Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PESSOA COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: um relato de experiência
Ana Carolina Almeida Ribeiro, Thaianny Cristina Sarmento Gomes, Yuka Gomes Nishikawa, Rennan Coelho Bastos, Marcilene da Silva Saraiva, Leticia Megumi Tsuchiya Masuda, Thayza Mirela Oliveira Amaral, Andreia Pessoa da Cruz

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


Apresentação: A insuficiência renal crônica (IRC) é definida como perda irreversível e progressiva da taxa de filtração glomerular. Diferente da Insuficiência Renal Aguda (IRA) que defini-se com a redução da função renal em horas e/ou dias, ocasionando uma diminuição do ritmo de filtração glomerular e volume urinário, ocorrendo também distúrbios no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico. A IRC compromete funções renais de forma lenta, e irreversível, afetando os rins e suas funcionalidades, sendo necessários tratamentos de terapia renal substitutiva. Muitas são as causas para que a IRC aconteça, anteriormente a Glomerulonefrite foi considerada a causa mais comum de insuficiência renal, entretanto, a nefropatia diabética veio a ocupar o primeiro lugar, especialmente nos países desenvolvidos, seguido por nefroesclerose hipertensiva e em terceiro lugar ficou a glomerulonefrite Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2015, mais de 1,5 milhões de pessoas estiveram em Terapia Renal Substitutiva, sendo 113 mil apenas no Brasil. Além disso, estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas apresentam alguma disfunção renal. Ao redor do mundo, a incidência da doença cresce cerca de 10% ao ano. Se tratando a IRC um problema de saúde pública, o enfermeiro se vê a frente de um grande desafio ao sistematizar o cuidado ao paciente portador desta afecção. A IRC é uma doença com vários efeitos na vida do paciente e de difícil tratamento, com sérias implicações físicas, psicológicas e socioeconômicas, para o indivíduo e sua família. Alterando o cotidiano de quem a vivencia, a IRC vem sendo caracterizada também como um problema social interferindo no papel que esse indivíduo realiza na sociedade, o que requer um grande processo de adaptação. Frente a esses fatos, a autoestima e relações interpessoais do paciente é afetada pelo estresse causado pela doença. Diante do disposto, a enfermagem deve elaborar um plano de cuidados que objetive organizar a assistência e direcionar as ações, além de possibilitar a avaliação da eficiência e eficácia das intervenções realizadas. Este planejamento estratégico para o cuidado faz parte da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), instrumento do cuidado profissional que permite o acompanhamento integral do paciente/cliente, bem como de todas as necessidades humanas básicas. O objetivo é relatar, sobretudo, a experiência dos acadêmicos de Enfermagem, utilizando como instrumento a SAE, aprimorando a assistência e melhorando o cuidado ao paciente frente a esta patologia. Desenvolvimento: O trabalho trata-se de um relato de experiência, de cunho qualitativo, requisito avaliativo da atividade curricular Introdução a Enfermagem, da Faculdade de Enfermagem, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e foi desenvolvido a partir do estudo de um caso realizado no mês de agosto no hospital público, localizado no município de Belém-PA. Foi escolhida para o estudo uma pessoa com IRC de 58 anos, chamada E.A.C.P, acompanhada durante dois dias de prática hospitalar. Os materiais utilizados para a coleta de dados foram, a ficha de admissão da paciente contendo o histórico de enfermagem. A primeira parte do histórico indaga acerca dos dados socioeconômicos, sinais vitais e exame físico. Os relatos da paciente foram obtidos através de uma entrevista informal, cujo objetivo básico é a coleta de dados e a obtenção de uma visão geral do problema em questão, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade do entrevistado. Uma ficha de exame físico fornecida pela professora assistente da faculdade de enfermagem da UFPA e orientadora da disciplina, e utilizada rotineiramente na unidade citada. Ao exame físico, a paciente encontrava-se hipocorada, especialmente mucosa ocular e oral. Com mobilidade restritiva devido a presença de cateter venoso central de duplo lúmen para a realização de hemodiálise, localizado na veia subclávia esquerda. Hematomas decorrentes de punção venosa em ambos os membros superiores, presença de fístula arteriovenosa em membro superior esquerdo ainda em processo de cicatrização, com ferida operatória satisfatória. Membros inferiores simétricos, edemaciados, com pele íntegra sem lesões. A paciente deambulava sem dificuldades, estava calma, porém chorosa após relatar a sua trajetória ao grupo, consciente no tempo/espaço, comunicativa. Afirmou não fazer mais ingestão hídrica, apenas derretia um pouco de gelo na boca para dar uma sensação de saciedade. Resultados: Após a análise dos problemas identificados, segundo o processo de enfermagem pautado na teoria das necessidades humanas básicas de Horta, a paciente teve os seguintes diagnósticos de enfermagem (DE): risco de desequilíbrio hidroeletrolítico devido a disfunção renal; volume de líquidos excessivo devido a mecanismos reguladores comprometidos causando edema, dispnéia, oligúria, eletrólitos alterados e hemoglobina diminuída; risco de infecção causada por procedimentos invasivos; ansiedade causada por consciência dos problemas fisiológicos caracterizados por preocupação; sentimento de impotência relacionado a interação interpessoal insatisfatória caracterizado por relatos de frustração quanto a incapacidade de realizar atividades anteriores e disposição para o bem estar espiritual melhorado pois reza e expressa o desejo de aumentar o enfrentamento. Para estes diagnósticos foram implementadas tais intervenções, respectivamente: controle hidroeletrolítico (supervisão, terapia por hemodiálise, controle de náusea e controle de medicação); controle da hipervolemia (controle de edema, monitoramento dos sinais vitais e controle do peso); cuidados com o local da incisão e controle de medicamentos; melhora do enfrentamento e distração; escutar ativamente (construir o plano de alta e promover o esclarecimento de valores) e melhora do enfrentamento e promoção de esperança. Após a execução da SAE espera-se atingir os seguintes resultados: hidratação, equilíbrio hídrico, equilíbrio eletrolítico e àcido-básico além da resposta à medicação; equilíbrio hídrico nos compartimentos intracelulares e extracelulares do organismo; cicatrização de feridas: primeira intenção; autocontrole da ansiedade para eliminar ou reduzir apreensão, tensão ou desconforto; envolvimento pessoal na escolha e na avaliação das opções de cuidados de saúde para alcançar o resultado desejado; alcance da percepção positiva da própria condição de saúde. Considerações finais: mediante o exposto foi possível observar a implementação efetiva de um plano de cuidados embasado da SAE. Com isso, é notória a importância da SAE, realizada pelo profissional enfermeiro, visto que esta se dá por meio de conhecimentos e habilidades científicas, para uma melhor assistência ao paciente portador de insuficiência renal crônica (IRC), promovendo o cuidado integral ao mesmo, tendo uma visão holística sobre o cliente, onde além dos aspectos biológicos, se considera os aspectos sociais, econômicos, culturais, psicológicos e outros. O enfermeiro deve utilizar a SAE como instrumento obrigatório nas práticas de cuidado, prevenindo agravos, classificando o paciente, para garantir a reabilitação e promoção da saúde por meio do processo de enfermagem, onde se é elaborado um plano de cuidados individualizados de acordo com a necessidade de cada paciente, levando em conta a individualidade do mesmo, assim, colaborando diretamente na qualidade de vida do paciente.


Palavras-chave


Insuficiência Renal Crônica; Tratamento; Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).