Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-27
Resumo
A educação popular tem se constituído como campo de saber cada vez mais importante no ensino do curso de enfermagem da Universidade Estadual do Ceará. A ideia assumida por Freire(2010) vai reforçar o movimento libertário e autonomizador de sujeitos, portanto fonte de inacabamentos e ao mesmo tempo de libertação tão necessário para quem assume como ação prioritária o cuidado, sobretudo no sistema público de saúde. Objetivamos relatar a experiência de uma prática educativa realizada num terminal de ônibus na cidade de Fortaleza. Como metodologia adotamos o relato de experiência. Participaram desse, 10 acadêmicos de Enfermagem que estavam cursando no primeiro semestre de 2017 a disciplina optativa Educação Popular e Saúde e a professora. A ideia foi vivenciar num território onde a população está cotidianamente a implementação dos princípios da educação popular numa prática educativa coletiva. Num primeiro momento passamos a escolha do tema, como estávamos na última sexta de setembro, escolhemos o tema da prevenção ao câncer de mama. Os acadêmicos se debruçaram sobre a temática e ao se apropriar construíram folder que levaram no dia de partilha. Fizemos uma simulação da vivência pensando na fila do terminal e no tempo de espera por isso pensou-se o cuidado na seleção da fila que iria se fazer ao chegar ao terminal. Também pensou-se que como prática educativa iriam partir dos saberes já existentes, a problematização, e as perguntas geradoras: Vocês já ouviram falar de câncer de mama? Alguém pode falar algo? Já ouviram falar no auto-exame das mamas? Com uma participação ativa, muitas mulheres foram comentando, desde a importância do auto exame até suas experiências de cânceres em si ou em familiar. E aos poucos, com diálogo e amorosidade a prática ia se concretizando, co-gestão de saberes, compartilhamento. Resultados: Sentiram-se motivados e foram fazendo rodas bem aquecidas com a participação, sobretudo de mulheres. Os acadêmicos perceberam além da potencia das falas das mulheres que já articulavam muitos saberes, também as suas potencias e necessidades, disponibilidade para escutar, isso produzindo inclusive seu fortalecimento diante das outras pessoas tão disponíveis para se exporem. Eles inicialmente, acreditavam que não ia dá certo, mas com a cumplicidade de seus pares e a vocalização das mulheres que estavam ali aprenderam como é Possível aprender-aprender. Considerações finais: Salienta-se a importância do deslocamento de territórios, fazer essa vivência num dia de aula os fez perceber o papel social da universidade na produção e aplicação de conhecimento na e com a comunidade. Como compartilharam ensinaram e aprenderam, se surpreenderam e expressaram o quanto se sentiam motivados a retornar. Perceberam a fortaleza que desenvolveram por estarem em grupo e numa atitude de cuidado preocuparam-se e planejaram esse momento mas também, que haverá sempre um movimento de superação de todos presentes nas rodas para as dificuldades evidenciadas, que no caso foram desde o barulho a vizinha lembrando a importância da outra ir ao posto buscar a prevenção. Muitos aprendizados em tantas partilhas.