Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-20
Resumo
Apresentação: Devido à crise econômica e à perseguição política, em 2017 o número de venezuelanos solicitando refúgio no Brasil superou 12.000, um número cinco vezes maior ao total do triênio 2014-2016. No entanto, segundo estimativas oficiais, o número de imigrantes venezuelanos em 2017 ultrapassou 30.000. Grande parte dos refugiados se estabelece em Roraima, devido à proximidade geográfica, enquanto alguns migram para outros estados, como Amazonas e São Paulo. A migração contínua e desordenada na fronteira Brasil/Venezuela tem impacto direto na vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, colaborando com uma possível mudança na morbimortalidade, no surgimento de surtos de doenças e aumento do risco de desassistência à população. Diante deste cenário, torna-se necessária a aplicação de medidas efetivas de prevenção, controle e contenção de riscos, além de adotar medidas efetivas para aprimorar a capacidade de resposta da rede de serviço do Sistema Único de Saúde. O objetivo deste trabalho foi apresentar as condições de saúde enfrentadas por imigrantes venezuelanos na região Norte do Brasil, como forma de chamar atenção à necessidade de promoção de saúde entre essa população, visando melhorar a qualidade de vida, diminuir a vulnerabilidade, minimizar as taxas de transmissão de doenças e evitar o surgimento de surtos, que possam vir a oferecer risco à saúde pública.
Desenvolvimento: O presente trabalho foi realizado por acadêmicos de medicina da Universidade Federal do Amazonas, sendo apresentado na forma de seminário para a disciplina de Saúde Coletiva IV. O tema foi abordado através de uma apresentação com slides, trazendo dados sobre a imigração venezuelana, questão que demanda ações do governo brasileiro a fim de absorver o impacto desse fluxo migratório, além de notícias atuais que ilustrem as condições de saúde enfrentadas pelos imigrantes ao chegarem em território brasileiro.
Resultados: Percebe-se que os imigrantes venezuelanos vivem em condições de vulnerabilidade, habitando locais com pouca infraestrutura, falta de saneamento básico e de alimentação adequada, além de dificuldades no acesso aos serviços de saúde pública e ao mercado de trabalho. Tal fato pode justificar a alta incidência de doenças notificadas nessa população. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2016, o estado de Roraima foi o que mais notificou casos de malária advindos de outros países, sendo cerca de 77% desses casos procedentes da Venezuela. Além disso, os venezuelanos também representavam as maiores taxas de infecção por leishmaniose tegumentar e 100% dos novos casos de infecção por HIV. Os acadêmicos puderam assimilar o impacto causado pelos agentes externos na saúde dos imigrantes, devendo ser estimuladas medidas de promoção de saúde entre essa população.
Considerações finais: A discussão acerca das condições de saúde encontradas por imigrantes venezuelanos mostra-se essencial durante a formação de profissionais médicos, devendo ser abordada durante a graduação. O acadêmico deve desenvolver um olhar atento à promoção de saúde entre a população de imigrantes pois esta medida, além de trazer melhorias na qualidade de vida dessa população, funciona como prevenção à instalação de surtos.