Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Tamanho da fonte:
ATIVIDADE EDUCATIVA SOBRE SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: o uso de tecnologias educativas para facilitar o processo de ensino-aprendizado
Última alteração: 2018-01-24
Resumo
Apresentação: A caracterização da população adolescente está vinculada à faixa etária, sendo identificado como adolescente aquele entre 10 a 19 anos de idade, mas pode variar conforme o autor levado em consideração. A visibilidade dada a esta parte da população se deu devido aos problemas sociais enfrentados pelos mesmos no seu processo de construção, pois por se tratar de uma transição da infância para a vida adulta com alteração a nível biológico e psicológico, detecta-se um número exacerbado de comportamentos considerados de risco, havendo a necessidade de uma maior atenção a tais indivíduos mediante o fomento de políticas públicas no âmbito da saúde, as quais devem ser vinculadas a práticas transformadoras de educação. Alterações como crescimento de mamas e menarca nas meninas, polução noturna e semenarca nos meninos e pubarca vão aparecer juntamente com mudanças repentinas de humor, constantes questionamentos sobre a vida, necessidade de viver intensamente, asserção da identidade pessoal enquanto indivíduo e grupo, além de afirmação e iniciação da vida sexual, tendo o tema acerca da sexualidade ganhado destaque nesse contexto devido o alto índice de gravidez na adolescência e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’S), gerando problemáticas sociais que repercutem na vida dos jovens. Diante deste contexto, objetiva-se realizar uma atividade educativa sobre sexualidade na adolescência por intermédio de uma tecnologia educativa em saúde, pois entendemos que a educação em saúde pautada na tríade promoção-diálogo-transformação, tendo o enfermeiro como peça-chave nesta condução, pois seu processo de trabalho é o cuidado, e associada ao uso de tecnologias educativas para facilitar a compreensão e apropriação dos conhecimentos pela população é crucial para mudar a realidade vigente. Pesando nisso, a tecnologia educativa criada tem caráter visual e informativo para a promoção de educação em saúde. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência realizado com adolescentes entre 11 a 13 anos em uma escola de ensino básico localizada na periferia de Belém-PA, como parte da atividade curricular Atenção Integral à Saúde do Adolescente do curso de Enfermagem, a qual tem como pilar de sustentação as incumbências da atenção primária à saúde quanto às modificações ocorridas durante a fase infanto-juvenil. O planejamento educativo precede qualquer atividade de educação em saúde, sendo fundamental para um bom desenvolvimento do mesmo, e por não ter havido participação do público alvo durante a idealização do processo educativo em saúde em questão, considera-se que este foi realizado mediante um planejamento centralizado, sendo a atividade conduzida com auxílio de uma tecnologia educativa em saúde para facilitar o processo de ensino-aprendizado sem desconsiderar o saber prévio dos indivíduos. A tecnologia em questão trata-se de dois bonecos de papel em tamanho real, um de cada sexo, os quais podem ser submetidos a duas classificações, a saber: são classificados como tecnologia educativa do tipo visual, expositiva e dialogal; além de serem julgados como uma tecnologia em saúde do tipo leve-dura, por ter o processo de trabalho voltado para um saber específico, sendo considerada como a tecnologia-saber. A explicação acerca da sexualidade teve início com as mudanças sofridas, cronologicamente, em meninos e meninas na puberdade, e no decorrer do processo de ensino adicionava-se itens, como peças de um quebra-cabeça, ou se desenhava nos bonecos, ou seja, concomitantemente com a explicação os bonecos atingiam corpos de adultos mediante: seios maiores e menstruação nas meninas; genitália maior e polução noturna para os meninos; aparecimento de pelos pubianos e axilares; além da aparição de pelos faciais e torácicos nos homens; entre outros. A explanação dialógica não aconteceu apenas acerca das alterações a nível biológico, mas em associação com mudanças de cunho psicossociais, com ênfase no aumento do desejo sexual e os riscos que o sexo desprotegido pode acarretar, tais como gravidez indesejada e IST’s. Neste contexto, os presentes foram questionados sobre como se dá o processo de gestação e se eles tinham conhecimento sobre as suas formas de prevenção. Ademais, iniciou-se um debate sobre os riscos à saúde que o sexo desprotegido pode acarretar, tais como as IST’s, as quais foram brevemente explicadas após ouvir o conhecimento dos adolescentes sobre este assunto. As vias de infecção dessas doenças foram exemplificadas na tecnologia educativa em saúde mediante a inserção de bactérias e vírus colados nas principais portas de entrada e algumas manifestações clínicas importantes, tais como: verrugas ou outras lesões na região íntima, secreção com odor e prurido e outras. Após isso, solicitou-se que a turma se dividisse em dois times, cada qual com um nome escolhidos pelos integrantes, para uma disputa de perguntas e respostas que objetivava perceber o nível de aprendizado e a fixação e compreensão dos mesmos após a atividade educativa. Dessa forma, eles optaram pela criação de um time de meninos e outro de meninas, e para incentivar a participação foi informado que o time vencedor ganharia um prêmio. O jogo era conduzido mediante perguntas que estavam dentro de balões, onde um representante de cada grupo deveria escolher o balão, estourá-lo e responder a pergunta contida nele juntamente com os outros integrantes em um tempo hábil de 1 minuto. Caso o grupo não conseguisse responder dentro do tempo ou errasse a resposta o grupo adversário tinha o direito de resposta, podendo ganhar o ponto caso acertasse. No total, havia seis perguntas e todas foram comentadas pelos condutores da ação ao final de cada ciclo. Resultados e/ou impactos: A atividade contou com cerca de 20 alunos matriculados no 6º ano do ensino fundamental, sendo a maioria do sexo feminino. A abordagem problematizadora sobre a sexualidade se faz de extrema pertinência diante das estatísticas com elevado índice de gravidez na adolescência e aumento de IST’s nessa população e para a realização desta ação o conhecimento prévio dos alunos foi crucial para a condução das temáticas. Estabelecer o diálogo e valorizar o conhecimento prévio dos indivíduos é fundamental para o sucesso de atividades educativas de cunho transformador e diante disto o uso de uma tecnologia educativa em saúde contribuiu para o processo de ensino-aprendizado, expressando resultados satisfatórios, que foram observados durante a explicação e durante o jogo de perguntas e respostas, sendo o grupo feminino o vencedor com dois pontos de diferença e todas as participantes ganharam um kit de doces. Considerações finais: A adolescência é uma fase da vida cercada de questionamentos sobre diversos assuntos e diante do conceito ampliado de saúde infere-se que a equipe multiprofissional tem grande responsabilidade quanto ao empoderamento dessa população, especialmente os profissionais de enfermagem, por terem em seu processo de trabalho a educação individual e coletiva, sendo fundamental que estes se apoderem de métodos que facilitem o processo de aprendizado de forma que a educação em saúde seja voltada para as necessidades dos indivíduos, acarretando em uma maior autonomia nos seus cuidados de saúde.
Palavras-chave
Sexualidade; Educação em Saúde; Enfermagem