Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DIAGNÓSTICO LOCAL DE SAÚDE: contribuições para a formação em enfermagem
Davisson Michetti de Oliveira, Tânia Leal Moreira, Patrícia Caldeira Costa, Kátia Fernanda Alves Moreira, Arielson Silva, Lerissa Nauana Ferreira, Karley José Monteiro Rodrigues, Daiana Evangelista Rodrigues Fernandes

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


Introcução: Uma das formas de repensar a formação dos enfermeiros com base nas diretrizes do SUS é (re)construir o saber em saúde e na enfermagem, portanto, a aprendizagem, se dá no cotidiano do trabalho em saúde, a partir dos problemas da realidade, das vivências da prática. Desta forma, a diversificação de aprendizagens desenvolvidas nos estágios curriculares é fundamental na formação dos profissionais de saúde, já que apresentam diferentes tipos de complexidade, exigem a integração entre os profissionais de saúde e destes com os usuários, bem como de distintas áreas de saber e a mobilização de diversas tecnologias. É nesse ambiente que novos pactos são firmados e as fronteiras entre as profissões são constantemente postas em questão. A estratégia de saúde da família (ESF) como estruturante do sistema público de saúde, tendo redirecionado o novo modelo de atenção para consolidação dos princípios organizativos do SUS. A experiência inovadora da ESF impõe novas responsabilidades, demandando, por exemplo, profissionais qualificados e comprometidos com essa nova proposta contra-hegemônica. O território deve ser entendido como um espaço vivo, geograficamente delimitado e ocupado por população específica, instituída por identidades comuns, sejam elas culturais, sociais ou outras. Cada território possui peculiaridades em relação a seus usuários e equipes, à sua capacidade de estrutura física e recursos financeiros, organização social, conflitos e contradições inerentes ao local em que se encontra inserido. Portanto, o território não deve ser pensando como um espaço geográfico finito e limitador das ações de saúde. Ao contrário, o território se caracteriza como espaço singular articulado a outros serviços de saúde dentro do macro setor saúde. Espera-se que um território constituído a partir dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos fundamentos da Atenção Primária à Saúde (APS) tenha impacto positivo sobre a resolutividade e qualificação das ações em saúde em razão da maior proximidade e conhecimento das necessidades da população. Nessa perspectiva, as vivências têm sido cruciais para a formação humanística dos estudantes de Enfermagem, pois proporcionam um contato mais profundo com a população, conscientizando-os dos principais problemas da comunidade. As atividades de campo são ferramentas indispensáveis para a consolidação do conhecimento teórico trabalhado em sala de aula, pois introduzem os alunos nas práticas do SUS, proporcionando amadurecimento e reconhecimento das necessidades nos diferentes momentos de atenção aos usuários dos serviços de saúde pública. O objetivo deste artigo foi relatar a experiência dos discentes sobre o processo de territorialização numa equipe de Unidade de Saúde da Família. Metodologia: Estudo descritivo, que advém de um relato de experiência de discentes do Estágio Supervisionado II do Curso de Enfermagem da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) fruto de um processo de vivências e reflexões críticas acerca da territorialização, realizado como atividade obrigatória do estágio em uma equipe de saúde da família de uma UBS da Zona Leste do município de Porto Velho-RO, no período de outubro a dezembro de 2017. Para o relato da experiência vivida, foram utilizados os materiais de registro das vivências – diário de campo dos estagiários, análise de dados secundários referentes às características da situação de saúde da área de abrangência da equipe de saúde da família “Escola de Polícia e referenciais teóricos sobre os temas abordados. Foi realizado o diagnóstico situacional utilizando o método de Estimativa Rápida por meio da observação da rotina da UBS, entrevista com os ACS e demais membros da ESF. Para sustentação teórica, foram realizados levantamentos a partir do banco de dados do IBGE, da base de dados municipal do e-SUS. Foi realizada