Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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CONSUMO DE ANALGÉSICOS EM POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DO AMAZONAS
Última alteração: 2018-01-26
Resumo
Apresentação: Os povos ribeirinhos do Amazonas vivem às margens de rios e lagos, em meio ao isolamento e desenvolvem as mais variadas formas adaptativas para sobreviverem. As limitações de acesso à educação, informação e saúde são comuns nas comunidades ribeirinhas, o que leva a busca para soluções de problemas de saúde na própria comunidade, sobretudo pelo uso de medicamentos alopáticos. Os medicamentos se utilizados de forma inadequada, podem causar problemas a saúde, com a ocorrência de reações adversas graves, interações medicamentosas, mascaramento de doenças e gastos desnecessários. O analgésico é a classe terapêutica mais consumida em âmbito mundial, em detrimento ao uso para a dor - principal sintoma de doenças, sendo comercializados indiscriminadamente, sem a necessidade de prescrição, além disto, o consumo é maciçamente estimulado por propagandas e pontos de vendas. Objetivou-se investigar o consumo de analgésicos entre populações ribeirinhas de Coari - Amazonas - Brasil. Desenvolvimento do trabalho: Estudo transversal, de base populacional, conduzido através de amostragem probabilística por conglomerados, com ribeirinhos da zona rural de Coari - Amazonas – Brasil, entre abril a julho de 2015. As entrevistas foram realizadas com questionário estruturado. Os medicamentos foram classificados pelo sistema de Classificação Anatômico-Terapêutica-Química (ATC). As variáveis contínuas foram analisadas conforme suas características de distribuição, as categóricas, pelo número e percentual. Resultados: Foram entrevistados 492 sujeitos, 346 (70,3%) relataram uso de medicamentos nos últimos 30 dias. Dentre os que consumiram medicamentos, 185 (53,5%) utilizaram algum medicamento com ação analgésica. O uso de analgésicos predominou entre o sexo feminino (56,2%). Dentre as substâncias químicas mais consumidas (ATC – nível 5) destacaram-se o paracetamol (34,6%), dipirona sódica (33,6%), paracetamol combinado, excluindo os psicolépticos (26,7%) e ibuprofeno (5,1%). Foi observado o uso conjunto de substâncias químicas diferentes com a mesma ação (13%). O consumo de analgésicos foi elevado entre a população ribeirinha estudada, sobretudo entre mulheres. Considerações finais: Os analgésicos parecem ser um componente do autocuidado na saúde dos ribeirinhos, talvez pelas limitações de acesso a zona urbana e facilidade de aquisição destes medicamentos nas farmácias e a necessidade de estocar nas residências para os casos de sintomas de doenças – dor. Por outro lado, é importante a orientação dos ribeirinhos para o uso destes produtos, considerando que não são inócuos a saúde, além de poderem mascarar sintomas de doenças.
Palavras-chave
Uso de medicamentos; analgésicos; populações ribeirinhas do Amazonas.