Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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INFLUÊNCIA DO DIAGNÓSTICO MÉDICO SOBRE O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM EM ORTOPEDIA: O MANEJO DA DOENÇA E O DO DOENTE
Renata Simões Monteiro, Geysiane Rocha da Silva, Elaine Erika de Oliveira, Érika Marcilla Sousa de Couto, Veridiana Barreto do Nascimento, Benedito de Souza Guimarães Júnior, Davi Viana de Sousa

Última alteração: 2018-01-15

Resumo


Apresentação: Há várias definições para a palavra diagnóstico. Na linguagem médica, ela diz respeito ao ato ou ação de encontrar ou determinar uma doença a partir da descrição de seus sinais e sintomas, buscando identificar a origem e a natureza da afecção. Na ortopedia, a identificação do problema ortopédico leva a escolha da terapêutica mais adequada e o manejo do paciente é bastante semelhante, já que o objetivo é tão somente corrigir o distúrbio, caracterizando essa especialidade como uma área bastante específica e direta. Falar sobre diagnóstico na atmosfera da enfermagem remete ao cuidado holístico proveniente da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que é a base para sua assistência. Os diagnósticos de enfermagem servem como ponto de partida para a elaboração do plano de cuidados concebido após identificação de sinais e sintomas e do exame físico do paciente, seja em qualquer especialidade. Enquanto o diagnóstico médico prima pela debelação da doença, o diagnóstico de enfermagem (DE) serve de planejamento para o cuidado do doente de forma integral.Sendo a ortopedia uma especialidade deveras uniforme em seu padrão de tratamento clínico-cirúrgico, questiona-se: pacientes com o mesmo diagnóstico médico possuiriam os mesmos diagnósticos de enfermagem? Para responder a esse questionamento, foi necessário analisar alguns aspectos da abordagem médica e correlacionar com os diagnósticos de enfermagem. Nessa perspectiva, o objetivo do estudo foi analisar se o diagnóstico de enfermagem sofre influência direta do diagnóstico médico.Desenvolvimento: Tratou-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa, desenvolvido em um hospital do oeste do Pará, considerado de referência em média e alta complexidade no baixo Amazonas. Os dados foram obtidos dos prontuários dos pacientes e com auxílio de um formulário geral, baseado na SAE, foram colhidos os dados para a formulação dos diagnósticos de enfermagem. A amostra de pesquisa totalizou 108 indivíduos internados em enfermaria ortopédica durante 7 de janeiro a 17 de fevereiro de 2017. Utilizou-se os softwares Microsoft Excel 2010 e o BioEstat-5.4 para análise estatística. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará – Campus XII Santarém, sob o parecer de nº 1.792.760.Resultados: Sobre o perfil dos participantes 53,7% eram do sexo masculino e 46,3% do sexo feminino. A média de idade foi de 27,6 anos. O estado civil predominante foi o de Casado correspondendo a 61% da amostra. Quanto à cor, 72% se declararam Pardos. A escolaridade mais frequente foi de indivíduos com Ensino Médio Completo equivalente a 39% dos participantes, com renda familiar de até 2 salários mínimos representando 64% dos envolvidos. 59% da amostra eram naturais de Santarém – PA, enquanto 49% eram de cidades circunvizinhas. Todos os 108 participantes foram submetidos a pelo menos um procedimento cirúrgico ortopédico e no total foram realizadas 118 cirurgias, tendo em vista que alguns pacientes foram submetidos a mais de uma cirurgia corretiva. Identificou-se 13 diagnósticos médicos diferentes. Estes foram agrupados em três grandes categorias: Fratura, Lesão intrarticular e Pseudoartrose. O diagnóstico de Fratura foi o mais frequente e estevepresente em 88% da amostra, correspondendo a 95 pacientes. Todos os pacientes com diagnóstico de fratura realizaram como procedimento cirúrgico a Osteossíntese e foram medicados com analgésicosnão esteroidais (pré, pós-operatório imediato e tardio), anticoagulantes (pré-operatório), opioides (pós-operatório imediato), antibióticos (pré, pós-operatório imediato e tardio) e antieméticos (pós-operatório imediato). Dentre os diagnósticosde Fratura, a fratura de fêmur foi a mais incidente representando 32,6% (31 pacientes). O período de internação de todos os pacientes com fratura de fêmur foi de 72h. A terapêutica médica para esse tipo de disfunção foi exatamente a mesma para todos os pacientes que a possuíam. Dentre osdiagnósticos de enfermagem dos pacientes com fratura de fêmur, o diagnóstico de Integridade da pele prejudicada e Integridade Tissular prejudicada estiveram presentes em 100% da amostra, fator relacionado à incisão cirúrgica necessária. Todos os pacientes também foram diagnosticados com Dor aguda, Mobilidade física prejudicada, Deambulação prejudicada, Capacidade de transferência prejudicada, Mobilidade no leito prejudicada, Conforto prejudicado, Déficit no autocuidado para banho, Déficit no autocuidado pra higiene íntima e Déficit no autocuidado para vestir-se. Entretanto, dos 31 pacientes, apenas 87% (27 pacientes) foram diagnosticados com Sentar-se prejudicado, 83,8% (26 pacientes) obtiveram diagnóstico de Padrão de sono prejudicado, 80,6% (25 pacientes) apresentaram Conforto prejudicado, 64,5% (20 pacientes) desenvolveram Ansiedade e somente 41,9% (13 pacientes) apresentaram o diagnóstico de Motilidade gastrintestinal disfuncional e Constipação, além disso, o percentual de 32,2% (10 pacientes) foi diagnosticado com Retenção urinária e Náusea no pós-operatório imediato. Os seguintes diagnósticos foram identificados em 3,2% (1 paciente) da amostra: Síndrome do idoso frágil, Baixa autoestima situacional, Disfunção sexual, Hipotermia e Sentimento de impotência. No grupo de pacientes com fratura de fêmur, foram identificados 22 diagnósticos de enfermagem diferentes, descritos acima, dos quais 9 (40%) foram comuns à todos e 13  (60%) foram específicos de alguns indivíduos. Diferenças como essa também foram percebidas durante análise das demais categorias de diagnóstico médico (Lesão intrarticular e Pseudoartrose). Pode-se identificar que o esquema de tratamento e manejo médico é extremante análogo comparado ao exercício da enfermagem sobre formulação do diagnóstico de enfermagem, o qual se mostramais flexível e dinâmico.Considerações finais:O estudo mostrou que os diagnósticos de enfermagem não sofrem influência direta da conduta de atendimento e manejo médico, diferenciando-se pelo dinamismo com que os dados são colhidos e interpretados, como requer o processo de enfermagem, não estando fadados à inércia clínica. Isso se explica em função da essência da enfermagem não estar focalizada na atividade meramente curativa e corretiva, como é típico do tratamento médico em ortopedia na média e alta complexidade. A ciência do cuidado da enfermagem é holístico e engloba inúmeras características dos aspectos bio-psico-sócio-espirituais, descritos nas variadas teorias de enfermagem que destacam a pessoa como foco principal, e não a doença. Nessa perspectiva, os diagnósticos de enfermagem são elaborados mediante percepção das alterações e padrões de saúde do paciente, as quais podem ser momentâneas e focais, requerendo a análise diária de alterações para a formulação dos diagnósticos e prescrição do plano de cuidados, permitindo sua avaliação e evolução clínica. Destaca-se, ainda, que o número de estudos sobre diagnósticos de enfermagem em pacientes ortopédicos, ainda é bastante escasso e faz-se necessário a realização de mais estudos sobre esse tema. Na busca para melhor atender à clientela, o enfermeiro deve utilizar-se dos diagnósticos de enfermagem, com o objetivo de melhorar cada vez mais a qualidade do seu trabalho, fundamentado em conhecimentos científicos, uma vez que esses diagnósticos permitem a identificação das necessidades de cuidados sobre os quais é preciso intervir.


Palavras-chave


Diagnóstico; diagnóstico de enfermagem; ortopedia; enfermagem; cuidado