Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PARTICIPAÇÃO SOCIAL COMO ESTRATÉGIA PARA O FORTALECIMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Clísten Alves Corrêa, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Herika Paiva Pontes, Karla Maria Carneiro Rolim, Maria Solange Nogueira dos Santos, Mirna Albuquerque Frota, Mírian Calíope Dantas Pinheiro, Henriqueta Ilda Verganista Martins Fernandes

Última alteração: 2018-01-11

Resumo


Apresentação: A partir da Constituição Federal do Brasil de 1988 iniciou o processo de criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que foi consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas da Saúde, n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nestas as diretrizes e normas que direcionam o novo sistema de saúde, bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamento, critérios de repasses para os estados e municípios, além de disciplinar o controle social em conformidade com as representações dos critérios estaduais e municipais de saúde. O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a coletividade, possibilitando, com isso, um novo olhar às ações, serviços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princípios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde; Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político-administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hierarquização. A participação popular e o controle social em saúde, dentre os princípios do SUS destacam-se como de grande relevância social e política, pois se constituem na garantia de que a população participará do processo de formulação e controle das políticas públicas de saúde. No Brasil, o controle social se refere à participação da comunidade no processo decisório sobre políticas públicas e ao controle sobre a ação do Estado. Nesse contexto, enfatiza-se a institucionalização de espaços de participação da comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia da participação no planejamento do enfrentamento dos problemas priorizados, execução e avaliação das ações, processo no qual a participação popular deve ser garantida e incentivada. Esses espaços institucionalizados são os Conselhos e Conferências de saúde que assegura a população o direito de participar de forma ativa e organizada. Apesar de o SUS ter sido fruto das lutas populares e de haver espaços para que o povo possa participar, essa participação não se efetivou por grande parte da população, ficando o SUS enfraquecido. O presente estudo teve como objetivo realizar uma busca na literatura acerca da participação social como estratégia para o fortalecimento do SUS. Desenvolvimento: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica no mês de junho de 2017 nas bases de dados SciELO e LILACS com a utilização associada dos descritores: participação social, Sistema Único de Saúde (SUS) e controles formais da sociedade. Os critérios de inclusão foram: artigos científicos com o texto disponibilizado na íntegra, publicados no período de 2007 a 2017, com o idioma em inglês, português espanhol. Após a leitura minuciosa dos artigos selecionados as informações extraídas foram analisadas de forma descritiva. Resultados: Na busca inicial foram identificadas 28 publicações, sendo 16 na LILACS e 12 na SciELO, foram excluídos estudos em duplicidade e que não atendiam ao tema proposto, restando 8 artigos que compuseram a amostra final. A participação da comunidade é essencial para o funcionamento do SUS. O relatório da 8ª Conferência Nacional de Saúde reafirma que é necessário a estimulação, o fortalecimento da mobilização social e a participação da população nos diversos setores da sociedade, visando à efetivação e ao fortalecimento do controle social pelos meios legais disponíveis, na formulação e na execução das políticas públicas direcionadas à construção do SUS desejado para população. Os Conselhos de Saúde são órgãos colegiados, de caráter permanente e deliberativo. Definem o que deve ser feito, fiscalizam e avaliam o que foi feito. Ao Estado cabe o papel governar, enquanto que a comunidade organizada, por meio das entidades representativas, exerce a função de administrar, cuidando do interesse coletivo. No entanto, estudos constataram que essas ações nem sempre correspondem ao verdadeiro papel do conselho ou são realizadas de forma fragmentada. O Conselho tem papel importante na saúde do município, porém a atuação e as ações desenvolvidas mostram-se de forma superficial e pouco efetiva. Dessa forma, há uma quebra no elo entre o conselho e a sociedade, o fato dessa interação não ocorrer pode contribuir para a diminuição do interesse popular em se envolver no controle social. O que se observa é que a participação e o controle social não estão efetivados em plenitude. Contribui para isso a falta de informação e a existência de interesses múltiplos para que a população não saiba que possui direitos e que pode exigi-los. Ao transferir poderes a seus representantes, o cidadão define uma carga de participação da sociedade nas decisões sobre as políticas públicas, ressaltando que estes responderão não apenas aos interesses pessoais e sim do coletivo. Assim, ao falar de controle social não se pretende apenas que se consigam implantar mecanismos que reduzam, eliminem ou previnam os desperdícios e os desvios na aplicação dos recursos públicos. Busca-se assegurar que os gestores públicos se comprometam com a excelência na concepção e implementação dos programas, projetos, ações e serviços de saúde. De um lado, portanto, o controle tem um sentido de vigilância e responsabilização. Do outro, tem o sentido de efetividade e compromisso com a coisa pública. Embora esteja prevista na lei, a participação social é um processo, em permanente construção, que comporta avanços e recuos, e, por muitas vezes, depende de ampla mobilização da comunidade na defesa de seus direitos.

Considerações finais: Apesar de suas contradições e fragilidades, os Conselhos têm sua importância, num país como o Brasil, em que a cultura de submissão ainda está arraigada na maioria da população e em que o público é tratado como posse de pequenos grupos de privilegiados. É preciso que o controle social aconteça na prática, para que não fique apenas em lei e que a sociedade civil ocupe de modo pleno e efetivo esses diversos espaços de participação social. Dessa forma, buscar fortalecer a gestão participativa, nas três esferas de governo, entre todos os setores e os Conselhos de Saúde, no sentido de contribuir para articular, mobilizar e estimular a participação popular na elaboração e modificação dos termos de compromisso do pacto de gestão, para defender o SUS, mudança no modelo de atenção e fortalecer a participação popular, com vistas a uma atenção à saúde universal e de qualidade, são alguns dos desafios a serem enfrentados. Por fim, devemos instituir e proporcionar condições para que a democracia participativa se efetive na prática e que a sociedade civil se torne protagonista nesse processo de controle social em políticas públicas de saúde, pleiteando constituir um Brasil, como referência mundial, em boas práticas na área de fiscalização e controle social em saúde.


Palavras-chave


Participação Social, Sistema Único de Saúde (SUS), controles formais da sociedade.