Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Projeto EDUCA-ART SAÚDE promovendo saúde e apoio às mulheres da Casa Rosa através da arteterapia
Jéssica Naiara Silva Vieira, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Fabiana Santarém Duarte, Rebeka Santos da Fonseca, Suan Kell dos Santos Lopes, Ana Eliza Ferreira Pinto, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Apresentação: A “Casa Rosa” trata-se de uma casa de apoio para as mulheres que estão passando pela fase de tratamento do câncer, ela hospeda mulheres de diferentes regiões, próximas ao município de Santarém-Pará, que estejam fazendo tratamento de câncer em um hospital de média e alta complexidade localizado no município. Como algumas mulheres não tem onde se hospedarem devido serem de comunidades ribeirinhas ou de locais mais afastados, a Casa Rosa é uma ótima proposta para fazer esse processo de acolhimento. Nesse local elas recebem todos os cuidados necessários, desde alimentação a oficinas terapêuticas. A arteterapia alicerçada ao cuidado das mulheres com câncer auxilia em um maior contato com o próximo, a ampliação da habilidade de se expressar, bem como, do valor e do re-valor da vivência por meio do contato com o processo criativo. Outro ponto importante, é a obtenção de atitudes mais ativas e pró-ativas frente as dificuldades enfrentadas na vida. A Casa Rosa conta com a ajuda da Associação “Amigos do Peito”, patrocinadores e voluntariados, todos com o objetivo de promover conforto e ajudar no processo de tratamento oncológico dessas mulheres. Para um município amazônico, como Santarém, rodeado de regiões ribeirinhas, no qual os ribeirinhos quando necessitam ir a cidade hospedam-se em barcos da linha, ter uma casa de apoio como essa a quem necessita, é de elevada importância e relevância. Desenvolvimento do trabalho: Trata – se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, ocorrido com as pacientes que estavam na Casa Rosa “Associação Amigos do Peito”, no dia 11 de março de 2017. Foi realizado ação de arteterapia por meio do projeto EDUCA-ART Saúde, em Santarém – Pará. Os materiais utilizados para desenvolver as atividades foram: papéis A4, lápis de cor, giz de cera, canetinha colorida, espelho, linhas coloridas, tesoura, missangas, argolas com correntes para chaveiro e palitos. O projeto trabalhou com as mulheres e acompanhantes que estavam hospedadas na casa nesse dia, foi proposto primeiro uma atividade “dinâmica do espelho”, na qual as mulheres deveriam se olhar no espelho e desenhar ou escrever como elas se viam, o grupo deixou livre para elas escreverem o que quisessem, seus sonhos, objetivos, suas histórias. Alguns dias anteriores o grupo confeccionou um painel para que tudo que fosse registrado pelas mulheres pudesse ser exposto, para as outras que se hospedassem futuramente, poderiam conhecer um pouco da história de cada uma. Outra técnica apresentada às mulheres foi a confecção da mandala, utilizando-se de linhas coloridas, palitos, missangas para enfeitar e argolas com correntes para confecção de chaveiro com a mandala. A mandala foi outra técnica utilizada, sabe-se que mandala têm como significado “círculo” e que esta tem um perfil geométrico, representando um dinamismo na relação entre o homem e os cosmos. Diferentes mandalas despertam diferentes sensações. Utilizar a subjetividade com as mulheres com câncer, desperta nelas tanto os benefícios da arteterapia, como o acreditar em algo divino. Resultados e/ou impactos: Durante a realização das atividades, algumas mulheres sentiram dificuldades para efetuar o que foi proposto, devido estarem se sentindo indispostas ou fracas, as integrantes do grupo auxiliaram-nas para que todas pudessem participar das dinâmicas. Algumas mulheres choraram ao fazer a dinâmica do espelho, e as participantes do projeto prestaram auxílio através da conversa, deixando-as a vontade para que pudessem desabafar, e iam registrando no papel tudo que as mulheres pediam. As acompanhantes também participaram na produção das mandadas, aquelas mulheres que não conseguiram confeccionar, as voluntárias do projeto montaram para elas, deixando que elas escolhessem as cores dos fios e as decorações. A escolha da cor do fio exprime muitas vezes a subjetividade das mulheres, visto que é disposto na mesa fios de diversas cores, dos tons mais escuros aos mais claros.  As terapias propiciaram um momento descontraído e relaxante para as mulheres, assim como, as aproximou de atividades antes realizadas por elas. As mesmas relataram da importância de ocorrer projetos como esse, visto que muitas vezes se leva mais em conta somente o tratamento efetuado dentro dos hospitais e o em domicilio, o interior e subjetivo como não importante. Isso foi impactante tanto para elas quanto para as acadêmicas, futuras profissionais de saúde. A atividade foi bem aceita por todas, apesar de algumas sentirem dificuldades devido ao seu estado físico, algumas mostram muito entusiasmo por aprender uma técnica nova de artesanato. As técnicas terapêuticas que foram propostas, ainda não haviam sido desenvolvidas por elas em outros momentos. De acordo com as mulheres, realizar atividades diferenciadas auxilia no ócio, visto que, atividades repetidas, as deixam mais monótonas. Considerações Finais: O tratamento do câncer é um processo que causa muito sofrimento a pessoa acometida, além dos problemas físicos causados pela doença e pelos processos de quimioterapia e radioterapia, o indivíduo fica mais fragilizado psicologicamente, precisando de apoio emocional. A proposta de levar atividades artísticas para a mulheres que estão passando por esse processo é uma ótima para que elas possam se distrair, compartilhar suas angustias, socializar e aprender algo novo. É importante enfatizar que o tratamento humanizado não começa somente dentro do ambiente hospitalar, mas também ele se faz a partir de pessoas que tem em mente a vontade de ajudar aqueles que precisam, através do trabalho voluntario, contribuindo para a o processo melhora desses individuos. O voluntariado realizado por acadêmicos da área da saúde incita-os a serem futuros profissionais mais humanizados, e com isso, permite que esses tenham um olhar e escuta mais qualificada, assim como, os aproxima do que de fato é o outro lado da terapêutica, aquele que não é realizado no hospital, mas que contribui para o avanço da terapêutica. A vivência na casa de apoio a mulheres com câncer permitiu que as mulheres pudessem realizar atividades que não fossem diretamente relacionadas ao estar doente, bem como, não enfatizou o fato de isso estar acontecendo, o que de certa forma as aproximou de aptidões que elas já tinham, mas que haviam parado para realizar o tratamento em outra localidade. Foi de grande relevância para as participantes (tanto as mulheres da casa, quanto acadêmicas) a experiência vivenciada como um todo, a bagagem de aprendizagem terapêutica, pessoal e profissional foi como um leque de futuras outras possibilidades.

Palavras-chave


Arteterapia; Promoção da Saúde; Mulheres