Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-20
Resumo
Apresentação: As populações ribeirinhas do Amazonas vivem ás margens de rios e lagos e desenvolvem as mais variadas formas adaptativas para sobreviverem em meio ao isolamento, que restringe o acesso à educação, informação, saúde e bens de consumo. As comunidades carecerem de recursos básicos, como saneamento, água tratada, energia elétrica e serviços de saúde. Nesta perspectiva, a atuação da enfermagem em uma universidade pública no interior do Estado do Amazonas, tem representado um importante avanço para reduzir as desigualdades vivenciadas por estas populações. Este relato pretende descrever a experiência sobre o ensino de graduação em enfermagem no contexto da saúde das populações ribeirinhas no interior do Amazonas. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por professores do curso de Enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB/UFAM) em disciplinas cursadas no formato de prática de campo, com o uso de metodologia ativa de problematização, em comunidades ribeirinhas do município de Coari-Amazonas. As disciplinas são ofertadas no 7º (Saúde Coletiva II) e 8º (Saúde das Populações Amazônicas) semestre do curso de graduação em enfermagem. O formato da prática de campo é realizado em sistema de internato, durante 5 dias, com deslocamento via fluvial. Resultados: As ações foram motivadas a partir da experiência com a realização do maior estudo populacional desenvolvido em comunidades ribeirinhas de Coari (ano de 2015), que apontou severas limitações de acesso a saúde pelos ribeirinhos. Sendo assim, no ano de 2017, foram realizadas 3 atividades de prática de campo: janeiro - duas comunidades ribeirinhas do Lago do Mamiá - Bom Jesus do Japiim (70 km da zona urbana) e São Francisco do Jacaré (78 km da zona urbana) na disciplina de Saúde Coletiva II, com a participação de 22 acadêmicos e 2 preceptores; em junho, nas mesmas comunidades, na disciplina de Saúde das Populações Amazônicas, com 27 acadêmicos e 2 preceptores; em novembro, nas comunidades Esperança I (13 km da zona urbana) e São Pedro da Vila Lira (17 km da zona urbana) com 33 acadêmicos e 2 preceptores. Durante as práticas foram desenvolvidas atividades de educação em saúde; visitas domiciliares; elaboração de diagnóstico situacional com mapa de risco; matriz decisória e “círculo da cultura ribeirinha”. Além disto, de forma transversal foram desenvolvidos projetos de extensão “Cine Ribeirinho”, cinema educativo nas comunidades ribeirinhas e a doação de livros pelo projeto “Bibliotecas Ribeirinhas do Beiradão – BIRIBE”. Considerações finais: Os custos das atividades são elevados em detrimento a logística diferenciada com a necessidade do uso de embarcação, insumos de combustível e alimentação da equipe. Além disto, expõe a equipe a riscos relativos as intemperes da Amazônia (tempestades, doenças tropicais e acidentes ofídicos), além de ataques “piratas”. As atividades de ensino em enfermagem têm contribuído para reduzir as limitações de acesso a saúde dos ribeirinhos com ações de promoção de hábitos saudáveis e prevenção de doenças, inserção social da universidade nas comunidades e sensibilização dos acadêmicos para as necessidades regionais e suas peculiaridades.