Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ABANDONO DE TRATAMENTO PARA TUBERCULOSE PULMONAR EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE AMAZÔNIDA
Rennan Coelho Bastos, Elizama Nascimento Pastana, Elizama Nascimento Pastana, João Tiago Teixeira Alves, João Tiago Teixeira Alves, Juliana Santos de Albuquerque, Juliana Santos de Albuquerque, Julyane Faro Albuquerque, Julyane Faro Albuquerque, Maria José Chaves Rezende, Maria José Chaves Rezende, Paula Monick Silva de Castro, Paula Monick Silva de Castro, Daiane de Souza Fernandes, Daiane de Souza Fernandes

Última alteração: 2017-12-22

Resumo


Apresentação: No Brasil, indicadores apontam a queda da incidência e da mortalidade por Tuberculose (TB) no país, apesar disso, números mostram que os desafios são grandiosos no combate e controle da infecção. Neste sentido desde 2003 a TB foi eleita como um problema prioritário de saúde, devido os grandes índices de contágio, ao qual a mesma associa-se à desigualdade social, pobreza, crescimento populacional e seus movimentos migratórios, ao envelhecimento da população, a epidemia do vírus da imunodeficiência humana (HIV)/AIDS e às dificuldades de operacionalização dos programas de prevenção e controle da TB. Nas Américas, o Brasil e o Peru notificaram 49% do total de casos do continente. O Bra­sil diagnosticou 71.123 casos novos em 2013, aos quais 4.600 casos, anualmente, evoluíram a óbito. Sendo assim, os programas: Mais Saúde, a Programação das Ações de Vigilância em Saúde, o Pacto pela Vida e entre outros vem procurando iniciativas para atenuar os casos da mesma no Brasil. Além das notificações referentes à TB, observa-se casos de abandono do tratamento, neste sentido o estudo desenvolvido objetivou avaliar a taxa de abandono de usuários em tratamento para tuberculose pulmonar em uma unidade básica de saúde amazônica no período de 2014 a 2016, realizar o perfil clínico epidemiológico dos usuários que abandonaram o tratamento de acordo com o livro de registro e acompanhamento e comparar a taxa de abandono entre os períodos de 2008 a 2013 e 2014 a 2016. Desenvolvimento do Trabalho: Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, descritivo, retrospectivo, realizado em uma unidade de saúde amazônica localizada no bairro do Guamá, município de Belém, estado do Pará. Os dados foram coletados a partir dos livros de registro e acompanhamento do Programa de TB, por meio de um formulário, tornando possível a analise de dados através da construção de tabelas com medidas de posição e dispersão. Visualizou-se na unidade de saúde um grande contingente de pacientes que enfrentavam diversas dificuldades, devido às mesmas, foram analisados aspectos pelos quais os mesmos poderiam ser potenciais perfis de abandono de tratamento para tuberculose pulmonar. Diante do exposto entendemos a necessidade de um estudo direcionado à investigação dos fatores que podem contribuir para o abandono do tratamento. Resultados: No período estudado foram notificados 344 casos confirmados de tuberculose pulmonar, onde se observou 37 casos de abandono de tratamento. Observou-se neste estudo que a maior taxa de abandono foi do sexo masculino, onde dos 37 abandonos registrados, 29 foram de homens. Estudos apontam que os pacientes do sexo masculino abandonam mais o tratamento em relação ao sexo feminino, devido a infecção afetar principalmente a população economicamente ativa, sobretudo os homens em idade produtiva acarretando retardo do crescimento econômico, com prejuízo no desenvolvimento da sociedade, gerando mais pobreza e exclusão social. Ainda há o pensamento cultural e social de o homem ser o ser humano mais forte biologicamente, relacionando a característica de fragilidade e cuidado as mulheres que freqüentam mais as unidades de saúde. O fator econômico também está diretamente relacionado ao abandono, tendo em vista que homens economicamente ativos com tuberculose precisam muitas vezes diminuir a carga horária no trabalho ou até mesmo se afastar