Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Aplicação de instrumentos em idosos durante a experiência na extensão acadêmica.
Deborah Jacaúna Pereira, Tainah Barbosa Nepomuceno, Joyara Menezes Freitas Matos, Lenora Ferreira de Oliveira Sanson, Cristiano da Silva Nascimento, Hadelândia Milon de Oliveira, Karoline Rodrigues da Silva Martins, Beatriz Nascimento Vieira

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Introdução: A população idosa vem crescendo ao longo dos anos e ganhado a atenção dos profissionais de saúde devido à necessidade de promoção à saúde dessa população.  Nos países desenvolvidos o envelhecimento ocorre associado às melhores condições gerais de vida, nos países em desenvolvimento esse processo ocorre de forma rápida, sem tempo para uma reorganização social e da saúde adequada para atender às novas demandas. A liga acadêmica de geriatria e gerontologia do Amazonas (LAGGEAM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), é um projeto de extensão que contempla um ensino multidisciplinar, e tem como uma das atividades realizadas: visitas domiciliares em idosos frequentadores do Programa de Atenção à Saúde do Idoso (PROASI) e a Fraternidade Amigos Irmãos da Caridade (FAIC), entre outros eventos realizados pela liga, utilizaram-se instrumentos para identificar vulnerabilidades e assim buscar soluções para melhorar a qualidade de vida do idoso.

Objetivo: Descrever a experiência de acadêmicos na aplicação dos instrumentos de avaliação do idoso pela LAGGEAM e em como os universitários identificaram a vulnerabilidade clínico funcional dos idosos.

Descrição da experiência: Os dados foram coletados no Proasi e Faic com os idosos residentes das instituições, entre os dias 16 de agosto e 6 de setembro de 2017, no evento Arena Rosa e Arena Azul, que ocorreu na Arena da Amazônia no dia 3 de novembro de 2017, e no mutirão de triagem de idosos na semana do idoso, que aconteceu no dia 1 de dezembro de 2017, no Centro de convivência Padre Pedro Vignola, localizados na cidade de Manaus, Amazonas. Foram realizadas anamnese com a coleta de dados de antecedentes pessoais, medicações em uso, e aplicação de instrumentos como o de Atividades Básicas de Vida Diária de Katz (ABVD), que avalia o grau de dependência e autonomia, com pontuação de 0 (dependência total) a 6 (independência); a escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária de Lawton (AIVD) avalia a independência em atividades mais complexas, geralmente aprendidas na adolescência, enumerando cada atividade de 01 (não consegue realizar), 02 (consegue com ajuda parcial) e 03 (consegue sem ajuda), a partir disso classifica-se o idoso com o total < 9 como totalmente dependente até 26 a 27 pontos como independente; escala de Pfeffer, composta de 11 perguntas, destinada a avaliação do idoso através do acompanhante, onde quanto mais elevado a  score, maior a dependência de assistência;  a escala de depressão geriátrica (GDS), que identifica o risco de depressão no idoso, em que se responde um questionário de 15 perguntas (sim ou não), podendo indicar um quadro de leve a grave; para avaliação da capacidade cognitiva e rastreio de síndrome demencial foi utilizado o mini exame do estado mental (MEEM) constituído de duas partes, uma que abrange orientação, memória e atenção,  e, outra que aborda habilidades específicas como nomear e compreender, com pontuação de 21 na primeira etapa e 9 na segunda, totalizando um escore de 30 pontos e o teste da fluência verbal no qual deve ser falado em 1 minuto o máximo de animais que o idoso lembre, com ponto de corte de 12 animais para alfabetizados; e o índice de vulnerabilidade clínico funcional (IVCF-20), que pode ser utilizado por qualquer pessoa treinada, avalia e identifica o idoso vulnerável e com risco de fragilização. Após todos os ligantes aplicarem os instrumentos em visita domiciliar, foi realizada uma roda de conversa para a discussão dos dados coletados, e assim, o reconhecimento de idosos em estado de vulnerabilidade.

