Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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"Amplio" o Estado, mas sou excluído por ele
Thiago Bernardes Nunes, Rita de Cássia Gabrielli Souza Lima

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


O estudo descrito neste manuscrito analisa o modo como a transformação do real foi se impondo aos trabalhadores-produtores de bens em pedra no contexto da cidade de Camboriú, SC, Brasil, ao mesmo tempo “ampliadores” do Estado brasileiro, mas também excluídos da organização social pelo próprio Estado. Para a construção, edifica-se uma pesquisa qualitativa, do tipo exploratória, com coleta de dados via observação-participante e entrevistas-narrativas. O eixo central norteador do roteiro semiestruturado é o trabalho, ou seja, buscou-se as experiências peculiares que atravessam o cotidiano histórico da especificidade laboral do trabalho com pedras (mineração artesanal) que, no caso, resulta em produtos como: pavimentação com blocos de pedra em formato de paralelepípedos, entre outros. A partir do cenário exposto, relacionam-se condições genéricas que permeiam não somente este, mas todos os demais ramos da divisão social do trabalho, como: teoria do valor, o capitalismo financeiro e a tributação das mercadorias. Destaca-se esta última como importante fonte do financiamento das estruturas e ações estatais, provenientes da criação de produtos, fruto do trabalho concreto de trabalhadores-produtores. Da relação com os dados surge a categoria: “Amplio o Estado, mas sou excluído por ele”. Eleito o método ético-político de análise, da interlocução entre a historicidade do objeto e suas tendências contraditórias, tem-se as relações de hegemonia como hipótese ao excluir da organização social – política e filosófica - os atores protagonistas trabalhadores-produtores, fortalecedores do Estado “ampliado”. Mesmo sendo notável para a sociedade civil e para o Estado este ramo produtivo, dado o padrão de desenvolvimento adotado por esta sociedade, o aparelho estatal e seu ordenamento político-jurídico é omisso para com essa população. O Estado está interessado no lado econômico do trabalho (de atuação passiva), negando a participação horizontal nesta economia, além de excluí-los da organização política e filosófica. Diante do quadro, cabe a formação de um levante popular capaz de conquistar o Estado, oportunizando a inclusão dos excluídos, garantindo justiça nas relações sociais de produção e troca (comércio), socializando a posse dos meios de produção, inserindo-os no campo da produção do conhecimento e na direção política da sociedade. Rompendo a subalternidade, é possível propiciar horizontalidade nas três unidades constitutivas – economia, política e filosofia – de uma mesma visão de mundo (weltanschauung), assegurando, oxalá, igualdade, liberdade e fraternidade.


Palavras-chave


Mudança social; Estado; Trabalho; Valor; Hegemonia.