Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ENSINO PERAMBULANTE: UM CHOQUE DE REALIDADE PARA APRENDER MEDICINA
Adilton Correa Gentil Filho, Beatriz Cavalcante de Carvalho, João de João Oliveira Leitão Limeira, Ianca Clara Gomes de Almeida, Tainah Bezerra Pinheiro, Thomás Benevides Said, Vanessa Ribeiro Ferreira, Antônio de Pádua Quirino Ramalho

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


A aproximação do acadêmico da realidade da população, para favorecer melhor conhecimento das existências singulares das pessoas em face de seus contextos cultural, social e econômico, contribui para uma adequada formação médica.  Um dos marcos da disciplina de Saúde Coletiva IV foi a produzir oportunidades aos alunos de atuarem em “consultórios na rua”, que foram realizados em dois momentos durante o semestre. Esses encontros clínicos carregam o objetivo de expor os alunos à vida como ela é: às adversidades que podem ser encontradas neste ofício e a peculiaridades em que se acham os pacientes vivendo em situação de rua.

O primeiro atendimento foi realizado no salão destinado a eventos de uma igreja, localizada no centro da cidade. Separados em grupos, por orientação do professor e dispondo de folhas de encaminhamento e prescrição médica, os alunos iniciaram os atendimentos, os quais foram marcados pela heterogeneidade de casos, exigindo dos estudantes a habilidade de correlacionar a história clínica e o exame físico do paciente com o cenário que estes se encontram, bem como a eficiência em considerar essas circunstâncias na escolha da conduta, o que foi uma das dificuldades apresentadas, visto que essa foi a primeira atividade nesse modelo realizada pela turma.

Na segunda atividade, percebeu-se que os acadêmicos estavam mais preparados para a realidade que viriam a enfrentar, atuando melhor nos atendimentos. Essa foi realizada em uma casa onde voluntários prestam apoio a despossuídos. Também divididos em grupos, atendeu-se mais pessoas e houve a impressão de que se conduziu melhor os casos. Foi interessante notar como a abordagem médica deve moldar-se às realidades dos pacientes e dos locais onde nos encontramos. Apesar de ter um modelo como base, cada pessoa necessita de um olhar diferenciado do profissional, um pouco do se pôde praticar durante essa ação.

Atender pessoas em situação de rua é, indiscutivelmente, importante para a formação do médico, pois o contato com a população à margem da sociedade destaca, ainda mais, o papel social do profissional. Além disso, a atividade faz uma referência aos consultórios na rua, estratégia da Política Nacional de Atenção Básica, que visa ampliar o acesso à saúde para as pessoas sob condições vulneráveis e garantir a atenção integral. Dessa forma, ao identificar os reais problemas e necessidades desses indivíduos, os acadêmicos são extremamente enriquecidos com a troca de experiências com a comunidade e tornam-se, futuramente, profissionais com olhares mais humanizados.

Diante disso, é notável a grande contribuição que o ensino fora dos hospitais pode trazer à formação profissional dos acadêmicos de medicina, pois, assim, eles são capazes de, não somente, ver a realidade da população, como podem observar as doenças e os riscos que as pessoas estão sujeitas em seus territórios. Por fim, conclui-se que atividades como as citadas nesse trabalho devem ocorrer mais vezes, a fim de contribuir ainda mais para formação ética do acadêmico de medicina, ao promover o ensino sobre abordagem a pessoas e não somente o ensino do manejo de doenças.

 


Palavras-chave


Pessoas em Situação de Rua; Atenção Primária à Saúde; Saúde Pública.