Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERCEPÇÃO DAS GESTANTES FRENTE À INTERDISCIPLINARIDADE NA ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL
Maria Solange Nogueira dos Santos, Carlos Felipe Fonteles Fonteneles, José Amilton Costa Silvestre, Suzane Passos de Vasconcelos, karla Maria Carneiro Rolim, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque, Fernanda Jorge Magalhães, Maxwell Arouca da Silva

Última alteração: 2017-12-21

Resumo


A atenção à saúde materna e infantil é tida como prioridade nas políticas públicas de saúde com destaque aos cuidados durante o período gestacional. Essas políticas tiveram um grande desenvolvimento devido às altas taxas de morbimortalidade materna e infantil, estendendo-se também ao pré-natal, tendo em vista o grande impacto que esta produz na saúde da mulher e do feto. A grande finalidade da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, de forma a assegurar no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal, sendo concluída somente depois da consulta puérpera. Para sua qualidade, faz-se necessário construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa como um todo e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive. Durante o período gravídico a mulher passa por uma das fases mais conturbadas de sua vida, com mudanças fisiológicas, anatômicas e psicológicas que precisam ser enfrentadas, com necessidade de adaptação. Apesar de tantas mudanças ocorrerem durante esse período, na maioria das vezes, a gestação tem sua evolução sem intercorrências, porém requer cuidados especiais mediante assistência pré-natal, com o objetivo de acolher e acompanhar a mulher durante a gravidez. No cenário brasileiro, a preocupação com a saúde materno-infantil remonta à década de 1940, com a criação do Departamento Nacional da Criança, que enfatizava não somente cuidados com as crianças, mas também com as mães, no que se referia à gravidez e amamentação. A criação do Programa Rede Cegonha como forma de assegurar um acompanhamento de qualidade, o qual tem como princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) a universalidade, a equidade e a integralidade materno-infantil. A rede prioriza o acesso ao pré-natal precoce, garante o acolhimento com classificação de risco e vulnerabilidade, vinculação da gestante a unidade de referência e ao transporte seguro, segurança na atenção ao parto e nascimento, atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade, além de acesso as ações do planejamento reprodutivo. O atendimento integral às necessidades da gestante implica que este seja organizado para atendê-la durante a gestação e após o parto, utilizando meios e recursos adequados para cada situação. O SUS - prevê atendimento durante todo o período gravídico-puerperal por meio de ações de promoção, prevenção e acompanhamento da gestante e do recém-nascido, nos diferentes níveis de atenção à saúde - do atendimento básico ao hospitalar. Desta maneira, destaca-se a importância da promoção de estratégias educativas e espaços de escuta nos serviços de saúde que assistam mulheres gestantes e as ajudem entender e viver de forma saudável esse período. Neste sentido os “Grupos de Gestantes” em Unidades Básicas de Saúde, é um espaço dinâmico centrado nos aspectos educativos, os quais possibilitam seus participantes a expressarem seus medos, angústias, fantasias, inseguranças e dúvidas sobre as modificações que estão acontecendo com o próprio corpo, permitindo esclarecimentos mediante orientações pertinentes ao ciclo gravídico-puerperal. Objetivou-se relatar a experiência de educação em saúde para um grupo de mulheres grávidas e conhecer a percepção das mesmas sobre o pré-natal. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, na modalidade de relato de experiência, a partir de um o grupo de gestantes do Centro de Saúde da Família localizado no Município de Sobral, Ceará. O Grupo acontece na própria Unidade Básica de Saúde (UBS), e tem como cuidadores uma enfermeira e a equipe multidisciplinar de Residência em Saúde da Família que é composta por farmacêutico, dentista, assistente social, educador físico e psicólogo.  O período do estudo ocorreu nos meses de março a junho do ano de 2017, a coleta e organização dos dados ocorreram no período de julho a setembro do referido ano. Resultados: O trabalho grupal deve ser utilizado como estratégia do processo educativo, pois a construção deste acontece a partir das interações entre seres humanos de forma dinâmica e reflexiva. A técnica de trabalho com grupos promove o fortalecimento das potencialidades individuais e grupais, a valorização da saúde, a utilização dos recursos disponíveis e o exercício da cidadania, de maneira geral os grupos são desenvolvidos com a finalidade de complementar o atendimento realizado nas consultas, melhorar a aderência das gestantes aos hábitos considerados mais adequados, diminuir a ansiedade e compreender de forma mais clara os sentimentos que surgem neste período, permitem a aproximação entre profissionais e receptores do cuidado. O grupo é divulgado pelos Agentes Comunitários de Saúde e durante as consultas de pré-natal, acontecendo uma vez no mês sempre nas segundas-feiras no auditório da própria UBS no horário das 14h à 16h.  No encontro realizado o tema apresentado foi os benefícios de um acompanhamento interprofissional durante a gestação e a desmistificação do atendimento odontológico para gestantes. Após a atividade de educação em saúde realizou-se uma entrevista individual com cada gestante, a fim de conhecer a percepção das mesmas sobre o cuidado interdisciplinar no pré-natal. No decorrer das falas das gestantes foi observado que a grande maioria não tinha conhecimento sobre a importância e até mesmo a existência de outros profissionais que não fossem médicos e enfermeiros no pré-natal. Ficou claro que ainda existe uma lacuna nesse trabalho interdisciplinar, havendo assim a necessidade de um enfoque maior em atividades onde as gestantes possam se emponderar de tudo o que lhes é de direito. Pode-se observar que o trabalho de intervenção com grupo de gestantes atingiu bons resultados, pois, com a existência deste grupo houve uma complementação às consultas de pré-natal, criando um maior vínculo entre gestantes e familiares com a equipe da UBS e salientando a importância do trabalho interdisciplinar. Considerações Finais: Foi evidenciado que a assistência ao pré-natal ainda se encontra bastante voltada aos profissionais médicos e de enfermagem, necessitando de uma maior atenção a interdisciplinaridade, considerando então como um processo essencial por todos os membros que trabalham dentro da Estratégia de Saúde da Família e por todas as gestantes. Para tanto, deve‐se trabalhar na perspectiva da sensibilização desses atores sociais, de tal modo que a atenção interdisciplinar durante o pré‐natal passe a ser rotina nas UBS. Neste sentido, a Equipe Multidisciplinar deve sair do seu restrito espaço clínico e buscar a integralidade de ações junto aos demais profissionais de Saúde da Família

Palavras-chave


Atenção ao Pré-Natal;Interdisciplinaridade;Atenção Primária