Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EXPERIÊNCIA DE ENSINO E PRÁTICA COMO COMPROMISSO POLÍTICO-SOCIAL DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM NA CAPACITAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Karla Maria Carneiro Rolim, Maria Solange Nogueira dos Santos, HENRIQUETA ILDA VERGANISTA MARTINS FERNANDES, Maxwell Arouca da Silva, Brenner Kássio Ferreira de Oliveira, Hyana Kamila Ferreira de Oliveira, Patrícia dos Santos Guimarães

Última alteração: 2018-01-24

Resumo


Apresentação: No atual cenário da política de saúde brasileira a Estratégia Saúde da Família (ESF) apresenta-se como um modelo de atenção em saúde, pautado no paradigma da vigilância à saúde que busca articular a ação programática em saúde com as políticas públicas setoriais e transetoriais. Além disso, a ESF propõe uma ampliação do lócus de intervenção em saúde, incorporando na sua prática o domicílio e espaços comunitários diversos. Esse programa é composto por uma equipe multiprofissional, composta por médico, enfermeiro, dentista, técnico de Enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). Pode-se dizer que o fato de ser o ACS uma pessoa que convive com a realidade e as práticas de saúde do bairro onde mora e trabalha, e ser formado a partir de referenciais biomédicos, faz deste um ator que veicula as contradições e, ao mesmo tempo, a possibilidade de um diálogo profundo entre esses dois saberes e práticas, de forma a estabelecer uma relação de trocas entre saberes populares de saúde e saberes médicos-científicos.  Essa posição particular nos fez formular a hipótese de que o caráter híbrido e polifônico desse ator, o inscreve de forma privilegiada na dinâmica de implantação e de consolidação de um novo modelo assistencial, pois, numa posição estratégica de mediador entre a comunidade e o pessoal de saúde, ele pode funcionar como facilitador. O Ministério da Saúde (MS) define muito bem as atribuições dos ACS, das quais, duas merecem uma atenção especial quando se discute a formação desses profissionais. A primeira, afirma que os ACS devem “orientar as famílias para a utilização adequada dos serviços de saúde” e a segunda, salienta que eles devem “informar os demais membros da equipe de saúde acerca da dinâmica social da comunidade, suas disponibilidades e necessidades”. Surpreendentemente, nessas duas atribuições pode-se identificar o movimento bidirecional dos agentes, aqueles que, de um lado, informam à população “modos de fazer” estabelecidos pelo sistema médico oficial e que, de outro lado, munem os profissionais de saúde de elementos chaves para a compreensão dos problemas de saúde das famílias e das necessidades da população. Nesse sentido, o treinamento desses agentes deve fornecê-los de conhecimentos diversos em torno da questão do processo de saúde-doença, incorporando, além da perspectiva biomédica, outros saberes que o habilitem nesse processo de interação cotidiana com as famílias e no reconhecimento de suas necessidades. Tentando se lembrar de trabalhar a compreensão para serem respeitados os desejos, demandas e necessidades. Desejos e demandas seriam construções dos próprios usuários, sendo que desejos estariam ligados à percepção de problemas de saúde que gerariam a necessidade de ter acesso a um serviço de saúde, enquanto que a demanda já incluiria uma avaliação da possibilidade concreta de ter acesso a esse serviço desejado. Por outro lado, as necessidades de serviços de saúde seriam a quantidade e o tipo desses serviços, definidos pelos profissionais (médicos), para serem consumidos pela população para permanecer ou tornar-se sadia. Objetivou-se realizar oficinas de capacitação para os ACS com o intuito de esclarecê-los sobre suas atribuições no trabalho comunitário e despertar a consciência desses profissionais sobre a importância de realizar corretamente as suas atribuições no trabalho comunitário. Desenvolvimento do Trabalho: Para a capacitação dos ACS, foi necessária uma semana, durante o período vespertino, com duração de duas horas, realizado na própria sala dos ACS na Unidade Básica de Saúde (UBS), no Município de Coari no interior do Amazonas, no mês de outubro de 2016. A atividade de educação em saúde foi desenvolvida por dois acadêmicos de Enfermagem durante o estágio na disciplina de Saúde Coletiva, com uma oficina de capacitação para os ACS a fim de esclarecê-los sobre o seu papel no trabalho comunitário e elevar sua autoestima. Utilizou-se a metodologia da problematização possibilitando a participação ativa dos participantes, colocando-os, não como meros receptores, mas como fonte de conhecimentos e experiências, envolvendo-os na discussão e engajando-os na identificação dos problemas dos seus cotidianos. Foi empregada uma série de dinâmicas didático-pedagógicas (com o propósito de ser trabalhada a comunicação, cooperação, planejamento, confiança, empatia entre outros), a fim de que os ACS pudessem expressar opiniões, relatar experiências relacionadas aos temas e esclarecer dúvidas quanto a posturas a serem tomadas em determinados casos. Foram abordados: conhecimentos gerais e processos de trabalho, abordagem ACS/paciente, saúde da criança, do adolescente e do adulto, atenção à pessoa com deficiência, violência familiar e doenças transmitidas por vetores. Resultados: A realização de atividades de extensão, tais como as atividades de atualização e aperfeiçoamento profissional de caráter teórico-prático, proporciona um importante papel para a formação acadêmica em Enfermagem, pois os discentes passam a conviver com a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), aprender mais sobre o mesmo e percebem na sua ação um modo de contribuir para a sociedade. Assim como contribui para promover e aumentar o aprendizado dos ACS de forma a torná-los mais capazes de desenvolverem suas atividades e habilidades no seu trabalho. Todos os ACS relataram ter sido muito rico o aprendizado e que a metodologia de associar a teoria com a prática junto com a valorização dos conhecimentos e experiências individuais foi fator primordial para assimilação dos conteúdos e estímulo de participação. A coordenação da Atenção Primária em Saúde sinalizou a Universidade quanto à melhora da assistência, produção e tomada de decisão desses ACS. Conclusão: Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que a atividade desenvolvida pelos alunos de Enfermagem alcançou o efeito almejado, uma vez que os ACS demonstraram aquisição de novos conhecimentos, passando a adotarem novas práticas e melhorarem sua autoestima, ao passo que os estudantes conseguiram integrar teoria e prática, tornando-se sujeitos ativos do processo ensino-aprendizagem de maneira a deixarem sua contribuição no campo social. Também por meio das temáticas explanadas, os ACS puderam sanar dúvidas e levantaram questões do cotidiano para serem debatidas durante os encontros para melhor abordagem da comunidade. O papel do ACS deve ser entendido como uma extensão da Atenção Primária da Saúde, o qual pode adentrar as casas das famílias e oferecer medidas e informações com o intuito de contribuir para a prevenção, além de promover o tratamento direto das doenças. Dessa forma, a capacitação de ACS proporciona melhor qualidade de vida para a comunidade em geral.


Palavras-chave


Experiência de ensino e prática; Enfermagem; Agente Comunitário de Saúde.