Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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Contribuições De Um Projeto Extensionista Para Crianças Hospitalizadas: Um Relato De Experiência
Última alteração: 2018-01-25
Resumo
Introdução: É inegável que crianças não são adultos em miniatura, diferente disso são indivíduos especiais com mentes, corpos e necessidades únicas. Ao serem hospitalizadas, ocorre uma transformação repentina de toda a rotina em que estão inseridas. Naturalmente, a ansiedade e o estresse são consequências do distanciamento do seu lar, de seus pertences, e de seus familiares, já que a hospitalização também traz consigo a percepção da fragilidade, o desconforto da dor, e acentuadamente para as crianças, o medo da morte. Dessa forma, o brincar na instituição hospitalar vem ocupando um papel importante no que se refere ao processo de humanização da assistência, além de estar ganhando espaço significante no estudo da hospitalização infantil. O Estatuto da Criança e do Adolescente no seu art. 11 destaca que por intermédio do Sistema Único de Saúde, é assegurado o acesso integral às linhas de cuidado voltados à saúde da criança e do adolescente. Diante disso, o enfermeiro possui autonomia e competência suficientes para prestar cuidado integral e humanizado, visando de acordo com a teoria de Peplau a relação enfermeiro-cliente, observando que o cliente é um individuo com uma necessidade, e a enfermagem é um processo interpessoal e terapêutico. Ante o exposto, a criança, como ser singular, necessita da enfermagem no seu mais intrínseco papel. Nesse sentido e apercebendo-se a importância dos projetos extensionistas nesse contexto de hospitalização da criança, o projeto de extensão Terapia Intensiva da Alegria (TIA), vem como eixo para fomentar este papel. Objetivo: Relatar as contribuições de um projeto extensionista de enfermagem que desenvolve ações lúdico-terapêuticas para crianças hospitalizadas. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência a partir de vivências no desenvolvimento de ações lúdico-terapêuticas para crianças hospitalizadas, que ocorreu de agosto a dezembro de 2017, no Projeto de Extensão Terapia Intensiva da Alegria (TIA), do curso de Bacharel em Enfermagem, do Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM/ULBRA. O Projeto apresenta-se em hospitais públicos e privados, da cidade de Manaus-AM, e utiliza de brincadeiras e musicoterapia, além de incentivar aos seus membros a busca pela cientificidade das ações realizadas, considerando que o brincar e a música fazem parte de um método eficaz, que contribui verdadeiramente para a recuperação da criança. Resultados: Durante o segundo semestre do ano de 2017 o Projeto de Extensão Terapia Intensiva da Alegria (TIA) apresentou-se em hospitais públicos e privados da cidade de Manaus. Tendo em vista, que a Universidade tem por objetivo fomentar projetos e programas de extensão, e, por conseguinte a extensão universitária é a ação junto à comunidade externa, possibilitando o compartilhamento do conhecimento adquirido, nesses cinco meses foram vivenciadas experiências significativas, que foram de encontro com conhecimentos adquiridos na academia. Muito além disso, a prática de atividades extracurriculares que não dizem respeito apenas à assistência de técnicas e procedimentos dentro do ambiente hospitalar, possibilita a visão de um universo bastante diferente do que se esta acostumado. As brincadeiras e a musicoterapia no contexto hospitalar se mostram como instrumento de intervenção utilizado como forma da criança construir estratégias de enfrentamento em relação à doença, hospitalização, comunicação e resolução de conflitos. Além dessa perspectiva, e percebendo que a experiência que permeia a hospitalização produz sentimentos estressantes não apenas à criança, mas significativamente também a família, o projeto contribuiu assim nos mais amplos aspectos. O mais relevante e singular, não foi trabalhar o que elas estão impedidas de fazer porque estão doentes e, sim, o que elas podem fazer mesmo estando doentes. É perceptível que brincar e cantar faz-se ganhar vida e a doença torna-se apenas papel de fundo nesse cenário, sem grande significância no momento da brincadeira. O lúdico é peça essencial para a desmistificação da doença pela criança e a música é sem dúvidas a protagonista nessa função. Através da música e utilizando-se de todos os seus elementos – ritmo, som, melodia, timbres e harmonia – os membros do projeto criaram paródias e buscaram levar alegria, de forma criativa e dinâmica. Entende-se dessa maneira que quando se unem as canções às crianças, o objetivo é proporcionar um retorno ao ambiente aconchegante de casa, além de promover o desenvolvimento psicomotor, a expressão de sentimentos e a sensação evidente de ser criança, de brincar e gastar energia. Percebeu-se que através de um relacionamento seguro e construtivo é possível uma atuação adequada da enfermagem, que permitindo a participação do projeto dentro do ambiente hospitalar possibilitou uma vasta gama de experiências aos seus pequenos pacientes e seus familiares. Também foi perceptível que mesmo se tratando de crianças com alguma limitação física ou motora, o brincar não possui limitação, visto que pode ser empregado no próprio leito respeitando a condição da criança e seu estado de saúde. Dessa maneira, não há impedimentos em utilizar o brincar e a musicoterapia, mas sim respeito às limitações que a criança apresenta no momento. É palpável que dentre os vários sentimentos que podem ser presenciados ao participar de um projeto de extensão que potencializa o brincar e a musicoterapia, o que mais se sobressai certamente é a gratidão, e este vem através do sorriso e olhar atento de cada criança, que por determinado momento esquece a experiência fatigante e estressante que é a hospitalização. Considerações Finais: Notoriamente, o brincar é direito da criança, devendo fazer parte da sua rotina de vida, pois proporciona lazer e distração, bem como a interação nos ambientes onde se realizam tais ações. Diante da realidade vivenciada nos cenários onde as crianças estão inseridas, foi possível evidenciar a marginalização das atividades lúdico-terapêuticas. Acredita-se assim que o Projeto TIA fomenta grandes possiblidades de se fazer cumprir esse direito. Visto que a literatura emprega ao brincar no hospital expressiva relevância e devido aos seus benefícios, torna-se importante também compreender a sua utilização no espaço hospitalar, e o que particulariza a intervenção da enfermagem, relacionando com as outras áreas profissionais da saúde, que também utilizam o brincar como recurso terapêutico indispensável para o tratamento da criança em sofrimento. Assim sendo, é neste cenário que a enfermagem precisa se inserir de maneira a tornar o mais agradável possível a estadia da criança no hospital, sensibilizando-se para captar as suas reais necessidades, com a maior paciência possível. Uma maneira de tornar isto factível é permitindo a projetos extensionistas como o TIA a realização de atividades lúdico-terapêuticas com as crianças internadas, visando uma melhor recuperação das mesmas.
Palavras-chave
Criança. Criança Hospitalizada. Brincar e Musicoterapia.