Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-25
Resumo
Apresentação: O brincar é algo essencial e importante na vida da criança, pois contribui no aprendizado, educação, construção da personalidade, além de estimular a socialização e a interação com outras crianças o que contribui para o trabalho em equipe e o entendimento do mundo que a cerca. No entanto, quando as crianças se encontram enfermas e dentro do hospital é limitado à inserção na rotina delas a prática do brincar, visto que o ambiente novo e desconhecido está direcionado aos cuidados para reestabelecer sua saúde, onde são submetidas a inúmeros procedimentos e tratamentos em busca da cura de sua patologia, o que por vezes acarreta desgaste físico, estresse e outros prejuízos. Contudo, mesmo com os obstáculos enfrentados durante a internação, é possível e necessário proporcionar o brincar a estas crianças, com ações lúdicas que contribuam com o lazer, com atividades pedagógicas e torne o dia a dia na pediatria hospitalar mais agradável, uma vez que estes passam muito tempo distantes do meio escolar, do convívio com seus familiares e com amigos. Nesse sentido, projetos que contemplem as necessidades das crianças nesses ambientes são de suma importância, pois permitem atividades diferenciadas que se aproximam das praticadas na rotina anterior a internação. Pensando no beneficio para as crianças, instituiu-se um projeto vinculado à Universidade do Estado do Pará-UEPA, intitulado Brinquedoteca hospitalar. Com base na relevância do tema o presente estudo tem como objetivo descrever a percepção dos acadêmicos e dos pais sobre o brincar da criança no ambiente hospitalar a partir da execução de um projeto realizado com crianças internadas em um hospital de média e alta complexidade do baixo amazonas. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, com abordagem qualitativa, desenvolvido por discentes e docente da (UEPA)-Campus XII, realizado no setor da clínica pediátrica de um hospital público de referência, localizado no Oeste do Pará. A experiência se deu por meio de um projeto que conta com cerca de 30 brinquedistas voluntários, sendo acadêmicos dos cursos de enfermagem, educação física e medicina. Os mesmos para participarem passam por um processo de capacitação, onde aprendem atividades que podem ser desenvolvidas sem prejuízo a saúde das crianças, tais como: brincadeiras, cantigas, pinturas, leitura e confecção de origamis. Além disso, estes devem participar de pelo menos uma integração do hospital tendo como ênfase as normas e utilização de equipamentos de proteção individual (EPI´s) em casos de crianças que possuem algum tipo de restrição onde é repassado quais tipos de pacientes podem ter, como: paciente sem precaução por contato, paciente com precaução por contato e paciente em isolamento, assim como, quais medidas de proteção devem ser tomadas diante de cada situação, que brinquedos podem ser utilizados, higienização dos brinquedos conforme a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH, imunização em dia tendo como comprovação a carteira vacinal, sorologia positiva para imunidade referente a varicela e hepatite B. Estando os voluntários aptos, são divididos em duplas de acordo com sua disponibilidade para diariamente desenvolverem as atividades com inicio as oito horas e término as doze, totalizando quatro horas diárias. O período da experiência correspondente é de março a novembro de 2017, no qual ocorre o diálogo com os pais e o contato enquanto brinquedistas com as crianças internadas na pediatria, por meio do projeto Brinquedoteca Hospitalar, vinculado a UEPA. Diariamente, inicia-se com as visitas na clínica, visto que sempre há novos pacientes, o que faz necessário a apresentação do projeto e identificação de crianças que não estariam restritas ao leito e poderiam brincar no cantinho da alegria bem como as que estariam restringidas para que tivessem atenção individualizada. Durante as brincadeiras, seja no leito ou não, os brinquedistas desenvolveram diálogos com os pais a respeito da importância do brincar de seus filhos no período de internação. Resultados e /ou impactos: Percebeu-se que os pais conhecem os principais benefícios que o brincar no hospital oferece as crianças. Nos diálogos, eles relataram avanços na educação, no lazer, na convivência, relacionamento afetivo e na forma de como se expressam durante as conversas, além de se tornarem mais alegres, espontâneos e criativos. No ponto de vista dos acadêmicos o brincar proporciona melhoras no quadro clínico psicológico, além de evitar agravos como isolamento social, ansiedade e até mesmo a depressão. No entanto, considerando que as mesmas encontram-se debilitadas, o brincar torna-se dificultoso, pela falta de tempo ou interesse, complicações no quadro clínico, procedimentos invasivos, falta de comunicação, restrição ao leito, deambulação e mobilidade prejudicada, cansaço, dentre outros. Em vista disso, o hospital disponibiliza um espaço para o lazer destas crianças, onde possibilita a aplicação do projeto já citado, bem como EPI´s para o uso dos voluntários permitindo qualidade e diminuição de riscos não só para as crianças, mas também dos voluntários durante a atuação no projeto. Aliado a isso, as dificuldades subjetivas das crianças são aliviadas segundo os pais, quando estas participam das atividades promovidas pelos brinquedistas, isso por que, estas, as aproximam de fato de brincadeiras relacionadas à fase infantil e os remete a igualdade perante as crianças que não estão doentes. Vale ressaltar, que as brincadeiras não são impostas aos infantis. Há momentos em que eles não querem brincar ou sair de seus leitos (os que podem), desejam apenas permanecerem quietos, e todos esses períodos individuais são respeitados. O brincar é acima de tudo uma decisão majoritariamente da criança internada. Considerações Finais: A experiência foi de suma importância, em relação às principais dificuldades e benefícios sobre o brincar no âmbito hospitalar. Para os pais, o momento do brincar de seus filhos no hospital colabora não somente no tratamento, mas também em sua relação com os outros infantis ali internados. Isso os deixa felizes e esperançosos na evolução terapêutica. Já para os acadêmicos o brincar no ambiente hospitalar possui grande influência na vida destes pacientes levando em conta a necessidade do lazer na infância assim como o desenvolvimento intelectual dos mesmos. Desse modo, é importante à criação e implantação de estratégias que proporcionem promoção da saúde, diversão, educação e aprendizado de forma lúdica e que despertem o interesse dos mesmos principalmente em relação às brincadeiras educativas, haja vista a grande necessidade de aprendizado constante para as crianças que ficam em um longo tempo de internação. Por isso, é necessário que haja conscientização dos pais e futuros profissionais da área da saúde a respeito da importância do brincar na vida da criança promovendo uma melhor qualidade de vida.