Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-16
Resumo
Apresentação: A Segurança do Paciente é um tema que vem ganhando mais importância no cenário mundial e no Brasil, principalmente depois de 2013, ano em que foi publicada o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), um de seus protocolos básicos é comunicação efetiva no ambiente dos serviços de saúde. Tal protocolo básico contribui para facilitar a troca de informações entre a equipe multiprofissional, auxiliando no processo de transferência do usuário de uma unidade a outra e promove um cuidado mais eficaz. Um dos instrumentos que deve ser observado para contemplar o que o PNSP preconiza acerca da comunicação efetiva é o prontuário do paciente, que é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da assistência, pois nele ocorre o registro de informações pelos profissionais alem da avaliação do cuidado prestado. A utilização e registro adequado no prontuário minimizam riscos de intercorrência no processo de assistência ao paciente, promovendo a segurança do mesmo tanto em ambiente hospitalar quanto na atenção básica de saúde. Segundo informações disponibilizadas por Brasil (2010) a atenção básica constitui-se como o principal ponto de acesso ao SUS a partir deste contato inicial ocorrerá a comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. De tal modo o conteúdo presente no prontuário do usuário atendido pela ESF, deve conter todas informações relevantes a saúde do mesmo, já que essas informações perpassarão por todo o processo de assessoramento disponibilizada pelo SUS, de modo que um erro de preenchimento ou falta de dados pode comprometer toda a assistência à saúde do usuário. Baseado nos conceitos acerca da segurança do paciente notou-se o quão nocivo para a saúde do usuário poderia ser a negligencia ou a utilização inadequada do prontuário para a assistência prestada ao usuário mesmo em ambientes em que a assistência a saúde não requer uma alta complexidade tecnológica, como no caso da atenção básica. Apresentando, portanto, como objetivo principal deste estudo ressaltar a importância de executar ações efetiva para promover a segurança do usuário, abordando assim a necessidade da utilização correta do prontuário a fim de evitar situações que comprometam a saúde dos indivíduos assistidos pela ESF. Descrição da experiência: Tal estudo foi desenvolvido durante as aulas práticas do componente curricular Enfermagem Comunitária II em uma ESF localizada em Belém – PA. Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa do tipo relato de experiência Realizado embasado pela metodologia da problematização fundamentado pelo arco de Marguerez como estratégia de ensino e aprendizagem constituída por cinco etapas (Observação da realidade, Definição dos pontos-chave, Teorização, Hipóteses de solução e Aplicação à realidade). Na primeira etapa (observação da realidade), foi observado que havia erros em alguns prontuários utilizados para dar continuidade ao registro da assistência à saúde dos pacientes. Tais erros consistiam em: caligrafia ilegível, rasuras, ausência de dados, papel danificado, excesso de grampos, ausência de CRM ou COREN, símbolos e abreviações inadequadas, desobediência da ordem cronológica das evoluções, evolução de um paciente feita em prontuário de outro paciente. Na segunda etapa (Definição dos pontos-chaves) foi feita uma reflexão e escolhido alguns assuntos a serem pesquisados. Na terceira etapa (teorização) foi feita levantamento da literatura vigente sobre Segurança do paciente, comunicação efetiva e registro no prontuário. Na Quarta etapa (hipótese de solução) Com base no que foi anteriormente observado e na teorização formulou-se a hipótese de solução a partir da utilização do check-list sobre o preenchimento e utilização adequada dos prontuários. Na quinta etapa (aplicação da realidade) A partir de uma capacitação dos profissionais da ESF que incluíram enfermeiras, Agentes comunitários de saúde e estudantes de medicina, foi realizada uma ação educativa na ESF com intuito de sensibilizar os profissionais de saúde com relação à importância de preencher corretamente o prontuário do usuário, evitando rasuras, símbolos e qualquer outro elemento que dificulte a consulta deste documento pela equipe multiprofissional ou até mesmo por acadêmicos para fins de pesquisa, além disso, o prontuário também serve como respaldo legal e é essencial para a segurança do paciente. Os materiais utilizados foram um cartaz com check-list e folders confeccionados exclusivamente para esse trabalho. Sendo a ação educativa dividida em três momentos, iniciando a explicação com a importância da comunicação efetiva, repassou-se as informações presentes no check-list por meio de marcadores de livro distribuídos aos profissionais presentes na ação. Em consequência da explicação ocorreu um debate havendo troca de informações e por último cartazes foram expostos em locais de fácil acesso para os profissionais consultarem o material posteriormente. Resultados: A participação dos profissionais da ESF na ação de capacitação foi fundamental, pois eles interagiram com os facilitadores da ação, compartilhando suas experiências a respeito da importância de realizar o preenchimento adequado do prontuário a fim de evitar riscos ao usuário assim como para o próprio profissional, que ao realizar as evoluções possui documentação sobre as ações efetuadas ou não por ele. Notou-se também que as enfermeiras presentes apresentavam conhecimento sobre a funcionalidade e importância da utilização adequada do check-list, sendo as maiores duvidas e indagações realizadas pelas agentes comunitárias de saúde, em relação a elas poderem está fazendo também evolução/anotações no prontuário do paciente referente à visita domiciliar que eles frequentemente realizam. A resposta dada a elas pelos facilitadores foi baseada no que esclarece o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (2015) no qual todos os membros da equipe da ESF devem responsabilizar-se pela orientação e discussão das questões de saúde do usuário, assim como pelo acompanhamento das informações coletadas pelo ACS. Podendo O agente Comunitário de saúde ter acesso ao prontuário familiar para leitura, preenchimento e atualização da ficha de cadastro e demais fichas devendo assinar os dados lançados. Considerações finais: A partir do estudo efetuado e das informações obtidas por meio do estudo, foi possível concluir que o prontuário é fundamental como ferramenta de assistência integral e multiprofissional, pois fornece informações importantes para o processo de assistência ao paciente as quais contribuirão para a efetuação adequada da consulta realizada por todos os profissionais da unidade. Sendo necessário que haja uma sensibilidade da equipe multiprofissional como um todo a realizarem os registros no prontuário de forma completa, clara e coerente. Ressaltando também que o preenchimento de todas as informações referentes ao paciente e a realização dessa prática de forma adequada deve ocorrer integramente na atenção básica. A promoção da segurança do paciente depende de inúmeros fatores, e que a comunicação efetiva, mesmo que muitas vezes ficando em segundo plano e não sendo valorizada é uma medida extremamente eficaz, evitando erros de conduta dos profissionais, pois estes prestarão assistência ao paciente, convictos do que estão realizando e tendo conhecimento das restrições possuídas pelo paciente.