uma busca na literatura, utilizando sites de busca, como: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Banco de Dados de Enfermagem (BDENF), edições do Ministério da Saúde e outros. A busca foi guiada utilizando-se os seguintes descritores: diagnóstico da situacional em saúde, estratégia saúde da família, perfil epidemiológico, estimativa rápida participativa. O período de busca foi de publicações entre 2000 e 2017, exceto legislações e outras publicações básicas anteriores. O desenvolvimento do diagnóstico situacional de saúde é empregada a técnica da estimativa rápida, cujas etapas para o desenvolvimento do estudo constituíram: a análise de dados secundários, a observação ativa do território e entrevista com informantes-chave. Os dados secundários foram originados de informações dos relatórios sínteses do e-SUS, alimentado pela equipe de saúde da família Escola de Polícia. (ESFEP) As entrevistas com os informantes-chave originou-se por uma análise documental. A opinião dos informantes-chave foi identificada conforme papel que exerce na comunidade, a fim de resguardar seu anonimato. A observação direta da área de abrangência, as principais situações problemas identificadas foram apresentadas de forma descritiva. As informações coletadas foram armazenadas em um banco de dados construído no software Excel®. A análise quantitativa se deu por estatística descritiva por frequências absolutas e em porcentagem. Resultados: Durante as visitas, pudemos constatar os problemas de saúde relacionados às condições e hábitos de vida, e perceber o contexto socioeconômico e cultural da vida das pessoas, o que nos permitiu uma aproximação das necessidades da população daquele território. As conversas com os ACS e usuários da unidade de saúde foram indispensáveis para conhecer a dinâmica social existente naquela comunidade. A população cadastrada na ESFEP no ano de 2017 foi 2.060 usuários, sendo 45,4% do sexo masculino e 54,6% feminino. Quanto a faixa etária, destacou-se a população de adultos jovens (20-29 anos) com 19,8%, em seguida os adolescentes (10 – 19 anos) com 18,3%. Quanto a cor/etnia, predominou a preta/parda com 80,1% dos usuários Quando observado a escolaridade da população da ESFEP notou-se que 36,0% dos usuários possuem o ensino médio completo, entretanto, chama-se atenção para o grande quantitativo de informações ignoradas (50,5%) para essa variável. Quanto a relação dos usuários com o chefe/representante da família observou-se que 16,3% da população da ESFEP vive com o companheiro/cônjuge, porém destaca-se que 54,9% dessa variável não foi informada. Ao analisar os dados dos principais agravos dos usuários da Equipe de Saúde da Família Escola de Polícia. Porto Velho/RO no ano de 2017 observou-se que o problema respiratório apresentou maior frequência, predominando a Asma (50,0%), seguido de Outra (40,5%). O problema renal houve destaque Outras (66,7%) e a Insuficiência Renal (33,3%). Verificou-se que o problema cardíaco predominou Outra (52,6%), acompanhado de Não Sabe (26,3%) e a Insuficiência Cardíaca (21,1%). Vale ressaltar que a variável Hipertensão Arterial obteve (9,3%). Considerações Finais: Notou-se que a população cadastrada na ESFEP é predominantemente feminina (54,6%), adultos entre 20 e 29 anos (19,8%), autodeclarada preta/parda (80,1%), com ensino médio completo (36,0%), casada ou em união estável (16,3%). Quanto aos problemas/agravos de saúde predominou-se a doença hipertensiva (9,3%) e o etilismo (6,3%) dos usuários. Destaca-se que as informações ignoradas e/ou não preenchidas podem mascarar o verdadeiro perfil da população de estudo, fato este que prejudica na elaboração de medidas de enfrentamento dos problemas e agravos de saúde, além de dificultar o planejamento de estratégias para promoção da saúde dos usuários que deve ser uma das prioridades das USF. A experiência do DLS permitiu aos acadêmicos ampliar o olhar sobre o papel do enfermeiro na ESF, a importância do trabalho em equipe e a necessidade de fortalecer as ações de prevenção as doenças e aos agravos, além da promoção à saúde, utilizando principalmente as atividades de educação em saúde.


Palavras-chave


Diagnóstico Local de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Formação em Saúde