Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EDUCAÇÃO EM SAÚDE: A VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. UM DESAFIO NA SAÚDE PÚBLICA.
Thais da Paixão Furtado, Jonathan Douglas Pinheiro Sampaio, Thamires Palheta de Souza, Érika Beatriz Borges Silva, Elaine Priscila Ângelo Zagalo, Francisca Wrisselia Augusto Noronha, Tamyles Morais dos Santos, Irene de Jesus SILVA

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: A violência sexual representa um sério problema de saúde pública, que implica em grande impacto físico e emocional para aqueles que a ela são expostos. O abuso ou violência sexual contra crianças e adolescentes pode apresentar-se de diversas maneiras e é a situação em que os indivíduos envolvidos são usados para satisfação sexual de um adulto, incluindo desde a prática de carícias, manipulação dos órgãos genitais, das mamas ou ânus, exploração sexual, voyeurismo, pornografia, exibição, e até mesmo o ato sexual com ou sem penetração. Na maioria das vezes a maior ameaça encontra-se dentro de casa onde os violentadores são familiares ou pessoas próximas às crianças e adolescentes, sendo chamada de violência doméstica ou intrafamiliar, e no caso de fora desta - violência extrafamiliar, quando não existe relação de confiança ou de consanguinidade. O ato pode acontecer tanto com meninos, quanto com meninas. No entanto, as estatísticas existentes demostram que as vítimas são de preferência do sexo feminino e os agressores, do sexo masculino. As crianças ou adolescentes normalmente apresentam sinais de que algo anormal está acontecendo, a mudança repentina de comportamento pode ser indício de que ela está vivendo em situação de abuso sexual. São mais fáceis de perceber os sinais físicos da violência, do que os emocionais, sinais isolados podem não ter significância, mas é preciso ficar atento. A família, a escola e a comunidade têm um papel muito importante na observação de alterações comportamentais da criança e do adolescente, como por exemplo: conduta sedutora, relato de agressões sexuais, aversão ao contato físico, comportamento incompatível com a idade, fuga de casa, depressão crônica e tentativa de suicídio. A educação em saúde é uma importante ferramenta no processo de conscientização individual e coletiva de responsabilidade e direitos à saúde e não tem como propósito somente informar para a saúde, mas sim transformar saberes existente. A prática educativa, nessa perspectiva, visa o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade dos indivíduos no cuidado com a saúde, contudo não mais pela obrigação de um saber técnico-científico dominado pelo profissional de saúde, mas sim pelo desenvolvimento da compreensão da situação de saúde. É necessário perceber que educar é mais do que apenas informar; é pensar a partir da reunião de histórias de vida do cidadão, em que haja direcionamento para a reflexão das necessidades, ou não, de mudanças na trajetória dessas vidas. O intuito da ação educativa é desenvolver a capacidade de julgamento crítico do indivíduo e do grupo, para estabelecer ações conjuntas para resolver problemas e modificar situações de sua realidade; de organizar e executar a ação, e de avaliá-la com espírito crítico. Logo, desenvolver atividades educativas que discutam a violência sexual é imprescindível, principalmente para crianças e adolescentes, pois é nessa faixa etária que os abusos geralmente acontecem. Crianças e adolescentes que participam de ações de prevenção sobre violência sexual são sensibilizados e consequentemente desenvolvem autodefesa. O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos em ação educativa desenvolvida com o intuito de compartilhar e enriquecer o conhecimento de adolescentes acerca da violência sexual. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicos do 3º semestre de Enfermagem da Universidade Federal do Pará, durante as aulas práticas da atividade curricular Processos Educativos em Enfermagem I desenvolvidas em uma ONG da periferia de Belém-PA, no 3º bimestre de 2017. Os sujeitos foram crianças e adolescentes de 8 a 14 anos de idade. A estratégia educativa abrangeu dramatização, utilização de recursos audiovisuais (TV e vídeos sobre o tema) e dinâmica de perguntas e respostas. A dramatização apresentou a relação de um homem de 46 anos de idade com uma garota de 13 anos, abordando práticas abusivas na internet relativas à violência sexual, a fim de sensibilizar e estimular o público a refletir sobre os riscos a que estão expostos nas redes sociais. Em seguida apresentou-se um vídeo com reflexões sobre a violência sexual intrafamiliar e extrafamiliar. Logo após, foi realizada uma dinâmica com balões contendo perguntas para instiga-los a comentar sobre o tema e esclarecer dúvidas. No término de cada etapa da ação educativa houve discussões sobre particularidades da temática e conversa entre público e discentes. RESULTADOS: A ação educativa foi participativa e avaliada positivamente. Percebeu-se que as algumas crianças e adolescentes apresentavam conhecimento prévio sobre o assunto, expostos com relatos de casos e comentários pertinentes sobre o tema. Foi possível perceber, ainda, que o público aceitou bem a atividade proposta, participando ativamente em todos os momentos. Avalia-se que o objetivo da ação foi alcançado, visto que, durante todo o processo educativo o público discutiu a temática e consequentemente ampliou seu conhecimento e compartilharam  experiências, o que também instigava outros à participarem tornando- os multiplicadores dessas relevantes informações sobre violência sexual. É importante ressaltar a quantidade de discursos que houve onde citaram-se que os fatos haviam acontecido, porém, nada foi registrado. Uma questão de saúde pública com problemas de registros e notificações e da omissão demonstrada pelo silêncio de muitos. Desta maneira reafirma-se a fundamental importância da escola, dos profissionais de saúde da atenção básica, pais e familiares na escuta ativa das crianças e adolescentes, queixas e os sinais já observados, é válido que tais queixas possam ser investigadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considera-se que desenvolver processos educativos inovadores, de maneira interativa, que estimulem a participação ativa do público, seja ferramenta fundamental para assegurar ações preventivas contra o abuso e/ou exploração sexual de crianças e adolescentes. A violência sexual merece maior atenção por parte de toda sociedade, ressaltando, aqui, a importância do profissional de saúde, como responsável, junto à família e comunidade, em desenvolver medidas de prevenção, por meio da realização de campanhas e ações educativas. Para que possamos efetivamente proteger crianças e jovens vítima de violência sexual intra e extra familiar, é necessário investir em novas alternativas, a equipe de Enfermagem por sua vez deve engajar-se na melhoria da qualidade dos serviços de saúde, a fim de colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. Dessa forma, resgata seu amplo e sério compromisso social, político e moral no que discerne à sua práxis profissional. Cada indivíduo seja ele um simples cidadão desempregado, um profissional de saúde ou de justiça é responsável de alguma modo pelas crianças e adolescentes em situação de violência ou não, já que estas tem o direito à vida e à saúde de forma integral, sendo papel de toda sociedade criar condições adequadas para que isso ocorra.


Palavras-chave


Violência Sexual; Educação em Saúde; Enfermagem