Resultados: A entrevista começava com a pergunta sobre o nome, data de nascimento e idade, sendo que alguns idosos não souberam responder então usamos documentos que portavam para descobrir. A escolaridade, profissão, situação conjugal, religião, naturalidade, quantidade de filhos, quanto ao cuidador se era formal ou não formal, a idade e grau de parentesco desse cuidador também foram perguntados, visto que a realidade mostra que muitos idosos cuidam de outros idosos e quase sempre tem um grau de parentesco próximo.

Os antecedentes pessoais foram essenciais para se verificar quais doenças ou implicações os idosos possuíam, se eram controladas com medicamentos ou terapia apropriada e em como isso estava afetando a sua qualidade de vida na atualidade. Pode ser avaliado também as variantes sociais do cuidado, como estrutura familiar, viuvez, quantidade de filhos, entre outras.

As escalas possibilitaram uma eficiência na coleta de dados e na avaliação sobre a capacidade funcional dos idosos, somado a diálogos, descobriram-se atividades que tinham maior dependência e precisavam da ajuda do cuidador. O ABVD possibilitou identificar independências nas necessidades básicas diárias de auto-cuidado, como banho, vestimenta, higiene pessoal, transferência, continência e alimentação, classificando como sim ou não quanto ao grau de independência. A AIVD de Lawton, se identificou alterações nas funcionalidades biomecânicas essenciais do cotidiano, desde tarefas complexas a mais simples como cuidar de finanças à utilização de telefone. A escala de Pfeffer avaliou a perda de funcionalidade em atividades instrumentais de vida diária relacionada a perda cognitiva, sendo de grande relevância a participação de um cuidador para responde-la. Na GDS, houve um pouco de distinção na resposta do idoso com o comportamento observado e seu relato durante aplicação, percebido em questões sobre o bom humor e aborrecimento, cumprindo aos ligantes marcar a opção mais exequível. Observou-se presença de vários idosos dependentes e com risco de depressão.

O MEEM dependia da leitura e do raciocínio lógico dos idosos para serem respondidas. Dado que alguns idosos eram analfabetos ou tinham pouca escolaridade, vários idosos pontuaram mais baixo e tiveram dificuldade na compreensão dos comandos do teste, mas o teste de fluência verbal complementou a avaliação cognitiva reduzindo o impacto da escolaridade. Quanto o IVCF-20, um instrumento novo, foi de fácil aplicabilidade, porém na maioria dos idosos os dados foram coletados perguntando-se ora do idoso ora do familiar, tornando as informações mais precisas.

A utilização das escalas nos trouxeram conhecimentos quanto a flexibilidade e a importância da observação na utilização desse tipo de instrumento para cada tipo de idoso, pois como perceptível nas práticas, pode ser que algum idoso por falta de escolaridade, e não por perda da capacidade funcional, não saiba realizar os comandos citados. A partir disso, elaborou-se um plano de intervenções e alternativas que facilitasse as atividades diárias das idosos, sem causar grandes desgastes e estresse para o cuidador (ora) e/ou familiar.

Também foram identificados casos de maus tratos, os quais foram encaminhados para as autoridades competentes.

Considerações finais: Uma equipe de saúde multidisciplinar precisa atuar de forma integrada e compartilhando conhecimentos para que o atendimento aconteça de forma efetiva. A aplicação dos instrumentos de avaliação do idoso na LAGGEAM em visita domiciliar, possibilitou aos acadêmicos conhecimentos e habilidades na identificação dos idosos em situação de vulnerabilidade, e proporcionou o maior conhecimento sobre os tipos de instrumento que podem ser utilizados para que seja realizada a anamnese do idoso de forma mais efetiva propiciando assim a oportunidade de uma assistência qualitativa no atendimento das necessidades à população idosa. Todos os acadêmicos que participam possam partilhar experiências visando futuramente proporcionar uma nova visão sobre a atenção a saúde do idoso.

Palavras-chave


Idoso; Visita domiciliar; equipe multidisciplinar; instrumentos para gestão da atividade científica.