Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ORGANIZANDO O PROJETO VER-SUS NO ESTADO DO PARÁ
Eric Campos Alvarenga, Mayara Sabrina Luz Miranda, Regina Fátima Feio Barroso, Liliane Silva do Nascimento

Última alteração: 2018-01-24

Resumo


Aqui narraremos nossas vivências enquanto comissão organizadora do projeto VER-SUS no estado do Pará no ano de 2016. Para tal, contaremos esta história contextualizando o que é o projeto do VER-SUS, como esta vivência foi sendo construída ao longo de 2016 e o que reverberou dela nas vidas daqueles que foram atravessados por ela. O VER-SUS é uma proposta do Ministério da Saúde em parceria com a Rede Unida, Conselho Nacional de Secretários de Saúde/CONASS, Conselho Nacional de Secretárias Municipais de Saúde/CONASEMS, União Nacional dos Estudantes/UNE, Gestores municipais e outras entidades, com finalidade de proporcionar Vivências e Estágios no Sistema Único de Saúde (SUS), oportunizando espaços privilegiados de interação e imersão no cotidiano das organizações de redes e sistemas de saúde para discentes universitários da área da saúde e outras áreas do conhecimento, favorecendo a apropriação dos princípios e diretrizes do SUS a partir da observação vivencial. Experiências anteriores do projeto VER-SUS na Universidade Federal do Pará tiveram início no ano de 2012 nos municípios de Breves e Benevides. Em seguida, no ano de 2013, ocorreu a segunda vivência nos municípios de Paragominas e Barcarena. Em cada ocasião, foram selecionados 20 viventes e dois facilitadores que abarcavam os cursos de Direito, Enfermagem, Engenharia Sanitária, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social.  Estas vivências mostraram que é possível que o SUS seja realizado dentro de todos os princípios e diretrizes funcionais, possibilitaram aos viventes a discussão acadêmica culminada nas apresentações de trabalhos científicos das experiências em congressos regionais, nacionais e internacionais e estimularam os viventes e facilitadores na defesa do SUS. A vivência mais recente no estado começou no início de 2016 em forma de seminário programado pela Universidade Federal do Pará. Nele, foram realizadas rodas de conversas com os participantes, sendo gravadas suas sugestões para uma versão do projeto. Entre elas, surgiu a curiosidade de vivenciar alguns programas destinados às populações em situação de vulnerabilidade como as que estão em situação de rua. O município de Belém mostrou-se muito favorável a acatar a vivência. Decidiu-se realiza-la exclusivamente no distrito de Mosqueiro, uma ilha localizada na capital. Conforme as sugestões das rodas de conversas do seminário, a comissão organizadora optou pela vivência também em outro município que contemplasse os anseios dos viventes. Por conta da boa relação entre a Universidade Federal do Pará e o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), pudemos fechar parcerias com o município de Tucuruí. Este fica na região do rio Tocantins, abriga uma das maiores usinas hidrelétrica do país e tem suas origens a partir de povos indígenas da região. A seleção dos participantes deu-se dos dias 7 a 13 de novembro para viventes, 7 a 21 de novembro para facilitadores e dia 30 de novembro para a comissão organizadora. Ela foi aberta preferencialmente para estudantes de graduação da área da saúde, mas também para estudantes de graduação de outras áreas, estudantes de ensino técnico, residência e integrantes de movimentos sociais. Foram ofertadas 22 vagas para viventes e 2 para facilitadores. Ao final do período de inscrições, tivemos exatamente 281 inscritos para as 22 vagas de viventes e 9 inscritos para as 2 vagas de facilitadores. Houve presença predominante de inscritos do curso de Enfermagem. Esta tem sido uma tendência desde as primeiras vivências do VER-SUS no estado do Pará. A seleção final dos viventes seguiu este movimento com a grande maioria de viventes sendo do curso de Enfermagem, mas também com a presença de alunos dos cursos de Medicina, Terapia Ocupacional, Odontologia, Nutrição, Serviço Social. Os candidatos foram avaliados tendo como base o arquivo gerado pelo sistema do site de inscrição (OTICS). Diante destes dados, foram criados critérios de avaliação e pontuações para selecionar os candidatos. Dentre os critérios para os facilitadores, optamos por pontuar aqueles que já participaram em edições passadas como viventes, participaram ou estavam participando de projeto de extensão relacionado ao Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 2 anos, integrantes de movimentos sociais, já ter sido facilitador/mediador/coordenador de alguma atividade, já ter participado de atividades do VER-SUS e ter sido membro de Centro Acadêmico. Para os Viventes, pontuaram aqueles que ainda não tinham sido viventes do VER-SUS e participaram de: 1- Projetos de extensão ligados ao SUS, 2- Movimentos Sociais, 3- Atividades do VER-SUS, 4- Centro Acadêmico. O momento da vivência foi um pouco tumultuado politicamente, pois, aconteceu após as eleições municipais e antes da posse dos novos prefeitos eleitos. Em Mosqueiro, houve certa dificuldade de comunicação com a gestão local, pois a pessoa que ficou responsável por acompanhar os viventes nas unidades não conseguiu transporte pela secretaria municipal de saúde para estar no distrito. Sendo assim, o contato entre esta e os viventes era feito por telefone. As intempéries aumentaram a medida em que o sinal da rede de celular é sofrível em certas áreas da localidade. Apesar disso, foi possível realizar visitas a três Estratégias de Saúde da Família, a Casa RECRIAR (local que oferece atendimento médico e social a crianças e adolescentes em sofrimento físico e mental), o Centro de Atenção Psicossocial, o Hospital Geral e um Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Em Tucuruí, aconteceram problemas de comunicação com a secretaria antes da viagem dos viventes. A comissão não conseguiu contato com a pessoa indicada pelo gestor municipal que iria acompanhar o grupo. A estratégia que adotamos foi conduzir os viventes até a secretaria de saúde local com o termo de compromisso assinado pelo secretário municipal. Depois disso, as articulações na cidade ficaram mais tranquilas e tornaram-se mais fluidas pelo fato de um dos viventes possuir domicílio na cidade e conhecer diversos profissionais de saúde da rede. Isso abriu o leque de opções de serviços que o grupo pôde visitar. Inicialmente, pelo que constava no termo assinado pela secretaria, havia uma programação somente para unidades de saúde da família e uma unidade de pronto atendimento. Assim, com esta mudança no cronograma, o grupo teve a oportunidade de conhecer a secretaria municipal de saúde de Tucuruí, Centro de Testagem e Aconselhamento, Unidade de Pronto Atendimento, Unidade de Média e Alta Complexidade em Oncologia - UNACON, Hospital Regional, Estratégia de Saúde da Família, Maternidade Municipal. Também visitaram a Aldeia Indígena Assurini, localizada a cerca de 40 quilômetros de Tucuruí, e acompanharam atendimentos feitos a esta população por profissionais da Unidade Básica de Saúde Assurini. Os efeitos deste VER-SUS foram diversos. Como Comissão Organizadora aprendemos bastante durante todo o processo de construção da vivência. Muitos erros e muitos acertos foram cometidos. Refletimos bastante sobre a composição da comissão organizadora para próximas edições. Fica o aprendizado de como lidar com a dificuldade de contratação de serviços em algumas localidades do estado do Pará e a necessidade de ter membros na comissão que morem nas cidades da vivência. Isso facilitaria e muito o contato com as gestões locais e inclusive a pesquisa por serviços a serem contratados.


Palavras-chave


Ver-SUS; Educação Permanente; Educação em Saúde