Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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UTILIZAÇÃO DE PROJETOS APLICATIVOS COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL INOVADORA EM SAÚDE: EXPERIÊNCIA DA ESPECIALIZAÇÃO DE PRECEPTORIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Daiene Rosa Gomes, Ítalo Ricardo Santos Aleluia, Maria Carolina Martins Mussi, João Maurício Moreira Araújo, Ângelo Rossi Neto, Julianna Joanna Carvalho Moraes De Campos Baldin, Ivonete Almeida Souza Martins, Laila Da Cruz Ramalho

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


APRESENTAÇÃO

A integração entre a teoria e a prática e entre o mundo do trabalho e da aprendizagem é um importante eixo educacional de currículos orientados por competência e baseados em metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Por meio desse eixo, utilizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês – IEP/HSL, o desenvolvimento de capacidades para intervenção e transformação da realidade gera projetos – que se denominam projetos aplicativos e acredita-se que sejam potentes, viáveis e factíveis. Essas características do projeto aplicativo (PA) tornam sua construção um desafio instigante. O processo de construção do PA contribui para o desenvolvimento do pensamento estratégico, para uma análise qualificada dos contextos que envolvem as práticas de saúde e, particularmente, o mundo do trabalho. Nesse sentido, o presente estudo tem o objetivo de relatar a experiência do desenvolvimento do PA por especializandos do curso de Preceptoria do SUS e Preceptoria de Residência Médica no SUS.

 

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

O PA foi construído por um grupo de profissionais da saúde participantes do Curso de Especialização em Preceptoria do SUS e Especialização em Preceptoria de Residência Médica no SUS e ofertado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês (IEP-HSL) em parceria como o Ministério da Saúde (MS), a partir do Programa de Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) e Instituições de Ensino Superior do país.

O PA teve como base os fundamentos do Planejamento Estratégico Situacional. A proposta do PA foi iniciada a partir da análise detalhada dos problemas da atuação dos preceptores da residência médica, através de técnicas e ferramentas específicas de análise situacional para identificar os problemas a serem enfrentados, partindo do conhecimento da realidade e análise de viabilidade. O processo de escolha dos problemas e macroproblemas ocorreram através da realização da oficina de trabalho de identificação problemas na preceptoria a partir do contexto real. A proposta metodológica do curso de preceptoria nos conduziu a refletir à luz dos problemas reais que a preceptoria encontra-se imersa e, por meio de discussões e relatos de experiência na vivência da preceptoria, vários movimentos foram realizados para a construção problemas até se conseguir um consenso da seleção do macro-problema a ser priorizado pelo grupo.

1º Movimento: inicialmente, todos os membros do grupo escreveram nas tarjetas os problemas vivenciados e observados na preceptoria da residência médica hospitalar, considerando o grau de viabilidade na qual se pretende intervir. Cada participante elegeu dois desconfortos em relação ao contexto da preceptoria na residência médica. Posteriormente houve exposição das tarjetas em mural, possibilitando a visualização de todos os problemas listados.

2º Movimento: Identificação do conjunto de problemas apontados, seguindo do esclarecimento das ideias individuais e proporcionando o agrupamento de ideias afins e depois definir os macro-problemas.

3º Movimento: Considerando os problemas elegidos, iniciou-se a construção da matriz decisória. Adotou-se a matriz decisória que prioriza os problemas no sistema de saúde segundo quatro critérios (relevância, prazo/urgência, factibilidade, viabilidade). Em todos os critérios foram levantadas as evidências para indicar a seguinte pontuação: baixa (0); significativa (1); alta (2); e muito alta (3).

4º Movimento: Realizou-se o levantamento e mapeando dos atores sociais relacionados ao contexto de geração e/ou manutenção desses problemas, mediante a aplicação da matriz de valor e interesse. Para cada problema foi atribuída uma classificação de valor: “baixo”, “médio” ou “alto”. Para cada problema foi expresso o interesse do ator em três sinalizações: (1) negativo (-); (2) positivo (+) e (3) indiferente (neutro).

5º Movimento: Partiu-se para a explicação do problema através da construção da árvore explicativa – “Árvore de Problemas”, identificando causa, descritores, consequência e nó crítico de acordo com o problema.

6º Movimento: Seguiu-se com a construção do plano de ação/intervenção, ou seja, a definição da situação futura desejada e as ações que visam resultados, tomando como referência o nó crítico. Nesse curso adotou-se o plano de ação simplificado, que é uma ferramenta que planeja a elabora a proposta de enfrentamento para cada nó crítico, a partir da imagem objetivo (resultados esperados), identificando as ações/atividade, os responsáveis pela execução, os indicadores, os recursos necessários e a determinação de prazos para execução.

7º Movimento: Realizou-se a construção da matriz de análise de motivação em relação aos interesses e valores dos atores sociais permitindo identificar as ações conflitivas do plano de ação. Nessa matriz, a viabilidade foi classificada como alta, média, ou baixa, a depender da disponibilidade dos recursos disponíveis para viabilizá-las. Para a construção da matriz considerou-se os seguintes itens: (1) tempo necessário para que a ação seja viabilizada; (2) recursos financeiros e humanos; (3) responsáveis envolvidos; (4) disponibilidade de tecnologia para a execução da ação. Para a gestão do plano, realizou-se a condução do plano, seu monitoramento, a identificação das dificuldades e as correções necessárias a serem efetivadas nas atividades propostas, uma vez que não basta ter um plano de ação bem formulado, é fundamental, também, construir um sistema de gestão que (1) coordene e acompanhe a execução das ações; (2) promova a comunicação e integração dos envolvidos; (3) faça as correções de rumo necessárias; e (4) garanta que ele seja efetivamente implementado.

IMPACTOS

A construção do projeto aplicativo possibilitou o desenvolvimento da aprendizagem coletiva, além do respeito aos tempos de aprendizagem, às singularidades e às subjetividades dos participantes. O percurso do desenvolvimento do PA possibilitou o aprimoramento do potencial de inovação e criatividade, gerando o desenvolvimento do pensamento estratégico, com uma análise detalhada do contexto real das práticas de saúde. Essa iniciativa educacional possibilita colocar em prática os desejos dos participantes e ainda produziu apoio e inovações para a transformação de práticas, processos ou produtos na área da saúde e no contexto do sistema de saúde brasileiro. Nesse processo potencial da produção de mudanças, observamos o quanto é fundamental que as propostas de intervenção atendam aos requisitos de viabilidade e factibilidade em sua concretização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa iniciativa educacional possibilita acompanhar o desenvolvimento do grupo e permite o desenvolvimento das capacidades de antecipar e de intervir na realidade que precisam ir além dos elementos instituídos pelas políticas vigentes e da aplicação eficiente de recursos escassos, como parâmetros e objetivos a serem alcançados, uma vez que na produção do cuidado em saúde é preciso ousar para o desenvolvimento de ações efetivas para o usuário. Nesse sentido, essa incorporação de novos protagonistas, acrescentando diferentes olhares e perspectivas para promover as mudanças, mostrou-se um bom ponto de partida para ampliar as capacidades de criação e inovação da formação em saúde.


Palavras-chave


Educação na Saúde; Sistema Único de Saúde; Formação em Saúde; Preceptoria no SUS.