Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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PERCEPÇÃO DAS GESTANTES FRENTE À INTERDISCIPLINARIDADE NA ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL
Última alteração: 2017-12-21
Resumo
A atenção à saúde materna e infantil é tida como prioridade nas políticas públicas de saúde com destaque aos cuidados durante o período gestacional. Essas políticas tiveram um grande desenvolvimento devido às altas taxas de morbimortalidade materna e infantil, estendendo-se também ao pré-natal, tendo em vista o grande impacto que esta produz na saúde da mulher e do feto. A grande finalidade da atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início da gravidez, de forma a assegurar no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal, sendo concluída somente depois da consulta puérpera. Para sua qualidade, faz-se necessário construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa como um todo e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive. Durante o período gravídico a mulher passa por uma das fases mais conturbadas de sua vida, com mudanças fisiológicas, anatômicas e psicológicas que precisam ser enfrentadas, com necessidade de adaptação. Apesar de tantas mudanças ocorrerem durante esse período, na maioria das vezes, a gestação tem sua evolução sem intercorrências, porém requer cuidados especiais mediante assistência pré-natal, com o objetivo de acolher e acompanhar a mulher durante a gravidez. No cenário brasileiro, a preocupação com a saúde materno-infantil remonta à década de 1940, com a criação do Departamento Nacional da Criança, que enfatizava não somente cuidados com as crianças, mas também com as mães, no que se referia à gravidez e amamentação. A criação do Programa Rede Cegonha como forma de assegurar um acompanhamento de qualidade, o qual tem como princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) a universalidade, a equidade e a integralidade materno-infantil. A rede prioriza o acesso ao pré-natal precoce, garante o acolhimento com classificação de risco e vulnerabilidade, vinculação da gestante a unidade de referência e ao transporte seguro, segurança na atenção ao parto e nascimento, atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade, além de acesso as ações do planejamento reprodutivo. O atendimento integral às necessidades da gestante implica que este seja organizado para atendê-la durante a gestação e após o parto, utilizando meios e recursos adequados para cada situação. O SUS - prevê atendimento durante todo o período gravídico-puerperal por meio de ações de promoção, prevenção e acompanhamento da gestante e do recém-nascido, nos diferentes níveis de atenção à saúde - do atendimento básico ao hospitalar. Desta maneira, destaca-se a importância da promoção de estratégias educativas e espaços de escuta nos serviços de saúde que assistam mulheres gestantes e as ajudem entender e viver de forma saudável esse período. Neste sentido os “Grupos de Gestantes” em Unidades Básicas de Saúde, é um espaço dinâmico centrado nos aspectos educativos, os quais possibilitam seus participantes a expressarem seus medos, angústias, fantasias, inseguranças e dúvidas sobre as modificações que estão acontecendo com o próprio corpo, permitindo esclarecimentos mediante orientações pertinentes ao ciclo gravídico-puerperal. Objetivou-se relatar a experiência de educação em saúde para um grupo de mulheres grávidas e conhecer a percepção das mesmas sobre o pré-natal. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, na modalidade de relato de experiência, a partir de um o grupo de gestantes do Centro de Saúde da Família localizado no Município de Sobral, Ceará. O Grupo acontece na própria Unidade Básica de Saúde (UBS), e tem como cuidadores uma enfermeira e a equipe multidisciplinar de Residência em Saúde da Família que é composta por farmacêutico, dentista, assistente social, educador físico e psicólogo. O período do estudo ocorreu nos meses de março a junho do ano de 2017, a coleta e organização dos dados ocorreram no período de julho a setembro do referido ano. Resultados: O trabalho grupal deve ser utilizado como estratégia do processo educativo, pois a construção deste acontece a partir das interações entre seres humanos de forma dinâmica e reflexiva. A técnica de trabalho com grupos promove o fortalecimento das potencialidades individuais e grupais, a valorização da saúde, a utilização dos recursos disponíveis e o exercício da cidadania, de maneira geral os grupos são desenvolvidos com a finalidade de complementar o atendimento realizado nas consultas, melhorar a aderência das gestantes aos hábitos considerados mais adequados, diminuir a ansiedade e compreender de forma mais clara os sentimentos que surgem neste período, permitem a aproximação entre profissionais e receptores do cuidado. O grupo é divulgado pelos Agentes Comunitários de Saúde e durante as consultas de pré-natal, acontecendo uma vez no mês sempre nas segundas-feiras no auditório da própria UBS no horário das 14h à 16h. No encontro realizado o tema apresentado foi os benefícios de um acompanhamento interprofissional durante a gestação e a desmistificação do atendimento odontológico para gestantes. Após a atividade de educação em saúde realizou-se uma entrevista individual com cada gestante, a fim de conhecer a percepção das mesmas sobre o cuidado interdisciplinar no pré-natal. No decorrer das falas das gestantes foi observado que a grande maioria não tinha conhecimento sobre a importância e até mesmo a existência de outros profissionais que não fossem médicos e enfermeiros no pré-natal. Ficou claro que ainda existe uma lacuna nesse trabalho interdisciplinar, havendo assim a necessidade de um enfoque maior em atividades onde as gestantes possam se emponderar de tudo o que lhes é de direito. Pode-se observar que o trabalho de intervenção com grupo de gestantes atingiu bons resultados, pois, com a existência deste grupo houve uma complementação às consultas de pré-natal, criando um maior vínculo entre gestantes e familiares com a equipe da UBS e salientando a importância do trabalho interdisciplinar. Considerações Finais: Foi evidenciado que a assistência ao pré-natal ainda se encontra bastante voltada aos profissionais médicos e de enfermagem, necessitando de uma maior atenção a interdisciplinaridade, considerando então como um processo essencial por todos os membros que trabalham dentro da Estratégia de Saúde da Família e por todas as gestantes. Para tanto, deve‐se trabalhar na perspectiva da sensibilização desses atores sociais, de tal modo que a atenção interdisciplinar durante o pré‐natal passe a ser rotina nas UBS. Neste sentido, a Equipe Multidisciplinar deve sair do seu restrito espaço clínico e buscar a integralidade de ações junto aos demais profissionais de Saúde da Família
Palavras-chave
Atenção ao Pré-Natal;Interdisciplinaridade;Atenção Primária