Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONHECIMENTOS DE ENFERMEIROS DE UM MUNICÍPIO DO OESTE CATARINENSE SOBRE REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE E TECNOLOGIAS DE CUIDADO
Elisangela Argenta Zanatta, Alana Camila Schneider, Denise Antunes de Azambuja Zocche, Silvana dos Santos Zanotelli

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


Apresentação: essa pesquisa integra o macroprojeto “Redes de Atenção à Saúde e tecnologias do cuidado: fortalecimento das práticas de enfermagem” vinculado ao Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e ao grupo de pesquisa Enfermagem, Cuidado Humano e Processo Saúde-Adoecimento. A Atenção Primária à Saúde (APS) é definida como a porta de entrada prioritária dos usuários aos serviços de saúde. Além disso, constitui o centro de comunicação das Redes de Atenção à Saúde (RAS), objetivando a criação de um elo entre os diversos pontos de atenção, possuindo um cuidado multiprofissional e objetivando a integralidade. As RAS são organizações poliárquicas, que possuem diferentes densidades tecnológicas e que se organizam de maneira horizontal para garantir a integralidade do cuidado por meio da integração dos seus diversos pontos de atenção. Além disso, as RAS vêm com uma proposta de superar a fragmentação existente nos diferentes modelos de atenção à saúde, que divergem da real situação de saúde da população assistida, instituindo sistemas integrados de serviços de saúde que fornecem cuidados contínuos para uma população definida. Dessa forma, em 2011 foram criadas cinco redes temáticas pela Portaria nº 4.279: Rede Cegonha, Rede de Urgência e Emergência, Rede de Atenção Psicossocial, Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Doença Crônica e Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência. Ainda, para organizar e qualificar o processo de trabalho organizado em redes, os enfermeiros têm à disposição ferramentas que auxiliam nesse percurso. Dentre essas, surgem as Tecnologias de Cuidado leves, leve-duras e duras. As tecnologias leves abrangem as relações existentes entre o profissional e o usuário, como a produção de vínculo, acolhimento, comunicação entre outros. As leve-duras são caracterizadas pelos saberes bem estruturados, conhecimento técnico-científico do enfermeiro, tendo como exemplo o Processo de Enfermagem. As tecnologias duras, podendo ser representadas pelos maquinários, estruturas operacionais, entre outros. Vale ressaltar que a utilização de apenas uma tecnologia de cuidado, isolada das demais, acarretaria num desequilíbrio no sistema de saúde, pois cada uma possui uma finalidade porém, apenas com a utilização das três, conjuntamente, será possível atingir a integralidade da assistência. Objetivos: identificar o conhecimento dos enfermeiros acerca das Redes de Atenção à Saúde; Conhecer o entendimento dos enfermeiros que atuam na Atenção Primária do Município de Chapecó sobre tecnologias do cuidado. Desenvolvimento do trabalho: trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista semiestruturada, realizada com 20 enfermeiros de serviços de saúde públicos municipais de Chapecó – SC. A escolha dos enfermeiros ocorreu por meio da técnica bola de neve, e as entrevistas foram previamente agendadas com cada profissional. Os dados foram analisados seguindo a análise de conteúdo de Bardin, que consiste em três etapas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Obteve-se aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Santa Catarina, via Plataforma Brasil, sendo aprovado pelo parecer CAAE: 61970216.0.0000.0118. Resultados: foram construídas duas categorias de análise: “Conhecimentos dos enfermeiros sobre as Redes de Atenção à Saúde”, “Tecnologias do Cuidado em Enfermagem e as RAS”. Na categoria “conhecimentos dos enfermeiros sobre as Redes de Atenção à Saúde”, percebeu-se um frágil conhecimento dos enfermeiros quanto à denominação de RAS, alguns enfermeiros entendem as redes temáticas como fragmentos da atenção, enquanto essas correspondem à forma de organização da atenção à saúde, articulando-se dessa forma para atender as necessidades das diferentes populações. Além disso, percebeu-se também a relação que os enfermeiros fizeram entre RAS e os níveis de atenção primário, secundário e terciário, voltando-se a hierarquização da atenção, deixando de lado a horizontalidade. Essa questão talvez possa ser explicada pelas diferentes maneiras que as publicações definem as RAS, como por exemplo, no Decreto nº 7.508, de 2011, que define RAS como tendo níveis de complexidade crescente, o que pode levar a diferentes interpretações por diferentes pessoas. Todavia, apesar de ainda existir os níveis de atenção de complexidade crescente dentro das RAS, cabe entender que um não é superior ao outro, dando a todos a mesma importância. Ao mesmo tempo, outros enfermeiros se aproximaram mais do conceito, definindo RAS como pontos de atenção que trabalham articulados para realizar o atendimento da melhor maneira possível, remetendo à busca pela integralidade por meio do trabalho horizontal. Na segunda categoria “Tecnologias do Cuidado em Enfermagem e as RAS”, os enfermeiros foram questionados sobre seus conhecimentos acerca das Tecnologias de Cuidado em enfermagem, bem como quais eram as mais utilizadas por eles no atendimento às diferentes etapas do curso da vida. Percebeu-se novamente uma fragilidade na definição do que são tecnologias, contudo, mesmo com essa dificuldade de definição e classificação, todos os enfermeiros reconheceram a importância da sua utilização para a qualificação do cuidado prestado. A maioria dos enfermeiros declararam que a mais utilizada por eles é a tecnologia leve, empregada como ferramenta para a criação de vínculo, comunicação, acolhimento; porém, disseram também que, em algum momento, as outras tecnologias também são utilizadas, demonstrando que não é viável prestar a assistência com apenas a tecnologia leve. Ao serem questionados acerca de capacitações sobre as RAS, os enfermeiros foram unânimes em responder que não tiveram capacitação que os subsidiassem para o entendimento do que significa RAS e como ocorre a sua implementação, tiveram apenas capacitações fragmentadas sobre alguma ação desenvolvida dentro de um ponto de atenção de uma rede temática, como por exemplo, o ‘pré-natal de alto risco’ ou o ‘atendimento à pessoa com doença pulmonar obstrutiva crônica’. Essa situação pode justificar a fragilidade no conhecimento dos enfermeiros acerca das RAS e das tecnologias de cuidado, tendo em vista que estas dão suporte para o trabalho em rede. Considerações finais: apesar das fragilidades encontradas, os enfermeiros mostram-se cientes da importância e da efetivação do trabalho pensado na lógica das RAS, buscando a comunicação com todos os pontos de atenção à saúde e ampliando o cuidado para atingir a integralidade. Dessa forma, estando as RAS em fase de implantação no território nacional, verifica-se a necessidade de atualização dos enfermeiros, por meio da ampliação, execução e efetivação de atividades de Educação Permanente em Saúde para todos os profissionais acerca das RAS e das Tecnologias de Cuidado. Assim, salienta-se a importância do enfermeiro na efetivação do trabalho em rede, sendo este o responsável pelo cuidado prestado aos usuários. Além disso, destaca-se a importância de qualificar o trabalho desse profissional, para que de fato o trabalho das RAS se concretize.


Palavras-chave


Enfermeiro; Atenção Primária à Saúde; Redes de Atenção à Saúde; Tecnologias de Cuidado.