Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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TUBERCULOSE NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Vivianne Brandt Pereira Brasil, Tereza Cristina de Araújo Ramos, Ana Carolina Scarpel Mocaio

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


RESUMO – APRESENTAÇÃO: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa grave que acompanha a humanidade há milênios, e a Organização Mundial da Saúde, em suas publicações mais recentes, tem chamado atenção para a negligência crônica da doença na faixa pediátrica. E, mesmo sendo responsável por uma porcentagem alta na notificação de casos, a tuberculose infantil é negligenciada também no Brasil. O foco do Programa Nacional de Controle da Tuberculose é a identificação da tuberculose em adultos, deixando os menores de 15 anos à margem dos estudos, diagnóstico e tratamento. E sendo a forma pulmonar a apresentação clinica mais frequente da doença que independe da faixa etária; aquela cujo baciloscópia positiva é responsável pela transmissibilidade da doença. A propagação do bacilo da tuberculose ocorre por meio de gotículas aerolizadas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose pulmonar bacilífero ao tossir, espirrar ou falar e, entre as medidas tomadas para o controle da doença encontra-se a prevenção, o diagnostico precoce e o tratamento correto dos doentes. As crianças e adolescentes diagnosticados com tuberculose frequentemente apresentam uma sintomatologia mais grave que em adultos, pois a identificação do agente por meio de bacterioscopia e cultura de escarro são prejudicadas pela dificuldade técnica em se obter material de adolescentes e principalmente crianças por meio de expectoração e também pelas lesões não cavitárias nos pulmões serem pouco baciléferas. Dificuldades de diagnóstico, situação socioeconômica desfavorável e precariedade de informação e de acesso a serviços de saúde são fatores que envolvem frequentemente a tuberculose nessa faixa etária, tornando as crianças e adolescentes mais susceptíveis a um tratamento inadequado ou até mesmo repetidamente vitimas de infecção por tuberculose. O presente trabalho tem por objetivo analisar a literatura científica nacional e internacional, cujo foco seja a identificação e controle da tuberculose infanto-juvenil no contexto brasileiro. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: trata-se de uma revisão integrativa, a qual foi pautada em seis fases: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, amostragens e busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e  categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; e, apresentação da revisão e síntese do conhecimento. A questão que norteou a busca foi “o que tem sido produzido no meio científico na identificação e controle da tuberculose em crianças e adolescentes até 18 anos no Brasil na última década?” As buscas foram realizadas na base de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), com o auxílio de descritores cadastrados no Descritores em Ciências da Saúde (DECS) da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), tuberculose, criança, adolescente e Brasil, tendo como critério de inclusão artigos no idioma português e inglês, artigos originais disponibilizados online, entre os anos de 2007 a 2017. Foram excluídos artigos científicos sobre coinfecção da tuberculose/HIV em crianças e adolescentes no Brasil, manuais, dissertações e teses. RESULTADOS E/OU IMPACTO: Foram identificados 25 artigos, aos quais foram organizados nas seguintes categorias “A”, “B”, “C”, onde “A” reúne artigos que abordam a tuberculose no contexto saúde da família, onde é evidenciada a percepção, assim como o conhecimento sobre a doença e o sentimento da família durante o processo saúde/doença da criança e do adolescente, “B” contem artigos que tratam da prevenção e controle, bem como a dificuldade na identificação da doença em pacientes devido à situação socioeconômica, situação de vulnerabilidade e dependência de crianças e adolescentes até 18 anos, “C” que engloba os artigos que abordam o aspecto epidemiológico da doença no território brasileiro, desde a atenção primária como a cobertura vacinal até a incidência registrada em crianças e adolescentes. Os resultados demonstraram que a complexidade na identificação da Tuberculose em crianças e adolescentes se dar devido à dificuldade em correlacionar os sintomas em adultos com os sintomas infanto-juvenis que ocorre de maneira diferenciada nessas faixas etárias. A situação socioeconômica e a falta de conhecimento técnico da população com relação à tuberculose infanto-juvenil agrava a situação, levando a uma detecção tardia do diagnostico. A piora do nível socioeconômico, com aumento da desnutrição, intimamente relacionado à tuberculose, tenha sido um fator causal para o aumento da morbimortalidade da tuberculose na faixa pediátrica. Outros certamente contribuíram, como a deterioração do serviço público de saúde, com falha na distribuição de drogas antituberculosas e falta de pessoal treinado para o diagnóstico, notificação e acompanhamento do paciente tuberculoso, principalmente pediátrico. A prevenção da tuberculose baseia-se na imunização com a vacina BCG (elaborada a partir do bacilo de Calmette e Guérin - BCG) e no tratamento da infecção latente por tuberculose ou tratamento preventivo com medicação específica. Porém não se deve desprezar a dificuldade de tratamento que em muitas vezes é prejudicada pela adoção de diversas práticas realizadas no contexto familiar por razões de crença religiosa ou cultural da população, como é o caso da população indígena, porém não isolado, que fazem uso dessas práticas para a cura ou prevenção de doenças, mesmo antes da procura pelos serviços de saúde. A diversidade cultural da sociedade brasileira, da qual participam elementos da cultura indígena nativa e valores trazidos pelos colonizadores, propicia a adoção de diversas práticas realizadas baseadas no conhecimento empírico da população. Pode-se dizer que, portanto o desafio é realizar a promoção em saúde no combate a Tuberculose em crianças e adolescentes, além de coordenar cuidados terapêuticos específicos, sem desprezar a detecção precoce de agentes responsáveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É de grande relevância encontrar estudos e pesquisas científicas que direcionam para o controle e na promoção da educação em saúde com o tema tuberculose direcionada para crianças e adolescentes, no entanto poucos são os achados científicos atualizados que são direcionados para a atenção da saúde da criança e do adolescente, mesmo que esta seja uma população que se encontra na zona de perigo da infecção da tuberculose. A falta de conhecimento da gravidade da doença por membros da família também é um fator prejudicador e corrobora para o crescente índice de casos de crianças e adolescentes com tuberculose.


Palavras-chave


Tuberculose; Criança; Humanos; Serviços de Saúde da Criança; Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde; Controle;Prevenção; Educação; Dificuldade sócio - econômica.