Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-06
Resumo
Apresentação: Estudos evidenciam que adolescentes tem conhecimento limitado e insatisfatório no campo da sexualidade, sobretudo as meninas, destacando-se a pouca participação da família e da escola como instituições primeiras a contribuir no processo de informação e orientação sexual. As dificuldades em orientar sobre sexualidade expõe esse grupo a comportamentos de risco e, tendo em vista suas especificidades, para que o exercício da sexualidade se dê com proteção à saúde, a Estratégia Saúde da Família (ESF) tem sido identificada como facilitadora da informação e do acesso a meios que promovam a saúde e reduzam vulnerabilidades. Este estudo teve como objetivos promover reflexão e discussão com profissionais de saúde da ESF sobre demandas de mulheres adolescentes, no âmbito da sexualidade, que requerem educação em saúde, e analisá-las sob a perspectiva de gênero. Desenvolvimento do trabalho: pesquisa exploratória, qualitativa, desenvolvida com 15 profissionais da ESF em município no interior de Pernambuco, no período de Outubro de 2014 a Dezembro de 2015, com representação de quatro equipes multiprofissionais atuantes em uma unidade de Atendimento Multiprofissional Especializado (AME). Entre elas/es duas enfermeiras, dois médicos, um cirurgião dentista, uma auxiliar de saúde bucal, duas técnicas de enfermagem e sete agentes comunitário/as de saúde. Utilizou-se Oficina de Reflexão para a produção do material empírico e a técnica de Análise de Discurso para sua análise. A oficina teve duração de três horas, os discursos foram registrados em gravador de voz e em diário de campo. Resultados: As/os participantes elegeram o conhecimento do corpo, o exercício da sexualidade na adolescência e seu desfecho em gravidez precoce como prioridade para educação em saúde, com ênfase no papel da família e nos problemas que nela se originam ou apoiam. Há limites profissionais para reflexões crítico-emancipatórias sobre sexualidade e seus desdobramentos na adolescência, com reprodução de concepções que disciplinam as meninas sob o prisma da interdição. Explicitou-se ausência ou negação de de diálogo nas famílias e no serviço de saúde, sem materialização de proposições educativas pelos/as participantes para as adolescentes. Conclusão: por não desvincularem suas ações de crenças e valores pessoais, profissionais da ESF em estudo comprometem a ética do cuidar e distanciam adolescentes da possibilidade de terem voz e acesso a escuta sensível. As concepções tradicionais influenciam as ações de cuidado direcionadas a esse grupo, que ocorrem em circunstâncias que limitam sua autonomia e liberdade no exercício da sexualidade. A ação educativa com adolescentes requer antecipação de um trabalho com esses/as profissionais, tendo em vista não haver meios de atrair meninas que poderão ser constrangidas por julgamentos morais. A parceria família, escola e rede de saúde pode qualificar a atenção às/aos adolescentes e favorecer o acesso à educação em sexualidade, além de contribuir para que mulheres caminhem para o empoderamento nessa fase da vida.