Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AUTOEFICÁCIA EM AMAMENTAÇÃO: estudo em uma maternidade pública
Sandra Maria Schulz, Kátia Fernanda Alves Moreira, Davisson Michetti de Oliveira, Lerissa Nauana Ferreira, Nayra Carla de Melo, Edson dos Santos Farias, Bianca Oyola Bicalho, Caio Alves Barbosa de Oliveira

Última alteração: 2017-12-29

Resumo


Introdução: O aleitamento materno (AM) tem importância fundamental para o crescimento e desenvolvimento adequados da criança e para a sua saúde física e psicológica.  É de fato considerado em todo o mundo um dos pilares fundamentais para a promoção e proteção à saúde da criança e seu impacto social pode ser quantificado por meio da redução de atendimentos médicos, hospitalizações e tratamentos medicamentosos, uma vez que o AM tem menor risco de adoecer. As evidências científicas apontam que o aleitamento materno é o alimento mais adequado para a criança, desde o nascimento até os primeiros anos de vida, contribuindo para a saúde das crianças e das mães, além dos benefícios para a família e, consequentemente, para a sociedade. Devido a estas evidências, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) brasileiro recomendam que todos os bebês recebam aleitamento materno exclusivo (AME) até o sexto mês de vida e, após este período, a amamentação deve ser complementada com outros alimentos até 2 anos ou mais. As principais causas do desmame precoce estão relacionadas com a introdução de outros alimentos na dieta do lactente antes do período recomendado; recusa do seio materno  pela  criança,  que  está  diretamente  relacionado  com  o  posicionamento incorreto do recém-nascido no momento da amamentação; trabalho materno fora do domicílio;  “rejeição” do  ato  de  amamentar  pela  própria  mãe,  relacionado  à  dor  e paradigmas culturais; doenças maternas e da criança; utilização de medicamentos pela mãe; impressão materna de que a criança não tem sua fome saciada com esse leite - “leite fraco ou insuficiente” - e escassez de programas educativos eficientes. Podem existir inúmeras causas que levam a nutriz a pensar que seu leite é insuficiente para sustentar a criança, entre elas estão os fatores sócias, culturais, psicológicos, experiência anterior na amamentação sem sucesso, falta de informação, falta de apoio e incentivo. A inserção da nutriz no mercado de trabalho, também é um fator favorável para o desmame precoce, por não poder conciliar as múltiplas atribuições, transformando em motivo de angustia e preocupações para a nutriz e estes sentimentos impactam de forma negativa, na fisiologia da lactação. Portanto, mães que não trabalham fora do lar, tem chance maior de manter o aleitamento materno exclusivo. Crianças nascidas por cesarianas eletivas tem risco três vezes maior de serem desmamadas no primeiro mês do que as crianças nascidas de parto normal ou cesárea emergencial. O conceito de autoeficácia tem provado ser um constructo bastante versátil e heurístico, com aplicações em diversas áreas e especialidades, além da Psicologia. A confiança ou autoeficácia foi estudada por Albert Bandura, tendo como base a Teoria da Aprendizagem Social. Com o desenvolvimento de seus estudos, passa a definir sua própria como Teoria Social Cognitiva e utiliza-se de sua teoria como base para análise do construto autoeficácia. O construto de autoeficácia refere-se a um fator que medeia os comportamentos de saúde, uma vez que os indivíduos precisam ter a convicção de que poderão realizar com êxito determinada tarefa ou comportamento, acreditando que irá atingir o resultado de saúde esperado. Assim, é preciso compreender que não basta o indivíduo acreditar que determinado comportamento pode ajudá-lo a atingir um objetivo específico, é preciso que ele se sinta capaz de executar pessoalmente tal comportamento. Objetivo: Avaliar a autoeficácia em amamentação de puérperas internadas em alojamento conjunto e verificar a associação dos fatores sociodemográficos e obstétricos com a autoeficácia. Metodologia: Caracteriza-se como um estudo quase-experimental, com abordagem quantitativa, rea-lizado com 153 puérperas de uma maternidade pública da Amazônia Ocidental, credenciada com o título Hospital Amigo da Criança. As participantes desta pesquisa estavam divididos em dois grupos, o primeiro grupo recebeu intervenção educativa, baseado nas informações contidas no álbum seriado “Promovendo o aleitamento materno” do Ministério da Saúde, tipo “Roda de conversa” com 80 participantes e o segundo grupo de observação, com 78 participantes, sem intervenção educativa. A coleta dos dados ocorreu no período de janeiro a junho de 2017, utilizando a Breastfeeding Self-Efficacy Scale–Short Form (BSES-SF), um formulário para caracterização das puérperas e um formulário de acompanhamento por via telefônica, com acompanhamento no 7º, 15º, 30º, 45º e 60º dia pós-parto. Os dados foram analisados estatisticamente no software Statistical Package for Social Science (SPSS, versão 20.0). Resultados: Não houve baixa autoeficácia em amamentação nos grupos de estudo, houve autoeficácia moderada e alta. Predominou autoeficácia nível alto, em puérperas na faixa etária de 19 a 30 anos, em ambos os grupos, 63,8% no grupo de intervenção e 61,5% no grupo de observação. As puérperas casadas foram predominantes e tiveram autoeficácia elevada, em ambos os grupos, 80% no grupo de intervenção e 66,7% no grupo de observação. A prevalência de desmame precoce, houve mais significância no grupo de observação, que ao final do período de 60 dias pós-parto, resultou em apenas 46,2% de crianças em aleitamento materno exclusivo (AME), comparado com o grupo de intervenção que manteve 83,8% das crianças em AME. De acordo com a autoeficácia, a maioria das puérperas com 92,6% no grupo de intervenção e 80,8% no grupo de observação apresentou autoeficácia alta na amamentação. Considerações Finais: A aplicação da escala de autoeficácia em amamentação é um instrumento eficaz identificar puérperas com risco de desmame precoce, associado com outros fatores predisponentes para a interrupção precoce do aleitamento materno, como puérperas adolescentes, primigestas, mulheres solteiras, pós-parto de cesarianas e outros fatores suscetíveis, que podem ser observados pela equipe de saúde durante o pré-natal e no puerpério. Assim, a avaliação da autoeficácia da mulher em sua habilidade para amamentar, ainda no pré-natal pós-parto, pode ser de grande valia para os profissionais de saúde. O acompanhamento ainda no pré-natal, com visitas domiciliares, formação de grupos de mães e com sessões individuais conduzidas no pré e pós-natal, proporciona apoio face a face à amamentação e envolve os familiares nesse apoio. As atividades de grupo de mães e de gestantes se baseiam na noção de que a oportunidade dessas mulheres compartilharem em grupo suas expectativas, experiências e vivências em relação à amamentação, combinada à orientação pelos profissionais de saúde, pode prevenir dificuldades e permite lidar com a ansiedade, inseguranças e eventuais problemas relacionados ao aleitamento materno. Ao aplicar a BSES, foram observadas mulheres com maior risco de desmame precoce, identificando as dificuldades iniciais nas primeiras semanas de amamentação, relacionados com a interrupção precoce do aleitamento materno conforme apresentado neste estudo. Este instrumento possui baixo custo, de fácil aplicação, possui evidências científicas de sua confiabilidade para avaliação da autoeficácia em amamentar, podendo ser utilizada em qualquer período perinatal.


Palavras-chave


Autoeficácia; Aleitamento Materno; Hospital Amigo da Criança