Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OFICINA TERAPÊUTICA COMO INSTRUMENTO DE RESILIÊNCIA NOS CONFLITOS INERENTES A SAÚDE MENTAL: um relato de experiência.
Anderson Júnior dos Santos Aragão, Karina Faine da Silva Freitas, Cristiane Barbosa da Cruz, Joyce Gama Souza, Nazaré do Socorro Oliveira Afonso, Yanka Macapuna Fontel

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Apresentação: A atenção psicossocial direciona suas ações para a construção da cidadania, da autoestima e da interação do indivíduo com a sociedade. Nesta realidade, a reprodução social do sujeito em sofrimento psíquico perpassa a prática clínica e constitui um processo complexo. Nesse sentido, o desenvolvimento das abordagens terapêuticas no trabalho em saúde mental ocorre com proposito a melhorar o enfrentamento do transtorno psíquico, sendo as oficinas terapêuticas um instrumento importante de ressocialização e inserção individual em grupos, visto que propõe o trabalho, o agir e o pensar em grupo, conferidos por uma lógica inerente ao paradigma psicossocial que é respeitar a diversidade, a subjetividade e a capacidade de cada sujeito. Nesse panorama atual um dos integrantes da Rede de Atenção Psicossocial são o Centros de Atenção Psicossocial que possuem como alicerce modulador a seu funcionamento o objetivo de promover a reinserção do portador de transtornos mentais na sociedade por meio da criação de estratégias para a efetivação de ações e métodos terapêuticos que visam resgatar ou proporcionar autonomia dos usuário ao meio em que vivem, por meio por exemplo da criação de grupos terapêuticos que é uma forma de criar meios e situações que possibilitam as trocas dialógicas e o compartilhamento de experiências resultando na melhoria da adaptação do modo de vida individual e coletivo, melhorando o enfrentamento mediante a situações conflitantes. Desse modo, este trabalho visa relatar a experiência de acadêmicos da Universidade Federal do Pará, durante uma oficina terapêutica realizada na prática de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria. Oficina terapêutica que teve por objetivos melhorar a interação grupal através do diálogo, estimular as habilidades manuais, corporais e motoras por meio da fabricação de um porta-retratos artesanal, além de proporcionar a externalização de sentimentos e conflitos através da pintura, a qual proporcionou aos participantes o pleno exercício da cidadania, adquirindo dentro do grupo terapêutico novas relações sociais, respeitando as diferenças e singularidades de cada usuário. Desenvolvimento do trabalho: A atividade terapêutica foi realizada no mês de marco de 2017 em um Cento de Atenção Psicossocial III localizado no Município de Belém, Estado do Pará. No transcorrer da oficina foram confeccionados porta-retratos em uma atividade alusiva ao dia Internacional da mulher. Participaram da oficina 13 usuárias do Cento de Atenção Psicossocial em questão que no plano terapêutico participavam de oficinas que trabalhavam com obras manuais. Os materiais utilizados foram: pincéis; palitos de picolé; cola de silicone; régua; tinta guache; cola glitter; e imagem alusiva ao dia da mulher, sendo que os materiais utilizados foram levados pelos discentes. Didaticamente, a atividade foi dividida em momentos: inicialmente os discentes foram apresentados às usuárias e fizeram um breve comentário ressaltando a importância do dia internacional da mulher enfatizando as conquistas históricas e os desafios atuais.  Posteriormente explicou-se o propósito e objetivos da oficina, bem como o passo-a-passo da confecção dos porta-retratos. Subsequentemente iniciou-se a montagem do porta retrato, sendo entregues kits as usuárias com os materiais que seriam necessários na atividade.  Nesse momento vale ressaltar que enquanto um discente explicava o passo- a-passo da atividade os outros discentes ajudavam as usuárias com maior dificuldade na execução ou no entendimento do que estava sendo proposto. Um exemplo da dificuldade encontrada ocorreu no uso da régua para fazer as dimensões do porta retrato, bem como na colagem dos palitos seguindo a quantificação medida, trabalhando a coordenação motora dos usuários. Após a montagem do armação do porta retrato bem como da base do mesmo seguiu-se para o momento da oficina terapêutica a qual os envolvidos tiveram a oportunidade de se expressar por meio da pintura do seu porta retrato, isso segundo suas escolhas, gostos e preferencias, sendo que após a secagem algumas usuárias utilizaram a cola glitter para dar mais brilho ao porta retrato, finalizando a oficina por meio da escolha de imagens com mensagens alusivas ao dia internacional  da mulher que foram inseridas em sua obra de arte. Resultados: A oficina realizada configurou-se como uma importante estratégia no que tange o cuidado e reabilitação biopsicossocial dos usuários do Cento de Atenção Psicossocial visando sua autonomia e reinserção social, visto que proporcionou por meio de uma confecção artesanal trabalhar o desenvolvimento motor, intelectual, social e artístico dos clientes envolvidos na atividade. Nesse proposito vale enfatizar que o desenvolvimento de oficinas terapêuticas no Cento de Atenção Psicossocial possibilita a projeção de conflitos internos e externos por meio de atividades artísticas, com a valorização do potencial criativo, imaginativo e expressivo do usuário, além do fortalecimento da autoestima e da autoconfiança, a miscigenação de saberes e a expressão da subjetividade. No decorrer da atividade terapêutica foi notório e satisfatório o envolvimento e participação dos usuários que viam a atividade proposta como uma oportunidade de troca de experiencias, aprendizados e valores, aos quais os usuários com maior comprometimento da coordenação motora fina (evidenciada por solavancos musculares) e da acuidade visual recebiam auxilio na execução de etapas aos quais julgavam incapaz de realizar, apoio este vindo tanto por parte dos instrutores quanto por parte dos próprios colegas em um sistema de ajuda e incentivo mutuo que resultou em um maior enfrentamento das limitações físicas e cognitivas de cada envolvido, sendo que presenciar e ser agente atuante nessa interação, conquista e vitória de cada envolvido é algo que nos marca, que nos cativa e faz-nos refletir sobre a subjetividade de nossas vidas bem como a nossa relevância como futuros profissionais de saúde. Considerações finais: Através dessa experiência enriquecedora, pode-se perceber a importância das oficinas terapêuticas no cuidado aos usuários com transtorno mentas, na medida em que essas atividades possibilitam sua adesão ao tratamento e consequentemente, proporcionam melhor qualidade de vida. Além disso, podemos nos sensibilizar que as oficinas terapêuticas são um instrumento importante de ressocialização e inserção dos usuários, visto que propõe o trabalho, o fazer e o pensar coletivos, sobretudo, respeitando a diversidade, a subjetividade e a capacidade de cada indivíduo. Como futuros profissionais de saúde a atividade em questão possui grande relevância no que tange nossa formação acadêmica e de vida, pois nos possibilitou refletir a cerca na definição de saúde no aspecto biológico, psicológico e social, compreendendo a correlação e interdependência desses fatores no que concerne o estado de saúde ou de doença de um indivíduos, isso por meio de uma visão holística, crítica, reflexiva e isenta de julgamento de valores e preceitos equivocados de princípios de vida.

 


Palavras-chave


Saúde Mental; Oficina Terapêutica; Enfermagem.