Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM RODA DE CONVERSA: EXPERIÊNCIA NO DESENVOLVIMENTO DO EMPODERAMENTO DOS USUÁRIOS QUE FAZEM CONTROLE DA TUBERCULOSE EM UMA UNIDADE MUNICIPAL DE SAÚDE EM BELÉM-PARÁ
Crislen de Melo Conceição, Dayana de Nazaré Antunes Fernandes, Stelacelly Coelho Toscano de Brito, Heliton Matos da Silva, Jéssica da Silva Pandolfi

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Tuberculose (Tb) é considerada um sério problema de saúde pública no Brasil, o que intensifica a necessidade da atuação de profissionais capacitados como mecanismo para a erradicação da doença. Nesse ínterim, a equipe de enfermagem é uma das principais bases do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) implantado no Brasil para direcionar a assistência no Sistema Único de Saúde (SUS). A partir disso, a atribuição da Atenção Básica é de ser responsável pelo acompanhamento e controle da doença, no tratamento e prevenção, desenvolvendo estratégias para que a cadeia de transmissão seja interrompida e haja êxito no tratamento, como a partir da Educação em Saúde. Para isso, as ações educativas devem estar alicerçadas na integralidade do cuidado, construindo vínculo e comunicação entre usuários, sociedade e profissionais da saúde. Dessa forma, não só os usuários que fazem controle de Tb como também seus familiares passam a ter maior conhecimento sobre a doença, uma vez que essa está ligada a preconceitos e paradigmas que podem interferir diretamente na vida pessoal do cliente, assim como também nas suas relações interpessoais; nessa questão, possibilita-se a involução da saúde mental, caso o usuário não seja corretamente orientado. Sendo assim, é crucial a implantação de metodologias ativas, como a roda de conversa, a qual proporciona um espaço mais confortável para que todos os participantes sejam protagonistas daquele momento e sanem suas principais dúvidas, considerados mitos ou verdades, oportunizando à população a troca de conhecimentos alicerçado na descontração e ludicidade. Diante disso, o OBJETIVO é de explanar a experiência de desenvolvimento de Educação em Saúde em roda de conversa sobre os principais mitos e verdades da Tuberculose para usuários de uma Unidade Municipal de Saúde de Belém-Pará a fim de possibilitar maior controle e prevenção da doença. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Trata-se de um relato de experiência vivenciado por docente e discentes da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará, durante aulas práticas e Estágio Vivencial da Atividade Curricular Atenção Integral à Saúde do Adulto e Idoso (AISAI). A atividade foi desenvolvida no auditório da Unidade Municipal de Saúde do bairro do Guamá em Belém-PA no mês de agosto de 2017 durante o período vespertino. Para o desenvolvimento da ação os usuários e seus familiares foram convidados verbalmente e por meio de um convite escrito quando compareceram para fazer o Tratamento Diretamente Observado (TDO) na unidade municipal. Desta forma, os discentes elaboraram um planejamento, tendo como base referencial a leitura de artigos sobre Tb, atividades lúdicas e perfil do público alvo, sendo formado um cronograma, orçamento e resultados esperados para melhor estruturar o plano de ação. Assim, a ação educativa iniciou-se com a organização de todos os participantes em uma roda de conversa e acolhimento com a apresentação dos membros e explicação da atividade. A partir disso, realizou-se o quebra gelo “O perfume, a rosa e bomba”, adaptado da internet, em que foram apresentados aos participantes 3 desenhos (perfume, rosa e bomba) passados pelas mãos de todos; cada participante foi incentivado a dizer o que desejava celebrar, comprometer-se e detonar em sua vida, naquele momento, quando as figuras do perfume, rosa e bomba, respectivamente, estavam em suas mãos. Após isso, deu-se continuidade com a dinâmica “Mitos e verdades sobre a Tb” em que os discentes apresentaram afirmativas sobre a doença e os partícipes discerniram por meio da apresentação de papel cartão de cor vermelha ou verde correspondentes a resposta de ser mito ou verdade, respectivamente. Essas afirmativas estavam relacionadas à importância do tratamento, formas de prevenção e meios de transmissão. Assim, os participantes foram instigados a dizer o porquê de suas respostas e as assertivas eram colocadas em dois quadros feitos de cartolina, um para mito e outro para verdade, a fim de se ter uma visão geral dos resultados colhidos. Como encerramento, a docente e os discentes agradeceram a ocasião e oportunizaram aos outros componentes um espaço para explanarem algo a respeito da ação. Enfim, foi realizado um momento de descontração e harmonização com a distribuição de lanches. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O planejamento da ação garantiu maior solidez para o seu desenvolvimento, visto que permitiu a adequação de cada atividade à realidade do público alvo. Sendo assim, com o acolhimento inicial, percebeu-se a maior aproximação dos discentes e docente junto aos convidados, o que viabilizou o desenrolar da ação com a maior participação de todos de forma ativa. A dinâmica inicial permitiu o melhor conhecimento dos partícipes uma vez que se evidenciaram expectativas sobre suas vidas durante o tratamento de tuberculose; nessa atividade, os usuários restringiram suas respostas à perspectiva da melhora da saúde para retomar às suas práticas cotidianas sem restrições ou medos. Nesse ínterim, os usuários foram acolhidos pelos discentes com instruções sobre a doença e necessidade do tratamento adequado e criterioso, sendo reforçadas essas informações durante o andamento da dinâmica seguinte. Tal dinâmica reforçou aos usuários e seus familiares desmistificação de ideias relacionadas à Tb, principalmente quanto às formas de transmissão que foi tida como um dos maiores receios relativos à doença. Durante esta atividade, os convidados mostraram-se participativos e comunicativos, acertaram a maior parte dos mitos e verdades, e indagaram que as dúvidas foram mais frequentes quando descobriram a doença e relataram situações que ocorreram com eles, como afastamento de familiares e isolamento por medo da transmissão, separação de objetos de uso pessoal de forma extremada e, até mesmo, concepção de ser uma doença incurável. Ainda nesse momento, uma convidada relatou que o seu pai se isolou muito quando descobriu a doença e que desde então não era tão comunicativo e sorridente como estava durante as dinâmicas, ficando emocionada e grata com o resultado da ação. O diálogo da roda de conversa foi simplificado pelas dinâmicas mais descontraídas e obteve, então, feedback positivo da Educação em Saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A ação sistematizada por metodologias ativas possibilitou aos usuários e seus familiares a mudança de atitudes e comportamentos individuais por meio da desmistificação de concepções, mediante o compartilhamento de conhecimento dos profissionais, discentes e convidados na roda de conversa. Nesse contexto, corrobora-se a importância da família no acompanhamento dos usuários que fazem o TDO, visto que contribuem para a adesão ao tratamento, assim como para a prevenção e controle da Tb. Aos acadêmicos, a atividade ratifica a importância do papel do enfermeiro como mediador do processo de Educação em Saúde, sendo tal imprescindível para maior aproximação do profissional à população, garantindo melhor resolutividade na adesão ao tratamento e controle da doença por meio da propagação de saberes. Além disso, esta metodologia proporciona o desenvolvimento de um olhar holístico dos discentes para com a sociedade, a fim de se garantir o desdobramento da assistência em saúde mais humanizada.


Palavras-chave


Educação em Saúde; Tuberculose; Enfermagem