Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Implantação de planilha de distribuição de imunobiológicos: impacto no estado do Ceará
Ana Vilma Leite Braga, Ana Débora Assis Moura, Ana Karine Borges Carneiro, Francisco Tarcísio Seabra Filho, Tereza Wilma Silva Figueiredo, Marcelo Gurgel Carlos da Silva

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: As vacinas possuem um importante e fundamental papel na prevenção das doenças imunopreveníveis e, consequentemente, na proteção da saúde da população, sobretudo das crianças, que é o principal público alvo da vacinação, atuando de forma direta na redução das taxas de hospitalizações e da mortalidade por doenças imunopreveníveis, no Brasil e em outros países. Mediante ações coordenadas de planejamento, capacitação, infra estrutura e logística, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) desenvolve várias estratégias de vacinação que consistem em vacinação de rotina, campanhas, intensificação, bloqueios e vacinação casa a casa. Em junho de 2016, após perceber a necessidade de se implementar uma sistemática na distribuição de vacinas para os municípios do estado do Ceará, elaborou-se uma planilha de distribuição dos imunobiológicos necessários para a vacinação. Esta necessidade surgiu em meio ao desabastecimento de alguns imunobiológicos, providos pelo Ministério da Saúde (MS), devido vários motivos, tais como atraso na entrega pelo laboratório produtor, falta de produção pelo laboratório, lotes em análise pelo controle de qualidade, dentre outros. Portanto, esse estudo teve objetivo geral avaliar o impacto da implantação da planilha de distribuição de imunobiológicos no estado do Ceará; e como objetivos específicos comparar a distribuição das vacinas do estado do Ceará no período de junho de 2015 a maio de 2016, antes da implantação da planilha mensal de distribuição, com o período de junho de 2016 a maio de 2017, após a implantação da planilha; comparar a cobertura vacinal das vacinas do calendário básico de vacinação nos períodos antes e após a implantação da planilha; e comparar as perdas físicas por vacina nos períodos antes e após a implantação da planilha mensal de distribuição de imunobiológicos. Desenvolvimento: Estudo descritivo, comparativo, realizado nos meses de outubro e novembro de 2017. Realizado através de documentação indireta, da comparação dos dados antes da implantação da planilha mensal de distribuição de imunobiológicos no período de junho de 2015 a maio de 2016, com o período de junho de 2016 a maio de 2017, após a implantação da planilha. A coleta dos dados se deu através do SIES - Sistema de Informações de Insumos Estratégicos, onde foi verificada a distribuição das vacinas em todo o estado do Ceará; os dados de cobertura vacinal foram extraídos do SIPNI - Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, no sítio eletrônico (sipni.datasus.gov.br), disponível pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS); e os dados sobre perdas das vacinas foram extraídos dos Formulários para Avaliação de Imunobiológicos sob Suspeita, que são instrumentos preenchidos pelos municípios e enviados à coordenação estadual de imunizações para análise na ocorrência de suspeita de alteração de temperatura. Os dados foram organizados em tabelas no Microsoft Office® Excel®. Na construção da planilha de distribuição de vacinas pelo Estado do Ceará, buscou-se identificar a quantidade de pessoas a serem vacinadas a partir da estimativa populacional de cada município do Estado. Essa estimativa é realizada e disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2014, para a população acima de dois anos de idade, e pelo Sinasc, em 2012, para a população abaixo de dois anos de idade. Para cada vacina do calendário básico, levou-se em consideração o número de doses e faixa etária previsto no esquema de vacinação de cada vacina definidos pelo MS para manter a eficiência da vacinação. Outro aspecto fundamental utilizado foi o percentual de perdas, definida pela estimativa do desperdício do imunobiológico. Essa taxa de perda, ou seja, a diferença entre o recebido e o administrado na população alvo, tem como referência um padrão estabelecido pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), específico para cada vacina. A fim de facilitar o processo de planejamento e distribuição das vacinas pela Rede de Frio Estadual e Regional, organizaram-se os municípios por regiões de saúde, pois o fluxo de distribuição segue do Estado para a Regional, e destes para os municípios. Outro fator utilizado, que auxiliou esta logística, foi o cálculo de vacinas por frascos e por doses. Após realizar todos os cálculos, a planilha foi implementada em junho de 2016, passando a ser utilizada desde então. No entanto, o que nela está definido, o quantitativo de doses para cada vacina, não é estático. Regularmente, a Coordenação Estadual de Imunizações está sempre realizando análises e ajustes, de acordo com as solicitações dos municípios, mediante justificativas plausíveis. Resultados: Verificou-se que, no período de junho de 2015 a maio de 2016, a média geral de distribuição de vacinas no estado ultrapassou em doses, um percentual de 30,4% quando comparada com o período de junho de 2016 a maio de 2017, isto é, após a implantação da planilha. Além disso, foi demonstrado que a média mensal individual da maioria do elenco das vacinas distribuídas no Ceará reduziu consideravelmente já a partir do primeiro ano de utilização da planilha. Após um ano de implantação da planilha de distribuição, com exceção daquelas que obtiveram sua faixa de público alvo aumentada, foi perceptível a redução nas solicitações de vacinas ao MS pela Rede de Frio Estadual, via SIES. Mesmo com essa redução na distribuição de vacinas no estado, no referido período, verificou-se que as coberturas vacinais das referidas vacinas permaneceram as mesmas, ou apresentaram acréscimo. Embora o sistema de registro nominal, o SIPNI, não seja 100% implantado nos serviços de vacinação do Estado, o que impossibilita o cálculo real do indicador de cobertura vacinal, os resultados encontrados com a análise comparativa entre os dois períodos avaliados foram positivos. Foi identificada uma redução significativa nas perdas físicas de vacinas após implantação da planilha de distribuição. A diminuição dessas perdas ocorreu na maioria do elenco distribuído no estado, com destaque para as vacinas VOP, BCG e DTP, que obtiveram redução superior a 200%, quando comparadas ao ano anterior. Com o controle na distribuição de vacinas através de dados populacionais, foi possível observar uma redução nas perdas físicas de vacinas. É preciso considerar que a diminuição na perda anual de vacinas é fundamental para demonstrar a importância de manter uma forte cadeia de frio em todo o estado. Considerações finais: Verificou-se que a falta de um planejamento adequado, tanto na aquisição quanto na distribuição de imunobiológicos, poderá onerar os cofres públicos através dos investimentos do PNI ao estado, promover o desperdício de imunobiológicos, impedir o acesso da população ao processo de imunização e como consequência, a redução das coberturas vacinais. A implantação da planilha de distribuição de imunobiológicos tem-se mostrado extremamente eficaz, pois os imunobiológicos são distribuídos de acordo com a necessidade da população, reduzindo custos e prevenindo desperdícios de vacinas e insumos.

Palavras-chave


Vacinas; Organização do trabalho; Planilha de distribuição.