Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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REFLEXÕES DA GEOGRAFIA DA SAÚDE SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DOS MÉDICOS, ENFERMEIROS E LEITOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS
Larissa Cristina Cardoso dos Anjos, Adorea Rebello da Cunha Abulquerque, Rafael Esdras Brito Garganta da Silva

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


O presente trabalho tem o objetivo de expor a disponibilidade dos recursos físicos (leitos) e humanos (médicos e enfermeiros) na Região Metropolitana de Manaus (RMM), sob a perspectiva da Geografia da Saúde. Os procedimentos metodológicos envolveram o levantamento de estudos sobre a temática, a destacar: as discussões realizadas por Viana et al (2015) e Schefferet al.(2015) e o levantamento de dados secundários no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), onde as informações foram comparadas com parâmetros estabelecidos pelo Ministérios da Saúde (MS).

As informações foramorganizadas em planilhas do Excel, e posteriormente importadas para a plataforma ArcGIS 10.3, cuja as informações foram adicionadas na tabela de atributos do shapefiledos municípios que fazem parte da RMM, para a elaboração de mapas e gráficos. Ressalta-se que o recorte temporal utilizado para a discussão variou entre os anos de 2010 a 2015.

De acordo com os resultados obtidos pelo estudo de Viana et al. (2015), intitulado “Tipologia das regiões de saúde: condicionantes estruturais para a regionalização no Brasil”, as Regionais de Saúde do Brasil foram divididas em 05 grupos, apartir do levantamento do perfil socioeconômico e oferta de serviços de saúde. A classificação das regionais estabeleceu os 05 grupos: Grupo 1 – baixo desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de serviços de saúde; Grupo 2 – médio/alto desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de saúde;Grupo 3 – médio desenvolvimento socioeconômico e média oferta de serviços de saúde;Grupo 4 – alto desenvolvimento socioeconômico e média oferta de serviços de saúde; Grupo 5 – alto desenvolvimento socioeconômico e alta oferta de serviços de saúde.

Direcionando a pesquisa para a RMM, a regional de saúde Manaus e entorno foi classificada no grupo 4 (alto desenvolvimento socioeconômico e média oferta de serviços) e as demais regionais de saúde que compreendem a RMM (Rio Negro e Solimões e Médio Amazonas) foram classificadas no grupo 1, com baixo desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de serviços. No referido estudo, as regionais de saúde que englobam a RMM apresentaram disparidades em relação à oferta de recurso físico e humano.

Sobre a disponibilidade de médicos no país, o relatório de Demografia Médica no Brasil, realizado em 2015, aponta algumas considerações sobre a distribuição de médicos no Brasil e regiões administrativas. De acordo com Schefferet al. (2015), a razão nacional de médicos no país é de 2,11 médicos por 1.000 habitantes, mas a sua distribuição é desigual no território, onde a Região Norte concentrou 70% dos médicos nas capitais no ano de 2014, a capital do Amazonas com 2,08 médicos por 1.000 habitantes e o interior do estado com 0,13 médicos para atender 1.000 habitantes no ano de 2014.

Conforme a Base de Indicadores das Regiões de Saúde (BIRS, 2015), os municípios da RMM que apresentaram maior oferta de médicos por 1.000 habitantes, foram Manaus (1,52), Iranduba (0,91) e Manacapuru (0,66).  Apenas os municípios de Manaus, Iranduba, Presidente Figueiredo e Manacapuru apresentaram médico com atendimento particular. Em relação à oferta de enfermeiros na RMM, os municípios do Iranduba, Itapiranga, Rio Preto da Eva apresentaram maior oferta de enfermeiros por 1.000 habitantes, correspondendo a 1,09; 1,01 e 0,92, respectivamente.

