Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A Educação Permanente na Atenção primária à Saúde como alicerce no ressignificar saberes e práticas de enfermeiros e profissionais do Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família de Viçosa e região.
Vanessa de Souza Amaral, Deise Moura de Oliveira, Milleny Tosatti Aleixo, Nayara Rodrigues Carvalho, Pamela Brustolini Oliveira Rena, Amanda Morais Polati, Fernando Pacheco Zanelli, Marina Kelle da Silva Caetano

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Apresentação: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) configura-se como âncora da Atenção Primária à Saúde (APS) na viabilização do alcance dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde: universalidade, equidade e integralidade. Em vista disso, profissionais que atuam nas equipes de saúde da família assumem a corresponsabilização pelo cuidado dos indivíduos/famílias e coletividades inscritas na área de abrangência de cada Unidade Básica de Saúde (UBS). Tal cuidado se processa na vida cotidiana dessa clientela, da qual emergem conflitos diversos e situações desafiadoras para as equipes de saúde. Em virtude disso, a participação dos profissionais envolvidos no referido cuidar em atividades de Educação Permanente assume grande importância, visto que lhes possibilita um espaço de reflexões em busca de mudanças necessárias no processo de trabalho nas ESF. Considerando a complexidade inscrita nas ações de cuidado desenvolvidas pelas equipes de saúde da família, e em prol de um atendimento à saúde que evoque o modelo usuário-centrado, compreende-se que a interdisciplinaridade é condição sine qua non para a realização de boas práticas de saúde às famílias. Nesse sentido, além dos profissionais que compõem a equipe mínima na ESF (enfermeiro, médico e agente comunitário de saúde), algumas realidades dispõem de equipes que atuam de forma complementar a elas, como a do Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família (NASF), buscando melhorar a resolubilidade da APS. Em tais contextos, o compartilhamento de saberes, reflexões e ações entre todos os profissionais envolvidos é potencializado em espaços como os proporcionados por atividades de Educação Permanente. Objetivos: Relatar a experiência de oficinas desenvolvidas no Projeto Educação Permanente com enfermeiros e profissionais do NASF dos municípios de Cajuri e Paula Cândido, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa no ano de 2017. Descrição da experiência: O processo de educação permanente parte dos nós críticos inscritos no cotidiano de trabalho dos profissionais envolvidos, e baseia-se na tríade reflexão-ação-reflexão. Assim, os participantes são conduzidos a refletirem sobre a realidade de serviço que vivenciam, deparando-se com questões que representam entraves à concretização de um processo de trabalho e atenção à saúde de melhor qualidade. A partir da problematização das situações identificadas e do estímulo conferido pelas reflexões coletivas, há o retorno para o cotidiano profissional, porém com a intenção de transformá-lo em busca de melhores práticas de saúde. A experiência de Educação Permanente ora relatada foi realizada por estudantes de graduação e mestrado de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV), estudante de graduação em Fisioterapia da Univiçosa e sob a orientação de uma professora de Enfermagem da UFV. Participaram profissionais de Enfermagem e os que atuam no NASF (Nutrição, Odontologia, Assistência Social, Fisioterapia, Educação Física e Psicologia) de Cajuri e Paula Cândido – municípios situados na microrregião de Viçosa, na Zona da Mata de Minas Gerais. Foram realizadas no ano de 2017 seis oficinas - nos meses de abril, maio, junho, agosto, novembro e dezembro - com duração de 4 horas cada, na UFV. Os encontros aconteceram por meio de metodologias ativas que estimulavam reflexões e o diálogo entre os participantes. Os temas trabalhados no primeiro semestre foram inspirados na temática adotada pela Associação Brasileira de Enfermagem no referido ano, centrado nas Boas Práticas em Saúde, e os abordados no segundo semestre referiram-se à comunicação efetiva e redes de atenção à saúde, atendendo à solicitação dos profissionais. Em cada encontro os participantes foram acolhidos em sala decorada de maneira condizente com o tema e convidados a participar de uma dinâmica visando promover a interação entre eles. Considerando o fato de que as oficinas eram palco do reencontro entre os profissionais que atuavam nos municípios de Cajuri, os de Paula Cândido e os organizadores do projeto, tais momentos foram importantes para romper a barreira existente no início de cada encontro. A seguir, ocorreram outras dinâmicas planejadas de forma estratégica para despertar reflexões nos presentes sobre o tema a ser discutido. Posteriormente, de formas interativas, houveram breves apresentações referentes à temática, realizadas em duas oficinas por professores convidados e, nas demais, pelos organizadores do projeto. Ao término tais momentos, aconteceram ricas discussões entre todos os participantes. Nelas, os profissionais apresentaram sua realidade de trabalho acerca do assunto abordado, apontaram modificações necessárias, explicaram sua visão sobre as causas dos principais nós críticos e pensaram coletivamente estratégias que poderiam ser realizadas na tentativa de alcançar melhores resultados nas situações referidas.  Resultados: para a realização das atividades propostas pelo PEP, foi fundamental o amadurecimento de seus organizadores enquanto equipe. Percebe-se que o PEP representa para os profissionais participantes, conforme verbalizam formal e informalmente, um espaço de humanização, reflexão, encontro, partilhas, crescimento, aprendizado e transformações infindáveis. As reflexões provocadas pelas oficinas e a oportunidade de conhecer realidades e estratégias de trabalho adotadas por demais profissionais foram vislumbradas como potencializadoras de um processo de qualificação protagonizado diariamente pelos participantes e suas equipes. A oportunidade de discutir sobre as próprias práticas em saúde, questionando-as e avaliando o cenário em que se processam foi bastante valorizada pelos profissionais, visto que os mesmos possuem uma rotina de atividades que os impede de refletir como gostariam sobre o cuidado que estão prestando. As oficinas realizadas no ano de 2017 permitiram aos participantes melhores compreensão sobre as boas práticas em saúde, prática baseada em evidências científicas, acolhimento, comunicação efetiva e sobre a importância da atuação de cada um na efetivação de redes de atenção à saúde mais resolutiva. A participação de profissionais de diferentes núcleos de saber, especialmente os do NASF foi fator fundamental para enriquecimento das discussões e para que as mesmas gerassem mais frutos, tanto em termos teóricos – reflexão- quanto práticos- ação. Ao final de cada oficia, os participantes receberam a missão de realizar atividades de dispersão sobre o tema e foram motivados a trabalhar em prol das transformações que julgaram necessárias a partir das discussões realizadas. Não obstante, tais modificações embora incentivadas, foram e são compreendidas por todos como processos gradativos que se concretizam a partir de pequenas atitudes tomadas, o que promove a valorização de cada esforço empregado de forma decidida. Considerações Finais: a partir do significado atribuído pelos profissionais participantes ao PEP, é possível perceber que o projeto contribui para a qualificação do trabalho em saúde no âmbito das ESF’s, à medida que possibilita aos participantes novas ferramentas e estratégias de enfrentamento às situações identificadas como nós críticos no cotidiano dos serviços. Compreende-se também a importância do PEP na formação dos estudantes e professores envolvidos, visto que a integração extensão e ensino contribuem para o desenvolvimento de um olhar diferenciado e atento às reais necessidades da atual sociedade, com suas múltiplas carências de vida e saúde.


Palavras-chave


Educação Permanente;Atenção Primária à Saúde;Sistema Único de Saúde