Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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VIGILÂNCIA PÓS-ALTA HOSPITALAR: IMPORTÂNCIA PARA A DETECÇÃO DE INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO EM ORTOPEDIA
Renata Simões Monteiro, Geysiane Rocha da Silva, Elane Erika de Oliveira, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício, Orácio Carvalho Robeiro Júnior, Lívia de Aguiar Valentim

Última alteração: 2018-01-15

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) é notificada por meio da vigilância epidemiológica, a qual utiliza critérios pré-definidos para a busca ativa e diagnóstico. O método de trabalho, recomendado pelo Centers for Diseases Control and Prevention (CDC), consiste na observação direta do sítio cirúrgico pelo cirurgião, enfermeiro ou profissional que atua no controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), e observação passiva, por meio de relatórios laboratoriais recebidos, anotações dos profissionais envolvidos (médicos, enfermeiros, etc.) no prontuário do paciente e/ou discussões com a equipe assistencial. A vigilância busca determinar taxas, detectar mudanças de padrões assistenciais, e identificar as características dos microrganismos causadores, bem como fatores de riscos envolvidos, visando determinar medidas para a redução da sua incidência. No que tange às cirurgias ortopédicas, frequentemente necessitam de implantes para fixação das fraturas, tais dispositivos externos podem ser placas, parafusos e próteses articulares. Entretanto, o uso desses materiais externos aumenta o risco de infecção. As complicações infecciosas causam diminuição da qualidade de vida, aumento dos custos em decorrência dos gastos com o tratamento dessas infecções, perda do membro afetado e, por vezes, óbito. As Infecções de sítio cirúrgico manifestam-se até 30 dias após a realização da cirurgia, porém, em procedimentos cirúrgicos em que há inserção de implantes, esse tempo é maior, podendo alcançar até um ano após a cirurgia. Por esta razão, é de suma importância o acompanhamento do paciente cirúrgico ortopédicos durante sua internação, e também é indispensável seu acompanhamento no pós-alta hospitalar. Assim, esse trabalho tem por objetivo identificaro percentual de infecção de sítio cirúrgico de cirurgias ortopédicas detectadas no acompanhamento pós-alta hospitalar realizadas em um Hospital Público de média e alta complexidade da Amazônia, bem como o tempo decorrido entre a cirurgia e a detecção da infecção.MATERIAL E MÉTODOS:Trata-se de um estudo documental, descritivo, de caráter retrospectivo, transversal e abordagem quantitativa e análise com base na estatística descritiva. A coleta dos dados foi realizada no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar de um Hospital público de referência em média e alta complexidade no interior da Amazônia, através do acesso autorizado aos formulários de notificações de Infecções relacionadas à Assistência à Saúde de pacientes que foram notificados com Infecção de Sítio Cirúrgico de cirurgias ortopédicas realizadas entre os anos 2015 e 2016, que utilizaram implantes ortopédicos nesses procedimentos, o que totalizou 20 formulários. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na presente pesquisa, a principal forma de detecção da infecção de sítio cirúrgico em procedimentos ortopédicos foi no acompanhamento pós-alta hospitalar, com 75% dos casos. Os demais casos foram detectados ainda no intra-hospitalar (25%). Estudos nacionais apontam variação das taxas de infecções cirúrgicas entre 1,4% a 22,7% na especialidade de ortopedia. Essa diferença pode estar relacionada ao quadro clínico do paciente, tipo de cirurgia e implante utilizado, bem como o tipo de vigilância adotado para investigação dessas complicações. Outro estudo apontou que entre 15% a 77% das infecções e sítio cirúrgico foram diagnosticadas após a alta hospitalar. Dessa forma, é notório que as taxas dessas infecções aumentam quando é utilizado a vigilância após a alta hospitalar, e não apenas a vigilância intra-hospitalar. Na presente pesquisa, os pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas são acompanhados durante a internação e também no pós-alta hospitalar. Após a saída do hospital, são atendidos pelo Ambulatório de Egressos, no qual ocorrem as consultas de retorno com a equipe de ortopedia que realizou a cirurgia. Além do atendimento médico, também é realizado o acompanhamento pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, para investigação de ocorrência de infecções no sítio operado em pacientes que foram necessitaram da inserção de implantes ortopédicos na cirurgia. A instituição de saúde em que ocorreu esta pesquisa realiza procedimentos de média e alta complexidade, e é referência para todo o oeste do estado do Pará. Apesar do hospital em que foi realizado esta pesquisa ser referência para todo o Oeste do Pará, o acompanhamento também é realizado por via telefônica para os pacientes que não residem no município de Santarém-PA que ficam impossibilitados de comparecer ao acompanhamento ambulatorial.        Este método de vigilância é dito como eficaz, já que a busca por telefone se trata de um meio barato e efetivo, desde que seja realizada por pessoa qualificada para identificar os sinais e sintomas relatados pelo paciente. Este tipo de acompanhamento é válido e mostra-se eficiente para o diagnóstico de infecções de sítio cirúrgico, principalmente para os pacientes que moram distantes do centro hospitalar ao qual seguem o acompanhamento.            Quanto ao tempo decorrido entre a cirurgia e o aparecimento dos sintomas, 20% apresentaram sinais e sintomas de infecção entre 2 a 3 dias após a cirurgia, 25% entre 4 a 15 dias, e a maior parte dos pacientes apresentou sintomas com tempo superior a 16 dias (55%). Este intervalo de tempo decorrido entre a cirurgia e aparecimento dos sintomas refletem ainda mais a importância do acompanhamento no pós-alta hospitalar.Outras pesquisas a cerca desta temática também detectaram infecções de sítio cirúrgico em procedimentos ortopédicos com implantes após vários dias decorridos da data da cirurgia, sendo encontrados casos de 90 dias até 116 dias. Assim, além da busca dessas infecções após a alta hospitalar dos pacientes, vale ressaltar a importância de orientar os pacientes, no momento da saída do hospital, sobre os sinais e sintomas sugestivos de infecção, para que os mesmos procurem atendimento o mais breve possível, para que sejam realizadas as intervenções necessárias frente à infecção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esses dados exprimem a suma importância da vigilância pós-alta hospitalar na detecção das infecções de sítio cirúrgico, pois, como observado nesta pesquisa, o maior quantitativo de detecção das infecções foi através do acompanhamento após a alta médica do paciente. Esse aumento de taxas dessas infecções refletem os resultados do aumento das buscas e registros dessas informações. A quantificação das taxas reais das taxas dessas infecções é possível quando é realizado o acompanhamento do paciente tanto no âmbito hospitalar durante a internação, como também no segmento pós-alta, para que seja reduzido as subnotificações dessas complicações nos serviços de saúde. Por fim, esses dados também retratam a atividade de vigilância, notificações e eficácia das estratégias de prevenção e controle dessas complicações.


Palavras-chave


Vigilância; epidemiologia; infecções; sitio cirúrgico; cirurgia ortopédica