Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Dificuldades de pessoas com Tuberculose em Tratamento Diretamente Observado: Percepção de Profissionais de Saúde
Viviane Santana Andrade

Última alteração: 2018-01-15

Resumo


Apresentação: O Tratamento Diretamente Observado (TDO) é uma ação importante para o controle da Tuberculose (TB), problema de saúde pública preocupante no Amazonas nas últimas décadas. Consiste na observação da ingesta do medicamento por um profissional de saúde, podendo ser realizado na casa da pessoa adoecida ou na unidade de saúde. Apesar de ser considerado uma tecnologia leve com execução relativamente simples, o TDO tem enfrentado dificuldades na sua operacionalização, o que o fragiliza, enquanto estratégia de controle da TB. Objetivo: O objetivo deste estudo é analisar as dificuldades de pessoas com TB em TDO segundo a percepção dos profissionais de saúde. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo qualitativo realizado com 7 enfermeiros e 4 agentes comunitários de saúde de cinco municípios (Parintins, Itacoatiara, Manacapuru, Tabatinga e Tefé) prioritários para o controle da TB no interior do Amazonas. A coleta de dados foi realizada nos meses de janeiro a abril de 2016. As entrevistas foram realizadas individualmente, com duração em média de 25 minutos, sendo gravadas em áudio por meio de um gravador digital, sendo norteada pela seguinte questão: Quais as dificuldades enfrentadas pela pessoa com TB e pelo serviço de saúde em relação ao TDO? As entrevistas foram transcritas e analisadas por meio da análise de discurso de matriz francesa. Resultados: Dos resultados emergiram os seguintes blocos discursivos: dificuldade socioeconômica, uso de álcool e drogas e duração prolongada do tratamento. O discurso dos profissionais de saúde dos municípios de Itacoatiara (...é muito pouco o salário que eles  ganham, são pessoas bem carentes mesmo e eles precisam trabalhar - E1 – município de Itacoatiara), Parintins (realmente tem necessidade financeira... E4 – município de Parintins) e Tabatinga (O paciente começa fazer o tratamento, aí começa ter aqueles problemas que a gente até falou que é a respeito de alimentação, condição financeira - ACS 3 – município de Tabatinga) apresentaram em comum a percepção das dificuldades socioeconômicas que permeiam a vida da pessoa com TB, revelando disparidades nas ações de enfrentamento, pois enquanto alguns municípios, como  Parintins, ofertam cesta básica e vale transporte à pessoa adoecida, outros municípios, como Tabatinga, não há nenhum apoio social. Outras dificuldades identificadas no discurso dos profissionais estão relacionadas ao uso de drogas e álcool (as meninas (ACS) tiveram que se adequar, porque ele era um paciente alcoólatra – E6 – município de Tefé), bem como, dificuldades relacionadas a própria duração do tratamento (É... outra coisa também, o tempo... porque são seis meses, o tempo de duração do tratamento - E2 – município de Manacapuru). Considerações finais: Dessa forma, os aspectos abordados trazem à tona um dos pilares da atual estratégia de controle da TB End TB “cuidado centrado no doente”, o qual enfatiza a importância de avaliar sistematicamente e responder às necessidades e expectativas das pessoas adoecidas, o que se constitui em principal desafio em serviços em que ainda predomina a doença como centro do cuidado.