Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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As redes vivas no trabalho dos catadores e catadoras de resíduos sólidos no município de Manaus/AM.
Denise Rodrigues Amorim de Araújo, Julio Cesar Schweickardt

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


Quem são estes que perambulam nas ruas - faça chuva, faça sol - catando latas, papelão, embalagens plásticas e quaisquer outros objetos que carreguem algum valor, os restos desprezados por um exército sem número de consumidores ávidos pelo novo, pelo estético, pelo moderno e descartável? Que redes vivas estes sujeitos acessam na luta pela sobrevivência e reconhecimento social? Que singularidades os catadores e catadoras de resíduos revelam no seu caminhar diário nas ruas da Zona Leste de Manaus e como a organização política em torno de uma Associação de Catadores (as) pode afetar suas identidades e processos de trabalho? O que esta atividade tem a dizer à saúde coletiva? Estas são algumas questões que nortearam a pesquisa que tem como objeto de investigação as redes vivas no trabalho dos catadores e catadoras de resíduos sólidos ligados a uma Associação de Catadores (as), organizados em torno do Movimento Nacional dos Catadores de Resíduos Sólidos – MNCR. O desenvolvimento deste estudo, a partir do estabelecimento de vínculo com os catadores, permitiu acompanhar o cotidiano de trabalho e de vida, conhecer as motivações e desafios da organização política destes atores, mapear as redes vivas construídas a partir do cotidiano do trabalho, permitindo a análise da rede social de agenciamento e encontros. Caminhar neste território possibilitou discutir a identidade e trabalho na relação com a produção de redes vivas e os aprendizados desta vivência a partir dos olhares da Saúde Coletiva. Trata-se de uma pesquisa social e qualitativa. Para os objetivos iniciais desse estudo precisávamos de uma caixa de ferramentas que nos permitisse abrir diálogo no cotidiano dos sujeitos da pesquisa, permitindo acompanhar o movimento nômade dos catadores e catadoras exigido pelo próprio exercício do trabalho nas ruas e no território. E como acompanhar processos do que é movente pela própria natureza? Que instrumental utilizar para a construção de vínculos, a aproximação ética, parceira e implicada com o coletivo? Que abordagem metodológica possibilitaria a visão do território a partir dos próprios (as) catadores (as) de modo a ampliar a observação das produções de suas redes e conexões, vida e trabalho? Abertos ao encontro e as implicações no movimento, utilizamos a Cartografia. A opção metodológica adotada pressupõe a implicação na realidade dos sujeitos pesquisados e carrega a possibilidade de ampliar as produções de vida porque parte do princípio do território visto pelos sujeitos. Esta pesquisa pretende, desde o seu princípio, contribuir com o fortalecimento da organização dos catadores e catadoras enquanto movimento social e com o protagonismo destes sujeitos por estimular a problematização e a reflexão-crítica destes sujeitos sobre o próprio processo de trabalho a partir de suas realidades. Também busca colaborar com o resgate da cidadania, a inclusão sócio produtiva, o estímulo à participação social, bem como, subsidiar atuais e futuras políticas públicas no campo da Saúde Coletiva.


Palavras-chave


Redes Sociais; Identidade; Trabalho e Saúde; Saúde Coletiva