Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Prevenção do suicídio: Validação de uma tecnologia educativa voltada para os acadêmicos da área da saúde da Universidade do Estado do Amazonas.
Anelys Feitoza Siqueira, Iury Pedro Bento Barbosa, Darlisom Sousa Ferreira, Wagner Ferreira Monteiro, Sônia Maria Lemos, Vanessa Mendes Calmont

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Introdução: O suicídio é o ato de tirar a própria vida. Ele é considerado um fenômeno complexo que apresenta diversas causas, sendo que quase sempre é impossível definir somente uma como responsável. Fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, culturais e espirituais podem ser apontados como desencadeantes de uma ideação suicida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, cerca de 800.000 pessoas tiram suas próprias vidas, porém observa-se que as tentativas de suicídio são de 10 a 20 vezes mais frequentes que o suicídio em si. Muitos jovens que estão entrando ou cursando a universidade encontram-se na faixa etária na qual, segundo a OMS, o suicídio é a segunda principal causa de morte (entre 15 e 29 anos), além disso, a universidade vem como um meio repleto de novas vivências, cobranças e dificuldades, o que a torna propícia ao adoecimento mental. É comum encontrarmos universitários com sua saúde física e/ou mental prejudicada de alguma forma e os inúmeros relatos de fatores de estresse somente evidenciam a necessidade de um olhar atento à saúde mental desses estudantes. O ambiente estressante, dificuldades financeiras, elevadas expectativas, estudar em local distante do núcleo afetivo de origem, dificuldade de adaptação do estudante às exigências do ensino superior, demandas associadas à conclusão do curso e expectativas com o mercado de trabalho, tornar-se um cuidador precoce, além de depositório de angústias, dores e anseios de familiares e pacientes, privação de sono e carga de trabalhos e/ou estudos excessiva, são somente alguns dos fatores apontados como principais desencadeadores de problemas de saúde mental entre universitários. Uma forma de atuar nessa conjuntura é se utilizar a Tecnologia Educativa (TE) para mediar a disseminação da informação acerca da prevenção do suicídio. A TE é considerada um conjunto de conhecimentos científicos que tornem possível o planejamento, a execução, o controle e o acompanhamento do processo educacional. Ela é apropriada para o trabalho em saúde, da prevenção à recuperação, em que a educação em saúde para o bem viver das pessoas é essencial. Este resumo tem o objetivo apresentar uma tecnologia educativa como estratégia para a disseminação de informação e prevenção do suicídio. Desenvolvimento: A validação da tecnologia educativa no formato cartilha denominada “Prevenção do suicídio” foi elaborada por meio de pesquisa metodológica, na qual se utilizou de maneira sistemática os conhecimentos existentes para elaboração de uma nova intervenção ou melhora significativa de uma intervenção existente. A pesquisa metodológica serve para desenvolver e validar instrumentos, como a TE, e costuma envolver métodos complexos e sofisticados. A validação é um processo em que se examina, com precisão, determinado instrumento ou inferência realizada a partir de escores estabelecidos. Nesta pesquisa, foi realizada a validação de conteúdo da TE, esta se refere à análise minuciosa do conteúdo de um instrumento, com objetivo de verificar se os itens propostos constituem uma amostra representativa do assunto que se tenciona medir. Os instrumentos foram submetidos a apreciação de peritos no assunto, os quais fizeram sugestões, correções, acrescentaram ou modificaram itens. Para a validação de conteúdo, utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC). O valor de concordância padrão para estabelecer a excelência da validade de conteúdo de que se está medindo pode variar de 70 a 100%. O método utilizado para a obtenção do consenso entre os especialistas foi a Técnica de Delphi. A técnica se utiliza de diversas rodadas de questionários entre os experts no assunto em pauta, que irão se manifestar sobre o instrumento a ser validado. Os juízes-especialistas foram selecionados de acordo com sua reconhecida expertise no assunto da TE, sua vivência e seu grau de conhecimento na área. Após a seleção dos juízes-especialistas, os mesmos receberam um convite para participar da pesquisa; os que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Cada juiz recebeu então um kit contendo uma via da TE e um questionário com uma Escala de Likert para ser preenchido. Assim se realizou a primeira rodada da Técnica de Delphi, a qual foi seguida pela análise dos dados dos questionários preenchidos pelos juízes. Após a reformulação da TE baseada nos apontamentos dos juízes, é realizada a segunda rodada de aplicação dos questionários e assim se segue até que haja convergência das respostas ou o nível de consenso seja atingido. Resultados: A validação de conteúdo do material foi realizada junto a 13 juízes, sendo eles das áreas de: Design, Enfermagem, Medicina, Pedagogia e Psicologia. Os juízes tinham entre 20 e 63 anos, sendo que 61,5% deles eram do sexo masculino e 38,5% eram doutores. As áreas de titulação dos juízes eram: Ciências Socioambientais, Design, Educação, Enfermagem Psiquiátrica, Psiquiatria, Saúde Coletiva, Saúde Mental e Saúde Pública. O questionário preenchido pelos juízes-especialistas era composto por três blocos: Objetivos (bloco 1); Estrutura e apresentação (bloco 2); e Relevância (bloco 3). A Escala de Likert continha os termos: Totalmente adequado (TA); Adequado (A); Parcialmente adequado (PA); e Inadequado (I). Após a análise dos dados, observou-se que, no bloco 1, as respostas mais prevalentes foram: TA (32,31%) e PA (27,69%); no bloco 2, foram: A (33,97%) e TA (28,85%); e, no bloco 3, foram: TA (38,46%) e A (36,92%). O Índice de Validade de Conteúdo (IVC) encontrado foi de 65% de concordância entre os juízes. Conclusão: A saúde mental dos universitários, principalmente da área da saúde, tem sido tema de diversas pesquisas atualmente e elas vêm mostrando a necessidade de um cuidado com essas pessoas. As pesquisas apontam uma grande quantidade de estressores, o que ocasiona a maior prevalência de depressão, ansiedade e síndrome de burnout nesta classe. Visto que a presença de um transtorno mental é um forte fator de risco para suicídio, a necessidade de um instrumento que vise enfrentar esse problema se faz presente. Essa relevância da TE “Prevenção do suicídio” foi confirmada durante a primeira rodada da Técnica de Delphi, porém o instrumento obteve IVC total de 65%, enquanto era necessário um IVC mínimo de 70% para sua validação. Assim ainda há necessidade de ajustes na TE baseados nas avaliações e considerações dos juízes-especialistas, principalmente nos blocos de Objetivos e Estrutura e apresentação, já que nestes foram observadas avaliações mais baixas. A segunda rodada será realizada seguindo a mesma metodologia e posteriormente haverá a avaliação do instrumento pelo público-alvo, os acadêmicos da área da saúde da Universidade do Estado do Amazonas.

 


Palavras-chave


Suicídio; Tecnologia Educacional; Educação em Saúde