Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Educação permanente de Agentes Comunitários de Saúde, uma forma de fortalecer o SUS
Samira Fernandes Morais dos Santos, Rayane Santos Lucena, Alexandra do Nascimento Cassiano, Camila Ribeiro de Aquino, Carla Monique Ribeiro de Aquino, Talles Figueiredo Moura, Viviane de Sousa Lira

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


A atenção básica é considerada o principal meio de comunicação com a rede de atenção à saúde, além de porta preferencial de acesso dos usuários ao sistema de saúde pública. Devido a isso, as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) devem estar inseridas em meio à comunidade. Esta localização privilegiada viabiliza o acesso da população à rede, promove uma atenção à saúde de qualidade, eficaz e resolutiva, favorecendo o desenvolvimento de um trabalho voltado para prevenção de doenças e agravos, visando principalmente à promoção da saúde.

Para tanto, o trabalho realizado nas unidades é desenvolvido por equipe multiprofissional, que por meio da atuação interdisciplinar buscam conceber e prestar assistência à saúde da população de forma integral, reorientando o processo de trabalho da atenção básica que passa a ser centrado na promoção da saúde.

Diante do contexto, o programa de Residência Multiprofissional em Saúde Materno-infantil, desenvolvido no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), localizado no município de Santa Cruz/RN, proporcionou a uma equipe de residentes composta por assistente social, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista e odontólogo, a possiblidade de atuação no campo supracitado.  Promovendo assim o exercício e vivências para além do âmbito hospitalar, de modo a atender as requisições da política de atenção básica ao desenvolver um trabalho de forma multiprofissional e interdisciplinar, visando à interação das competências para garantir respostas efetivas às demandas apresentadas.

As atividades desenvolvidas pelos residentes no contexto da UBSF tiveram um caráter educacional e ocorreram tanto a partir de práticas de Educação em Saúde voltadas para a comunidade, quanto através de atividades de Educação Permanente (EP) com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de educação permanente vivenciada por uma equipe multiprofissional durante o estágio da Residência Multiprofissional de Saúde ocorrido em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF).

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. O cenário de prática da equipe multiprofissional correspondeu em uma unidade básica de saúde no município de Santa Cruz, interior do estado do Rio grande do Norte, a qual possui uma população adstrita de, aproximadamente, 3.000 pessoas, distribuídas geograficamente em sete microáreas. Quanto aos recursos humanos, o serviço conta com um médico, uma enfermeira, sete Agentes Comunitários de Saúde, dois técnicos de enfermagem, um administrador e um Auxiliar de Serviços Gerais (ACG).

A partir do diálogo estabelecido entre a equipe de residentes e a de profissionais da instituição supracitada, foram discutidas as necessidades da população, a fim de planejar a execução das ações de intervenção de acordo com as necessidades da mesma. Para tanto, uma das ações escolhidas para ser desenvolvida foi a de educação permanente de ACS, uma vez que, por estes profissionais estarem em contato permanente com as famílias, são considerados o elo principal entre a equipe de saúde e a população assistida pela UBSF.

Dentre as atribuições dos Agentes Comunitários de Saúde estão: coletar informações referentes às necessidades de saúde da população; orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis; acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade; desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade,

As atividades desenvolvidas pelos residentes ocorreram uma vez por semana, em junho de 2014, na própria UBSF e foram realizadas no formato de rodas de conversas. Objetivaram propiciar tanto uma melhor qualidade de vida a esses profissionais, quanto ações de educação em saúde voltadas aos problemas de saúde apresentados pela comunidade e, consequentes, possibilidades de intervenção na região.

No que se refere à qualidade de vida, houveram orientações acerca da ergonomia e da importância do uso do protetor solar, principalmente durante as atividades de visitas aos domicílios, as quais proporcionam aos ACS uma alta exposição solar. As discussões sobre os problemas de saúde da comunidade ocorreram através de estudos de casos das visitas domiciliares, anteriormente realizadas pelos residentes no bairro. Nestes momentos, foram expostas e debatidas as demandas de saúde, contextos familiares e estruturais, bem como as possibilidades de intervenção pelos Agentes frente as necessidades surgidas durante as visitas.

Posteriormente, foi realizada uma oficina educativa em saúde mental, temática sugerida pelos próprios ACS, em virtude das constantes demandas presentes na comunidade. Neste momento, foram discutidos os assuntos acerca dos transtornos mentais e sofrimentos psíquicos mais comuns na comunidade assistida, as características das instituições da cidade que possuem psicólogo no município e as possibilidades de atuação dos ACS frente à essas demandas.

Vale acrescentar que, na presente UBSF, houve uma resistência inicial por parte dos Agentes Comunitários em participar das atividades sugeridas, em virtude da indisponibilidade de tempo. Tornaram-se necessárias modificações e adequações da proposta e do cronograma que haviam sido anteriormente pensados a fim de se adequar a disponibilidade dos profissionais da instituição referida.

Ao término das atividades, através do retorno positivo por parte dos usuários, pôde-se perceber a relevância das atividades de educação permanente no contexto da atenção básica. A partir da realização destas ações, considerou-se que elas são imprescindíveis para a oferta de uma atenção primária de qualidade aos usuários. Pois, quando o ACS está mais capacitado para intervir de acordo com as necessidades da população e possui conhecimento das atitudes que podem ser tomadas, é possível lhes fornecer um serviço mais resolutivo.

As atividades desenvolvidas possibilitaram a elaboração de novas estratégias por parte dos ACS, pois os residentes identificaram problemas de saúde na comunidade passíveis de serem resolvidos e/ou minimizados com atitudes simples por parte desses profissionais. A educação permanente em saúde propõe a formação de um profissional crítico, que possa trabalhar em equipe e considerar a realidade social para prestar uma assistência humana e de qualidade. Considera-se que dessa forma, é possível promover impactos positivos na modificação ou inserção de novas condutas e no estreitamento da relação entre o serviço de saúde e usuários, no contexto da atenção básica.

Palavras-chave


Educação Permanente; Agentes Comunitários de Saúde; Sistema Único de Saúde