perpetuação da violência, e as formas de prevenção e combate a qualquer tipo de ato violento. Todas essas temáticas foram exploradas de forma contextualizada, com a participação efetiva dos adolescentes-alvos, onde os mesmos foram seduzidos a participar desse processo de construção do conhecimento de forma pausada e bem discutida. Através das atividade realizadas foi possível perceber o interesse dos participantes sobre os temas em discussão a partir da interação destes com as alunas extensionistas, assim como entre eles, o que possibilitou a vivência de um espaço para resolução de dúvidas, bem como, para troca de experiências, tornando-os mais informados e seguros para vivência de relações afetivas, duradoras ou não, mais saudáveis e livres de violência, e dessa forma, mais emponderadas. Pode-se perceber também o fortalecimento dos conhecimentos das graduandas envolvidas no projeto, tanto na busca de informações a literatura, quanto na vivência durante as ações, de forma que puderam compartilhar suas experiências e assimilar informações importantes para suas vidas. Reitera-se que o desenvolvimento das ações de extensão, com foco na prevenção de violência no namoro entre os adolescentes, se mostrou bastante válida e possibilitou levantar questionamentos que permitiram ser devidamente debatidos e esclarecidos junto aos envolvidos nas atividades. O desenvolvimento do projeto trouxe benefícios para a população adolescente da escola pública onde realizou-se as ações de extensão, permitindo que se tornem multiplicadores daquilo que absorveram de positivo, e permitam favorecer a ocorrência de relações afetivas livre de violência a longo prazo. Os discentes tiveram participação assídua e souberam aproveitar de forma efetiva das ações elaboradas, tendo assim, boa receptividade do público-alvo. A relação das atividades de ensino, pesquisa e extensão é fundamental no comprometimento acadêmico. Refere-se à uma interlocução entre a Universidade e a Sociedade, que vem trazendo cada vez mais demandas da população, envolvendo os desafios colocados para o desenvolvimento do país, para o centro da pesquisa e destes para a sociedade. À vista disso, Comunidade e Universidade trocam saberes e ampliam seus conhecimentos, havendo a promoção da interdisciplinaridade nos problemas sociais. Considerações finais: Sabemos da importância de uma sociedade livre de violência, em todos os contextos, porém existem dados que nos mostram que ainda persistem diversos casos de violência, principalmente afetiva, que envolve homens, mas principalmente mulheres em todas suas fases de vida. Nesse sentido, compreendemos como relevante o desenvolvimento desse projeto como estratégia para garantir um impacto positivo na saúde e educação de adolescentes, visando conscientizar sobre a não perpetuação da violência afetiva. Além disso, a participação efetiva da Universidade, por meio do compromisso de discentes e docentes com a prevenção da violência e promoção de medidas de combate efetivas, é um estímulo para um maior engajamento por parte de outros profissionais de saúde da rede de ensino público, possibilitando uma mudança positiva da realidade existente

Palavras-chave


Violência; namoro; adolescente; emponderamento