Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Assistência de enfermagem frente aos impactos biopsicossociais de uma pessoa com hanseníase virchowiana
Karina Sayuri Sugano Chiu, Kelly Thiemi Ferreira Kato, Luciana Aparecida da Cunha Borges, Margarete Knoch, Alzira Messias Pedro

Última alteração: 2018-01-24

Resumo


Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa negligenciada de notificação compulsória. O agente etiológico é o bacilo Mycobacterium leprae, que afeta a bainha de mielina dos nervos e provoca manifestações clínicas nervosas, cutâneas e sistêmicas. A doença hanseníase é classificada clinicamente em indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana. Esta última apresenta, na maioria dos casos, maior comprometimento cutâneo e dos troncos nervosos, além de complicações nos órgãos internos. Em decorrência, a pessoa com hanseníase pode apresentar incapacidades na face, mãos e pés. Este quadro pode provocar impactos negativos na vida cotidiana e traumas psicológicos, dificultando a interação social, somado ao forte estigma da doença na sociedade. Neste sentido, a assistência à pessoa com hanseníase deve ser integral e humanizada. Objetivo: Realizar assistência integral, aplicando a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) a uma paciente com hanseníase virchowiana. Metodologia: Relato de experiência realizado durante as atividades práticas do Curso de Enfermagem - INISA da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em uma UBSF em Campo Grande – MS, no período de janeiro a março de 2017. Resultados: A aplicação da SAE iniciou com o Histórico de Enfermagem, para conhecimento e estabelecimento de vínculo com a paciente que se encontrava em tratamento prolongado de 36 meses e apresentava reações de hiperpigmentação da pele, decorrentes da medicação. Os principais Diagnósticos de Enfermagem identificados foram: Disposição para melhora do autocuidado; Risco de integridade da pele prejudicada; Risco de lesão térmica; Risco de olhos secos; e Risco de dignidade humana comprometida. O Planejamento de Enfermagem teve como objetivos contribuir para o empoderamento e incentivo a autonomia da paciente para a execução do autocuidado; acompanhar a reavaliação clínica. Foram realizadas várias ações para estabelecimento de confiança e co-responsabilidade com a paciente, familiares e equipe. Nesta etapa foi fundamental o acompanhamento da paciente às consultas médicas e exames laboratoriais em um serviço de referência, possibilitando uma abordagem clínica adequada. A implementação da Assistência de Enfermagem compreendeu também atividades de educação em saúde durante as visitas domiciliares sobre as práticas de autocuidado em relação aos olhos e a pele, além do enfrentamento positivo da percepção da autoimagem. Na Avaliação de Enfermagem, observamos a aceitação e adesão da paciente às propostas e o seu conhecimento de estratégias de autocuidado a fim de diminuir os riscos físicos, os impactos psicológicos e auto perceptivos negativos. Considerações finais: O desenvolvimento da assistência de enfermagem demonstrou a eficácia das ações planejadas e executadas, segundo os princípios científicos e éticos. Foi significativo, enquanto cuidadores, compreender o papel do enfermeiro no diagnóstico precoce da doença, prevenção de complicações, deformidades e/ou incapacidades. Destacamos também, o desenvolvimento de estratégias que minimizem, ou mesmo eliminem, o estigma e o preconceito da doença na sociedade, assegurando a qualidade de vida da paciente e tornando-a protagonista das medidas de autocuidado. A atenção a pessoa com hanseníase requer a manutenção de um vínculo profissional-paciente forte para a efetividade de uma assistência integral.

Palavras-chave


Hanseníase; Autocuidado; Estigma; Assistência de Enfermagem