Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-02-11
Resumo
No contexto da vulnerabilidade social, os remanescentes dos quilombos se destacam como grupos que sofrem o processo de exclusão aos cuidados em saúde, em todas as regiões do país. Este artigo relata experiências sobre cuidados em saúde nas comunidades quilombolas de Arvinha e Mormaça, no município de Sertão/RS, utilizando a técnica da metodologia da problematização, a qual compreende: (1) observação da realidade, evidenciaram-se os riscos para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como o diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS); (2) entre os pontos-chaves da pesquisa objetivou-se esclarecer o DM2 e a HAS, incluindo questões nutricionais e atividades físicas; (3) optou-se trabalhar em rodas de conversas, identificando fatores de risco dessas patologias; (4) como hipótese de pesquisa, a participação efetiva das comunidades e (5) atividades voltadas a partir da realidade dos quilombolas. A equipe foi composta por 10 integrantes, incluindo alunos voluntários, especialista em atividade física, médico colaborador, enfermeiras e a professora coordenadora do projeto. Foram realizadas cinco estratégias: a primeira, uma roda de conversa com esclarecimentos sobre as manifestações do DM2 e HAS; na segunda, as comunidades foram informadas da importância da atividade física a partir de exercícios práticos; a terceira estratégia abordou o tema nutrição saudável incluindo receitas com baixo teor calórico; na quarta, foi quantificado o Índice de Massa Corporal (IMC), teste glicêmico e aferição da pressão arterial e, na quinta estratégia, foram realizadas entrevistas com os quilombolas com a finalidade de coletar dados, os quais serão utilizados para traçar o perfil epidemiológico das comunidades quilombolas investigadas. Desta forma, verificou-se que os esclarecimentos envolvendo os cuidados em saúde sobre DCNT foram importantes na medida em que contribuíram para prevenir a ocorrência de complicações com o DM2 e a HAS, obter melhor qualidade de vida, por meio de uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos. Possibilitou a articulação com os próprios quilombolas, integrando as comunidades com informações sobre as manifestações dessas enfermidades. As políticas públicas em saúde devem buscar a equidade por meio da atenção inclusiva às comunidades quilombolas brasileiras. É imprescindível que os portadores de DCNT tenham conhecimento sobre os riscos relacionados ao seu problema de saúde. Os resultados demonstraram a necessidade de reivindicar políticas públicas que favoreçam a educação em saúde no acesso aos direitos fundamentais dos quilombolas (saúde, habitação, transporte e renda) os quais podem ter impacto importante na diminuição das DCNT.