Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Autocuidado nas Doenças Crônicas Não-Transmissíveis: relatos de usuários de uma Unidade Básica de Saúde
Ivan Wilson Hossni Dias, Virginia Junqueira

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


INTRODUÇÃO

A construção de sujeitos ativos no próprio cuidado representa desafio clínico assistencial de portadores de Doenças Crônicas no contexto da Atenção Básica à Saúde. A caracterização dos modos de andar a vida e das necessidades de saúde, resultantes de um processo histórico, dinâmico e social, constitui-se ponte necessária para o alcance do êxito terapêutico e satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde. Diante da significativa prevalência das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, principalmente a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus (DM) tipo 2 (Não-Insulino Dependente), verifica-se a importância de caracterização das práticas de autocuidado utilizadas no tratamento destas morbidades cujos obstáculos e dificuldades identificados devem ser considerados em suas singularidades socioculturais a fim de balizar ações de promoção da saúde e aprimoramento do cuidado em saúde.

OBJETIVO

Caracterizar os obstáculos no cuidado em saúde realizado por usuários da Atenção Básica à Saúde portadores de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica.

MÉTODOS

Estudo de delineamento qualitativo cuja técnica de coleta de informações consistiu na realização de cinco entrevistas semi-estruturadas de usuários selecionados aleatoriamente na Unidade Básica de Saúde Vila Campestre, localizada no município de São Paulo. Foram considerados como critérios de inclusão o acompanhamento regular na UBS caracterizado pela presença em atividades comunitárias e/ou consultas médicas e/ou enfermagem nos últimos seis meses antecedentes à entrevista; faixa etária dos 18 aos 79 anos e diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus superior a um ano. A análise das entrevistas consistiu na identificação de excertos representativos do cuidado em saúde e dos obstáculos e dificuldades evidenciadas. Consideraram-se as categorias apriorísticas baseadas no trabalho de Cyrino e Shraiber (2016) como referencial para análise e problematização desses excertos.

RESULTADOS

Observamos a representatividade das experiências prévias no condicionamento do cuidado, bem como a importância do apoio familiar na construção de sujeitos ativos em promover sua própria saúde. Percebe-se o estabelecimento de circuitos causais reforçados pelo automonitoramento glicêmico, frequentemente realizado após experiências sabidamente associadas ao incremento glicêmico (estresse e alimentação). Por se tratar de doença crônica, o DM está representado de forma personificada neste e nos demais relatos realizados nesta atividade, colocando-o como uma entidade com vontades e necessidades próprias muitas vezes em conflito com a própria pessoa. Como podemos observar, o planejamento terapêutico está associado às condições familiares, existenciais, aos estressores previsíveis e imprevisíveis de uma determinada família e principalmente sua capacidade de superação e resiliência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As necessidades de saúde dos usuários portadores de Doenças Crônicas Não Transmissíveis demonstram-se vinculadas ao contexto sociocultural e às experiências prévias do adoecimento na construção de sujeitos ativos no próprio cuidado. Haja vista tais relatos, consolida-se aqui a insuficiência dos parâmetros biocêntricos como único caminho à promoção do autocuidado sendo, pois, necessários novos estudos para se avaliar a incorporação de modelos explicativos centrados na pessoa para a compreensão e atuação no processo singular de adoecimento.


Palavras-chave


Autocuidado; Doenças-Crônicas; Atenção Primária à Saúde