gerando um impacto negativo na renda familiar. O estudo também expõe que a faixa etária predominante no abandono do tratamento é de jovens entre 20 e 39 anos, em um total de 21 abandonos. Estes podem estar relacionado ao estilo de vida desta população, que normalmente faz uso de bebidas alcoólicas e possuem horários irregulares para a alimentação, fatores que podem contribuir para a interrupção do tratamento. É importante destacar que o uso de drogas ilícitas pode contribuir para o surgimento e agravo de doenças. Estudos mostram que pacientes usuários de drogas têm dificuldades em manter o tratamento, pois, sofrem alterações de fundo psiquiátrico que influencia nos sentimentos e atitudes, sendo este um freqüente perfil de abandono. Constatou-se também no período estudado, 100% (37) dos pacientes que abandonaram o tratamento, obtinham a forma clínica pulmonar, sendo esta a forma clinica de predomínio mundial entre os casos existentes. Estudos realizados mostram que a maioria dos casos notificados e a maior taxa de abandono são em pacientes que obtinham a forma pulmonar. Foi percebido no estudo que em relação ao “tipo de entrada” na unidade, os índices de abandono de pacientes em tratamento com tipo de entrada “caso novo” são altos, representando 70,7% dos abandonos. A melhora que o tratamento medicamentoso proporciona no inicio do tratamento, ocasionando uma falsa sensação de cura, acaba por influenciar nessa alta prevalência de abandono por casos novos. A TB é uma doença muito estigmatizada socialmente, e os casos novos em tratamento, ao perceberem uma melhora significativa, o abandonam pelo receio de serem descobertos ou pela não aceitação do diagnóstico. A dificuldade deste perfil de entrada em estabelecer um vinculo com o profissional, a falta de orientação, conhecimento ou mesmo de informação adequada, torna esse paciente mais propenso a abandonar o tratamento. Nota-se frente ao estudo que 67,56% dos pacientes que abandonaram, estavam entre o primeiro e o segundo mês de tratamento. Este resultado é evidenciado devido ao segundo mês de tratamento, a baciloscopia tender a negativar, dando a impressão de uma possível cura. A melhoria do estado geral do paciente devido à medicação utilizada e a falta de informação e orientação, também contribuem para esse resultado. Na comparação das taxas de abandono de tratamento entre os períodos de 2008 a 2013 e 2014 a 2016, o primeiro período obteve-se 771 casos e 110 abandonos de tratamento (15,04%), e no segundo período, apesar de estarmos trabalhando com a metade do tempo, o numero de casos continua elevado 344, porém, o de abandono diminuíram, 37 casos (10,75%). Contudo ambas as taxas de abandono de tratamento ainda estão acimado que é preconizado pelo Ministério da Saúde. Em Belém, estudos apontam que os tratamentos supervisionados na unidade auxiliam na obtenção da menor taxa de abandono. No entanto, diversos fatores contribuem para manutenção de um grande numero de casos, dentre eles, além das já citadas, os motivos religiosos, as dificuldades de acesso ao tratamento e a negligência dos serviços oferecidos. Considerações Finais: Frente as dificuldades enfrentadas na coleta de dados, percebemos a necessidade e importância de desenvolver a informatização e padronização dos documentos, além do estimulo dos profissionais no preenchimento destes. É importante destacar que a estrutura, organização e dinâmica do atendimento na unidade de saúde bem como a relação profissional e usuário influenciam diretamente no processo de adesão do paciente ao tratamento, sucesso e cura. Os resultados do estudo promoveram a desconstrução e construção de pensamentos diante a realidade observada, entendendo o processo de saúde doença, assim, tornando possível a visão de intervenções que colaborem com melhores resultados em relação ao tratamento de TB, sempre buscando viabilizar a prevenção, promoção à saúde, tratamento e recuperação da população.

Palavras-chave


Tuberculose Pulmonar; Abandono Tratamento; Enfermagem.