Apresentação: Como residentes multiprofissionais de Saúde Mental pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP) temos seis meses de estágio na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Edite, pertencente a Coordenadoria Regional de Saúde Oeste da cidade de São Paulo. Nesse período nos inserimos nas equipes que compõem a atenção básica para atender às demandas de saúde mental e realizar outras ações com os profissionais do serviço. Principalmente nos espaços de reunião envolvendo as equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e Equipe de Agentes Comunitários (EAC) foi se percebendo comentários e atitudes que demonstram falta de conhecimento que influem no cuidado que é oferecido aos usuários com problemáticas de saúde mental.

Desenvolvimento: No eixo transversal da Residência realizamos o módulo de Ações Educativas em Saúde que tinha como avaliação a proposta de intervenção nos campos de prática dos diversos programas de Residência da EEUSP baseada em diferentes estratégias pedagógicas. Nós da Residência de Saúde Mental desenvolvemos uma ação baseada na problemática apresentada acima.

A partir de questionamentos e angústias dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da UBS Jardim Edite, no manejo do cuidado em saúde mental, identifica-se a necessidade de um espaço de formação e reflexão sobre os desafios encontrados na atenção em saúde mental no território.

Temas que pretendemos abordar: Reforma psiquiátrica, cuidado humanizado, estigmatização, clínica ampliada, escuta qualificada, promoção de autonomia e outros.

Organizamos essa ação educativa através do conceito de Educação Popular criado por Paulo Freire que utiliza uma abordagem pedagógica ativa, onde o conhecimento e a participação do público-alvo, nesse caso os agentes comunitários, são indispensáveis para a realização da ação,  pois procuram trazer e discutir as temáticas a partir dos seus conhecimentos, vivências e valores. Nesta ação temos como objetivo trabalhar o tema Saúde Mental para rever e refletir alguns conceitos e visões sobre o cuidado na saúde mental e na atenção psicossocial, a fim de promover maior compreensão e sensibilização sobre o tema. Ao final do trabalho, realizaremos uma avaliação que convida o educando a refletir, porém em outro nível de entendimento e conhecimento, sobre questões que possibilitem uma nova compreensão sobre a loucura.

Sendo assim, a aproximação dos profissionais da saúde com a educação popular permite a ressignificação de conceitos que podem transformar a atenção à saúde nos serviços, pois é uma forma de relação com a população que rompe com a tradição autoritária e dominante do saber técnico.

Impactos: A realização do projeto de intervenção nos mobilizou, assim como, obteve apoio da coordenação do programa. Poderemos iniciar esse espaço no ano de 2018, na Unidade Básica, com apoio da coordenação da residência, gestão do serviço, e implicação nos profissionais em acreditarem na potência dessa construção.

Considerações Finais: Esperamos poder realizar essa ação e que suas reverberações sejam potentes para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e da Rede de Atenção Psicossocial.