Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ORGANIZAÇÃO POLITICA ESTUDANTIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM.
Joanna Angélica Azevedo de Oliveira, Yasmin Brabo de Lima, Glenda Keyla China Quemel

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


Apresentação: No Brasil, a gênese do movimento estudantil deu-se no início do século XX a partir do momento em que os estudantes começaram a se organizar politicamente, ganhando visibilidade social intensa na década de 1960 questionando a reforma universitária e compondo os movimentos sociais contra a ditadura militar. Tornou-se peça fundamental de reinvindicação pelo Estado Democrático de Direito, organizando-se através da UNE (União Nacional dos Estudantes) sendo oposição ao regime militar e também participando de pautas como o Movimento de Reforma Sanitária que lutava pela implantação de um sistema de saúde gratuito e universal. Em 1988 há a implantação da nova Constituição Federal, dando fim ao Regime Militar e abrindo caminhos para a redemocratização do país, neste contexto, o movimento estudantil foi fundamental para a queda da Ditadura Militar. Entretanto, ao longo dos anos vemos um apagamento do movimento estudantil, sendo observado um distanciamento dos estudantes das entidades estudantis apresentando como características o desgaste da UNE e consequentemente o esvaziamento de alguns espaços instituídos por essas entidades. No âmbito do ensino em saúde pública, vivemos mudanças na academia e nos serviços de saúde que procedem das transformações sociais, vinculadas à estrutura demográfica e epidemiológica da população, que influenciam nas necessidades e demandas de saúde e os profissionais de saúde devem estar preparados para enfrentar essas demandas entendendo o seu papel na luta permanente pela consolidação do Sistema Único de Saúde que foi conquistado através do Movimento da Reforma Sanitária que pautava a luta pelo acesso universal aos serviços de saúde e a assistência integral da população equiparada às necessidades de cada indivíduo. Assim, é importante que a Instituição de Ensino Superior forme um profissional qualificado no que se refere ao aspecto técnico-cientifico, porém principalmente formar um profissional crítico, reflexivo e comprometido com o desenvolvimento da sociedade e na construção da cidadania, sendo assim o exercício do seu papel politico importante para o fortalecimento nos serviços de saúde, pois contribui para o olhar biopsicossocial da humanidade e atua na busca de um sistema de saúde que seja resolutivo e eficaz na realidade social. Neste contexto, a participação dos acadêmicos de graduações da área da saúde no movimento estudantil contribui para a sua formação política e social. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é relatar a experiência de acadêmicos na participação em entidades estudantis e como esta proporciona o contato com o debate político e olhar social, agindo nas lacunas que o projeto pedagógico da graduação deixa na formação de um profissional critico-reflexivo quanto aos desafios da sociedade. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo Relato de Experiência, das vivências de acadêmicos de Enfermagem da Universidade Federal do Pará no movimento estudantil através do Centro Acadêmico de Enfermagem, vivenciadas no período do mês de janeiro de 2017 a novembro de 2017 que tem por objetivo relatar como essas experiências influenciaram na sua formação profissional e entendimento do papel social na luta pela consolidação do Sistema Único de Saúde. Resultados e impactos: A partir da entrada dos acadêmicos de Enfermagem no Centro Acadêmico de sua faculdade, puderam presenciar momentos de (des)construção em assuntos relevantes a sua graduação e de incentivo à participação ativa no movimento estudantil, como por exemplo: debates sobre a atual situação econômica do país; contra os desmontes do SUS; saúde LGBTQI; feminismo; racismo institucional e, principalmente, agregando conhecimento através de debates e rodas de conversas sobre conjuntura política e de entendimento do Sistema Único de Saúde como política pública caracterizada pela participação da população como parte do controle social e do ato de exercer cidadania. Quando nos conscientizamos, temos capacidade para sermos anunciadores e denunciadores através do compromisso que assumimos em revelar a realidade, procurando desmascarar sua mitificação alcançando a plena realização do trabalho humano com ações de transformação da realidade para a libertação das pessoas. Desta forma, atuar no movimento estudantil proporciona a conscientização do seu papel enquanto militante sendo agente transformador da atual realidade desigual do país. No debate dentro da saúde, o principal é entender o protagonismo dos acadêmicos dos cursos da saúde na luta pela consolidação do SUS e na conscientização da população sobre os seus direitos no acesso aos serviços de saúde. O Sistema Único de Saúde atualmente vem sofrendo diversos ataques pela política capitalista neoliberal, a qual trata saúde como mercadoria de venda e tenta tirar da população o seu direito de assistência em saúde gratuita, sendo necessário que o estudante atue no enfrentamento destes ataques e fazer com que a população seja a sua principal aliada. Desta forma, participar do Centro Acadêmico proporcionou aos acadêmicos de Enfermagem experiências no movimento estudantil que os tornaram pessoas conscientizadas sobre o seu papel na sociedade, sendo capazes de criticar as desigualdades sociais do país e atuarem na luta pela diminuição da injustiça social. Considerações finais: Participar do movimento estudantil não é uma tarefa fácil, principalmente quando se é acadêmico de um curso o qual não fornece debate político e incentivo à busca por esse ambiente, não fornece formação crítico-reflexiva resultando em futuros profissionais de saúde acomodados com a sua realidade e pouco interessados na reinvindicação dos seus direitos. Destaca-se a importância de profissionais politizados para o Sistema Único de Saúde na sua concretização como política de saúde, que possa responder pelos anseios da sociedade que fica à margem desse debate. Para combater os ataques ao SUS, necessitamos de profissionais atuantes e críticos para que possam também empoderar os usuários quanto aos seus direitos e que conjuntamente atuem na luta. É importante a disseminação do conhecimento sobre o SUS através da troca de saberes, e, além disso, o movimento estudantil torna-se necessário para o preenchimento da lacuna deixada pelo ensino na graduação e traz o debate social para os discentes e contribui para um ensino crítico-reflexivo que proporcione o pensamento problematizador e resolutivo, abrangendo o contexto social ao qual o futuro profissional de saúde está inserido. Contudo, atuar no movimento estudantil através do Centro Acadêmico de Enfermagem proporcionou um olhar ampliado do mundo ao qual vivemos, o qual baseia-se no capitalismo neoliberal que sobrevive a partir das desigualdades social e da meritocracia para se firmar. Portanto, a luta social deve ser fortalecida e incentivada a fim de que mais pessoas estejam se engajando e se unificando para combater as problemáticas da sociedade.

Palavras-chave


Enfermagem; Política; Sistema Único de Saúde.