Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-02
Resumo
Introdução
O cuidado integral de pessoas e coletivos deve ter como premissa o entendimento do usuário como sujeito histórico, social e político. Nesse sentido, a produção do cuidado deve ser articulada ao seu contexto familiar e à sociedade em que vive. As estratégias e ferramentas que orientam o processo de trabalho na Saúde da Família estão inseridas no campo das tecnologias relacionais, proporcionando a construção de vínculo, autonomia e protagonismo, estreitando as relações entre profissionais e indivíduos/famílias, promovendo a compreensão do indivíduo e suas relações com a família e seu contexto sociocomunitário, possibilitando assim, oferecer respostas abrangentes e adequadas às suas necessidades de saúde, seja individuais ou coletivas, na perspectiva da integralidade e da corresponsabilização do cuidado integral, contínuo e longitudinal.
Objetivo
Relatar a vivência na Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade, no período de 2011 a 2013. O programa era executado pela Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, chancelado pela Universidade Estadual do Ceará.
Resultados e Discussão
Tomando como referencial os princípios e diretrizes da ESF, o programa adotava o processo de territorialização e planejamento participativo como estratégias para organização do processo de trabalho e produção do cuidado das situações de saúde mais prevalentes e contextualizadas com as necessidades dos indivíduos, famílias e grupos sociais do território. Os residentes eram organizados em equipe multidisciplinar composta por: duas enfermeiras, dois dentistas, uma assistente social, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e uma psicóloga. Além disso, levando em consideração aspectos operativos e filosóficos da clínica ampliada como forma de (re)significar a clínica e cuidado ofertado às pessoas e coletivos, compunham o seu cotidiano de trabalho as seguintes estratégias/ferramentas: reunião de equipe semanal, na qual se pactuava, dentre outras coisas, a agenda de trabalho com ações de núcleo e campo; discussão e estudo de casos considerados complexos e que necessitavam de uma abordagem multidisciplinar e/ou intersetorial que, na maioria das vezes, o “complexo” estava relacionado ao critério de “vulnerabilidade”; ações coletivas de educação em saúde na unidade de saúde e/ou em equipamentos sociais institucionais ou comunitários do território; momentos de educação permanente; apoio matricial como, por exemplo, o matriciamento em saúde mental; construção compartilhada de projetos terapêuticos singulares (PTS) e de projetos de saúde no território (PST); planejamento e facilitação de rodas de gestão, alicerçadas no referencial do Método Paidéia; realização de grupos educativos e terapêuticos; além de atendimentos individuais e compartilhados.
Considerações finais
As estratégias e as ferramentas para organização do processo de trabalho e de produção do cuidado em saúde são utilizadas com o objetivo de qualificar a organização do processo de trabalho e auxiliar na produção do cuidado integral, corresponsável e resolutivo. O tempo da residência foi um tempo de experimentações de invenção e reinvenção do próprio processo de trabalho em saúde e de ressignificação de saberes e práticas dos profissionais de saúde que vivenciaram esse processo de ensino-aprendizagem pelo trabalho, tento como eixo norteador a implicação com o outro e com a vida.