Considerando a oferta de enfermeiros pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apenas Manaus e Manacapuru apresentam oferta de enfermeiros por serviços de saúde particular, no qual Manaus apresenta 0,66 médicos por 1.000 habitantes pelo SUS, e Manacapuru 0,71 médicos por 1.000 habitantes. Neste sentido, observa-se em relação à oferta de médicos dos municípios que compõe a RMM, apenas Manaus apresentou maior oferta de médicos em 2015, em contrapartida,02 municípios da Regional Manaus entorno de Manaus apresentaram maiores ofertas de enfermeiros por 1.000 habitantes (Iranduba e Rio Preto da Eva) e Itapiranga, município da Regional Médio Amazonas, ambos ultrapassando a capital do estado.

Em relação a oferta de leitos, o Ministério da Saúde (MS) estima a necessidade de leitos hospitalares de internação, com cerca de 2,3 a 3 leitos para cada 1.000 habitantes. Seguindo a orientação do Ministério da Saúde (MS) com a população da RMM entre os anos de 2010 a 2015, Itapiranga foi o único município da RMM a alcançar o número de leitos recomendado pelo MS, nos anos de 2010, 2011 e 2012. Os municípios de Manaquiri, Iranduba e Careiro apresentaram menores números de leitos por 1.000 habitantes, variando de 0,4 a 0,7 leitos.

Aplicando o cálculo do número de leitos recomendado pelo MS, tendo em vista à necessidade dos municípios da RMM, utilizando somente o número de leitos ofertados pelo SUS, o cenário da disponibilidade dos leitos se modificou nos municípios de Manaus e Presidente Figueiredo.

Portanto, nos referidos municípios, a disponibilidade de leitos ofertados pelo SUS se assemelha aos demais municípios da RMM, onde a capital do estado, mesmo abrangendo a alta complexidade, apresentou menor disponibilidade de leitos de municípios que se apresentam como baixa complexidade no plano de regionalização de saúde, a exemplo, Itapiranga e Silves.

Comparando a classificação dos grupos da tipologia das regiões realizada por Viana et al. (2015) e a disponibilidade de leitos na RMM, todos os municípios da RMM se classificam no Grupo 1, devido à baixa oferta de leitos nos hospitais.

A RMM engloba 13 municípios, em uma área 127.168,682 Km²com população de ‎2. 210.647 hab. (IBGE, 2010), na qual 82% da população metropolitana está concentrada na capital do estado, representando 1.802.014 hab. Portanto, os 193.879 habitantes da RMM (exceto Manaus) estão distribuídos em 115.767.590 Km².

Devido a essa discrepância populacional e territorial na RMM, Sousa (2013) ressalta que a sua extensão territorial é heterogênea, sob o ponto de vista da produção socioespacial, no entanto, a RMM não pode ser explicada apenas pelo ângulo dos seus pontos cardeais, um recurso que pouco explica a realidade dos lugares. A realidade desses lugares se difere no espaço metropolitano, tanto pela Geografia Física da região, quanto pelos aspectos econômicos, sociais e culturais e principalmente pela situação da população nos territórios, no que se refere a população rural e urbana

Destaca-se que a população da RMM, (exceto na capital) encontra-se dispersa no território, e apresentando baixa densidade demográfica, principalmente nos municípios de Novo Airão, com 0,39 habitantes por Km², Presidente Figueiredo com 1,07 habitantes por Km² e Itapiranga com 1,94 habitantes por Km², apresentando-se como os municípios com menores densidades demográficas da RMM. Em contrapartida, Manaus, Manacapuru e Iranduba, apresentam maiores densidades demográficas, com 158,06, 18,42 e 11,62 habitantes por Km², respectivamente (IBGE, 2010).

A RMM engloba o município do Brasil com maior proporção da população morando na área rural, representando pelo município do Careiro da Várzea, com 04% (1.000) da população morando na cidade, enquanto a capital do estado concentra 99% (1.792,881) da população na cidade.

Considerando os parâmetros do MS, no que se refere à distribuição de recursos físicos e humanos, os municípios da RMM permaneceram como número de médicos, enfermeiros e leitos bem abaixo do recomendado, e do ponto de vista da Geografia da Saúde, as informações discutidas no presente estudo direcionam para uma análise catastrófica da saúde, principalmente quando são relacionadas às particularidades da Geografia Física e humana da Amazônia.


Palavras-chave


geoprocessamento; RMM; recursos.