Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
PROJETO PEDAGÓGICO CLUBINHO DE LEITURA DO BAÚ: descrevendo experiências coletivas de educação popular em saúde junto aos jovens do sertão
Leidy Dayane Paiva de Abreu, Raimundo Augusto Martins Torres, Maria Deniza Paulino da Silva, Maria Ivanilce Pereira dos Santos, Aretha Feitosa de Araújo

Última alteração: 2018-01-11

Resumo


Apresentação: As juventudes vêm ocupando diversos espaços, como no caso das associações comunitárias juvenis, atuando com a promoção do cuidado em saúde. Esses cenários são relevantes pelas crescentes mobilizações da juventude nas associações, coletivos jovens, mas também pela amplitude de suas expressões na arte, na cultura, na leitura de mundo e na construção de novas formas de sociabilidade no campo e na cidade, nas áreas da cultura popular, da educação popular em saúde. Uma vez que a educação popular pode ser conceituada como um campo de saber onde há uma intencionalidade na relação teoria-prática, em que atores mantêm uma dinamicidade das interações mediadas pelos processos comunicacionais cuja finalidade é a transformação social, uma consciência para emancipação de sujeitos. A vivencia tem como objetivo descrever as experimentações de vida e práticas de educação popular em saúde das juventudes do projeto pedagógico “Clubinho de Leitura do Baú – CLB: narradores do sertão”. Desenvolvimento do trabalho: O traçar metodológico foi por meio de um relato de experiência em um espaço de Educação Popular Associação dos Jovens do Irajá - AJIR/ Biblioteca 21 de Abril, apresentando a experiência de um coletivo jovem por meio de expressões artísticas e culturais como desenhos, redações, música e teatro. A associação foi construída com o desejo dos jovens em implantarem uma biblioteca comunitária no distrito de Hidrolândia, conhecido como Irajá, nos anos 80. Logo a juventude fez a ocupação permanente do espaço doado pela Prefeitura e fundam a Biblioteca 21 de Abril, denominada assim, por ser criada nesta mesma data em que realizam a sua reforma e organização do espaço a qual passa a se tornar sede da associação. Neste ambiente os jovens irajaenses se reúnem até hoje para planejar e executar as atividades culturais, de leitura com a Implantação do Baú da Leitura e diálogos sobre a saúde. As atividades são realizadas pela participação ativa da pesquisadora, enfermeira, representante da AJIR, com acompanhamento pedagógico e logístico das ações de mais quatro integrantes da associação. Os atores sociais envolvidos são crianças, adolescentes e jovens, com faixa etária de 05 a 25 anos. As atividades do Baú acontecem desde 2014 até os dias atuais, com uma média de 15 participantes cadastrados. Também ocorrem visitas das escolas do município, tanto públicas estaduais e municipais, aumentado para uma faixa de 40 pessoas, quando há presença desses visitantes. As atividades de intervenção acontecem semanalmente aos sábados de 8h ás 12h na Biblioteca 21 de Abril, Irajá, distrito de Hidrolândia/CE. A escolha pelo termo jovem ou juventudes se expressa no sentido de que estes sujeitos estão imersos em contextos culturais diversos, portanto, produzindo arte e cultura mediadas pelos cotidianos de suas experimentações e vivências em grupos em território de produção de vida. A intervenção destaca as ações realizadas sobre a saúde e cultura popular do uso de plantas medicinais, das rezadeiras e parteiras da comunidade, assim como as datas comemorativas como Dia das Crianças do ano de 2017. Utilizou-se da observação sistemática e diária de campo nas ações realizadas e foram analisadas e fundamentadas no "Círculo de Cultura" de Paulo Freire. A experiência atende a Resolução nº. 466/12, CAAE: 58455116.50000.5534. Resultados e/ou impactos: Utilizamos os livros do baú na própria Associação, com diversas estratégias metodológicas. As estratégias foram definidas com apoio no "Círculo de Cultura" de Paulo Freire. Os participantes escolheram livros e em círculo e contaram experiência da leitura. Em seguida foram feitos desenhos, redações, poemas, músicas, danças e teatro sobre o tema escolhido. Posteriormente, foram apresentados em datas comemorativas, como o Dia das Crianças para os familiares e comunidade. As atividades culturais permitiram uma rica discussão sobre o significado do Dia das Crianças e das crenças populares. A liberdade dos diálogos no grupo e as expressões artísticas e culturais desenvolvidas pelas juventudes proporcionaram resultados satisfatórios, com estabelecimento de vínculos e troca de saberes acerca do tema de interesse dos jovens. Nos momentos em roda os jovens falaram de seus sonhos profissionais, realizações pessoas, a importância da família, amigos e da AJIR em suas vidas. Citaram ainda que as atividades pedagógicas realizadas na AJIR proporcionam a criação de vínculo e confiança. Os jovens tiveram a liberdade de desenhar a Associação dos Jovens de Irajá com o Baú da Leitura e o que tinha em seu entorno, além de conhecerem novos mundos através da leitura. Comentaram que estavam conhecendo a história do distrito e valorizando os patrimônios históricos cultural da comunidade, como a estrutura e história da AJIR, além do casão mais antigo do distrito, Palacete Oiticica ao lado da associação. Mencionaram ainda, em um dos momentos de leitura sobre as práticas populares, o reconehcimento das plantas medicinais, as parteiras e rezadeiras como parte de seus cotidianos de vida, citando que usam plantas medicinais para os chás e que já tiveram a oportunidade de uma reza para curar suas enfermidades. Cinco participantes citaram que nasceram em casa com a ajuda de uma parteira e que eram suas avós, logo no distrito não tem hospital, só na sede. A participação dos jovens no espaço da associação está cada vez mais efetiva, bem como eles se tornam multiplicadores do conhecimento, ou seja, eles dialogam com os colegas o que aprendem nos momentos em grupo, como também provocam a discussão dos temas no contexto familiar, levando para os pais a discutirem sobre muitas questões, tornando este ambiente de escuta, de aprendizado e de compreensão. O Círculo de Cultura incentiva e estimula à utilização e à expressão de diferentes formas de linguagem e representação da realidade.  Uma vez que a educação popular em saúde favorece a alteração de significados que os jovens constroem em suas vivências, porque promove o solidaríssimo comunitário e troca de experiência na reflexão com ação, pois o diálogo se coloca como um caminho pelo quais as pessoas ganham significação enquanto sujeitos e conquistam o mundo para a sua libertação. Considerações finais: O uso de outros espaços como a AJIR, enquanto espaço de expressão cultural e artística no campo da saúde por meio da promoção da saúde e da educação popular em saúde na formação de jovens se configura como uma abordagem inovadora e criativa, pois motiva a participação das juventudes, de forma dinâmica e interativa sobre sua saúde ao responder e retirar suas dúvidas em “perguntas” acerca do tema ligado a seus contextos de vida, deixando em evidência a experiência em campo como processo de construção coletiva de um cuidado em saúde.


Palavras-chave


jovens, saúde, cultura