Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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APLICAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTE ONCOPEDIÁTRICO DIAGNOSTICADO COM LINFOMA DE HODGKIN
Renan Fróis Santana, Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Mariane Santos Ferreira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Apresentação: O Linfoma de Hodgkin trata-se de uma neoplasia desenvolvida nos linfonodos, onde os linfócitos B sofrem alteração maligna, comprometendo o sistema linfático, alterando também o estado imunológico do indivíduo. Nesse contexto, a assistência de enfermagem prestada ao cliente pediátrico oncológico na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exige atenção especializada, visando promover além de tratamentos específicos, qualidade de vida em um contexto humanizado. A evolução da doença pode exigir intervenções na UTI Pediátrica, a qual promove suporte de vida avançado com monitoramento hemodinâmico e respiratório constante por profissionais especializados, atendendo as necessidades biológica, psicológica, social e emocional do grupo desta faixa etária no ambiente terapêutico. Considerando os efeitos positivos da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) para a evolução clínica favorável dos clientes, o estudo buscou apresentar a SAE aplicada a um paciente oncológico pediátrico no ambiente de UTI. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo do tipo estudo de caso, realizado na UTI Pediátrica de um hospital de média e alta complexidade do Município de Santarém, estado do Pará. A pesquisa foi realizada por acadêmicos do 7º período do curso de bacharelado de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus XII, durante as aulas práticas da disciplina de Assistência de Enfermagem na UTI neonatal e pediátrica, no período de junho de 2017. A pesquisa foi desenvolvida a partir do acesso ao prontuário, bem como pela observação direta da rotina do paciente pediátrico, onde houve à aplicação da SAE, de acordo com a taxonomia NANDA - North American Nursing Diagnosis Association (2017). Resultados e/ou impactos: W.S.R., cliente pediátrico oncológico do sexo masculino, 11 anos de idade, diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, variante esclerose nodular estádio 4, apresentava adenomegalia cervical esquerda, insuficiência e infecção respiratória, mucosite, lise tumoral e quadros convulsivos. Deu entrada na UTI pediátrica respirando com auxílio de cateter nasal com 3l/min e saturação a 98%, seus parâmetros vitais demonstravam: dextro 117 mg/dl; pressão arterial (PA) 93/70; frequência cardíaca (FC) de 113 bpm; frequência respiratória (FR) de 28 irpm; temperatura axilar de 34,9ºC e saturação de oxigênio de 98%. A linfadenomegalia na região cervical é geralmente a sintomatologia mais comum observada nos casos da apresentação na patologia, conforme observado no cliente em estudo. O genitor do cliente referiu que o mesmo apresentou quadros de tosse, dor torácica, inapetência e febre por aproximadamente 3 semanas, sendo administrado sem avaliação e prescrição médica xarope expectorante. O linfoma de Hodgkin envolve neoplasia de células especificas do sistema imunológico, consequentemente comprometendo de maneira direta o funcionamento deste, também é valido ressaltar neste processo que há redução da citotoxidade de outros grupos de células no organismo, tornando necessária intervenção especifica para este déficit, o qual suscita maior probabilidade de casos de infecções, conforme observado no caso em questão, sendo empregada administração de dieta para imunossuprimidos. Com um dia de internação no setor, o cliente apresentou quadro de derrame pleural, sendo realizado punção torácica com drenagem de secreção cítrica. Estas complicações assistidas referentes ao sistema respiratório, como infecção e insuficiência respiratória são achados clínicos típicos da fisiopatologia já descrita antes em casos de linfoma de Hodgkin com indicação de prescrição e avaliação de exames de imagens, como radiografia e tomografia computadorizada de tórax e emprego do sistema de estadiamento Ann Arbor, os quais geram subsídios essenciais para a avaliação do envolvimento de outras estruturas linfoides ou mesmo áreas nodais com complicações em outras estruturas anatômicas como o diafragma. O cliente estava em seguimento ambulatorial na oncopediatria, após encerramento de quimioterapia de 8 ciclos. Durante a internação na UTI Pediátrica a equipe de enfermagem aplicou a sistematização da assistência de enfermagem, de acordo com o NANDA (2017) e os diagnósticos de Enfermagem estabelecidos, foram: 1) Risco para infecção relacionado a desnutrição, procedimentos invasivos, exposição a patógenos e enfermidade; 2) Risco de integridade da pele prejudicada relacionada a radioterapia, imunodeficiência, nutrição inadequada e circulação prejudicada; 3) Padrão de sono prejudicado relacionado ao barulho evidenciado pelo nível de ruídos; 4) Dor crônica relacionado ao processo patológico evidenciado por expressão facial de dor e autorrelato; 5) Troca de gases prejudicada relacionada a mudanças na membrana alveolocapilar evidenciado por padrão respiratório anormal; 6) Motilidade gastrointestinal disfuncional relacionado a imobilidade evidenciado por dificuldade para defecar; 7) Risco de síndrome de estresse por mudança relacionado à internação no setor de UTI. Frente a esses diagnósticos, foram realizadas as seguintes prescrições de enfermagem: 1) Realizar assepsia de materiais necessários para assistência, preferindo estéreis e descartáveis; 2) Realizar curativo, conforme técnica correta no curativo da incisão torácica; 3) Verificar sinais vitais de três em três horas devido ao quadro de pneumonia instalado; 4) Observar áreas avermelhadas e irritadas; 5) evitar ou diminuir o uso de fitas adesivas e de outros materiais que possam provocar lesão tecidual; 6) Avaliar e registrar o padrão do sono e promover ambiente calmo e confortável; 7) Diminuir a luminosidade e ruídos dos aparelhos; 8) Evitar situações estressantes antes do horário usual do cliente de dormir; 9) Incentivar junto ao genitor/acompanhante a ingesta de líquidos; 10) Promover cuidados com a pele promovendo higiene e hidratação; 11) Realizar posicionamento do cliente de forma que adenomegalia não sofra atrito; 12) Avaliar eficácia dos medicamentos empregados para dor; 13) Avaliar padrão respiratório e sinais como hipóxia, cianose e tosse; 14) Avaliar eficácia da terapia respiratória prescrita; 15)  registrar a frequência de eliminações intestinais e aspecto das fezes; 16) Verificar aceitação da dieta proposta e administrar emolientes fecais conforme prescrição; 17) Avaliar sinais de desidratação, administrar medicamentos antieméticos, conforme prescrição; 18) Posicionar cliente em posição adequada e prover recipiente para eliminação durante os episódios eméticos; 19) orientar sobre a importância da dieta para a manutenção da terapêutica e 20) Proporcionar atividades recreativas como brincadeiras, passatempos e desenhos animados e educativos. Considerações finais: A SAE demonstrou-se uma ferramenta eficaz para a terapêutica do cliente oncopediátrico, no contexto da UTI, suprindo as necessidades desde o contexto orgânico até as necessidades psicológicas, espirituais e emocionais, observadas durante o tratamento junto à equipe multiprofissional. No entanto, este estudo de caso apontou a necessidade de efetivação de uma importante ferramenta, isto é, a educação em saúde, visto que à atitude adotada pelos genitores no quadro de tosse não foi à correta, o que pode ter contribuído para o agravamento do caso. Tal aspecto destaca o papel da equipe de enfermagem como constantes educadores. Ademais, o cliente seguiu aos cuidados da equipe multiprofissional na unidade, com a continuidade da prestação da SAE.


Palavras-chave


unidade de terapia intensiva; diagnóstico de enfermagem; linfoma de hodgkin