Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RADIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA GINECOMASTIA RESULTANTE DE HORMONIOTERAPIA ANTI-NEOPLÁSICA PROSTÁTICA: Relato de experiência.
Jamil Michel Miranda do Vale, Érika de Cássia Lima Xavier Barros, Maria Margarida Costa de Carvalho, Sandra Suely Oliveira

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Apresentação:As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (2017), para o biênio 2016/2017, são de 61.200 novos casos de câncer de próstata, apesar de sua elevada incidência, se descoberto precocemente possui altas taxas de cura. Neste sentido, no que concerne ao tratamento,a realização do exame do antígeno prostático específico (PSA) contribuiu para a redução dos casos. Concomitante, variados estudos corroboram que pacientes com neoplasia de próstata localmente avançada classificados como alto risco apresentam benefício de sobrevida quando submetidos a hormonioterapia (HT) de longo curso (24 a 36 meses) associada a radioterapia (RT) (HORWITZ et al., 2001; HANKS et al., 2003). Contudo, os efeitos colaterais mais freqüentemente relatados pelos doentes foram ginecomastia (50%) e algia mamária (40%), enquanto naqueles submetidos à castração cirúrgicaou hormonal o desinteresse sexual, fraqueza muscular, ondas de calor e maior tendência àosteoporose e estados depressivos foram os achados mais evidentes. As fraturassecundárias à osteoporose, nesse último grupo, são expressivamente mais frequentes (SEE et al., 2002). A ginecomastia corresponde a proliferação benigna de tecido glandular mamário, no campo da urologia, em especial pacientes com câncer de próstata e tratamento hormonal estão associados a uma prevalência de 15% no caso de bloqueio hormonal completo e 75% em monoterapia (ATLAS DA SAÚDE, 2017).Diante disto, pretende-se relatar o manejo terapêutico de paciente com ginecomastia proveniente de terapia de combate a câncer de próstata. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência de natureza exploratório e descritivo com abordagem qualitativa. A experiência ocorreu em um Hospital de referência em Oncologia, no município de Belém, Estado do Pará, no segundo semestre de 2017, no acompanhamento de um paciente acometido por neoplasia prostática. R.O.F., 66 anos, alfabetizado, agricultor, divorciado, 5 filhos. Um caso de câncer na família ocorrido com sua irmã. Nega HAS e DM ou demais patologias. Nega alergias a medicamentos ou alimentos e vícios. Em 2004, apresentou quadro de prostatismo leve e nictúria há aproximadamente 27 dias. Realizou PSA com resultado de 31,6. Em fevereiro de 2005 por meio de biopsia prostática foi diagnosticado com Adenocarcinoma. Exame de Cintilografia não revelou metástases. Tratamento de escolha após radioterapia: 40 aplicações. Após sessões de radioterapia iniciado Zoladexde 3 em 3 meses. Em 2008, apresentou ginecomastia à Esquerda e impotência. Em 2011, solicitado castração, porém paciente resistente ao procedimento.Reicidivando doença, em 2014, PSA 19ng/mL, iniciado uso detamoxifeno. Em 2017, indicado radioterapia para mama realizando 10 sessões e segue em controle fazendo uso da bicalutamida. Resultados: Após descoberta de câncer de próstata o tratamento de escolha seria a prostatectomia, ou segundo Comitê Brasileiro de Estudos em Uro-Oncologia (CoBEU) a terapia hormonal adjuvante (THA) associado a radioterapia em câncer de próstata clinicamente localizado ou localmente avançado. Assim o esquema indicado seria o uso de HormônioLiberadordoHormônioLuteinizante (LHRH), com início no 1º dia de radioterapia, continuando até o 3º ano (CoBEU, 2002). Todavia,o paciente se manteve resistente ao procedimento sendoindicado terapia hormonal como Zoladexcom início, somente 10 dias após finalização de radioterapia devido o uso dessa medicação estar associado com aumento transitório do tumor, podendo alterar o campo do tratamento.O bloqueio da via de produção da testosterona, em suas diferentes etapas, é o alvo principal da hormonioterapia para o tratamento do câncer de próstata, a denominada terapia de deprivação androgênica ou “castração”, que pode ser medicamentosa ou cirúrgica (orquiectomia bilateral) (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2017). Em 2006 apresentou quadro de fraqueza, falta de apetite, dor abdominal e ondas de calor após Zoladex, impotência, nictúria e constipação intestinal, sendo suspenso medicação devido solicitação do paciente no período de 2005 a 2007 e PSA com níveis0,02.Há não adesão a castração cirúrgica e suspensão de tratamento hormonal, trouxe como consequências arecidiva da doença com presença de ginecomastia, paciente segue em acompanhamento ambulatorial. Considerações finais: Portanto, embora todos os recursos tenham sido utilizados para controle da doença, ainda é possível esbarrar na questão cultural como fator para não adesão ao tratamento, principalmente no que diz respeito à virilidade do homem e ainda com o surgimento da ginecomastia que reforça o desconforto com sua auto-imagem. Por outro lado, apesar de a terapia hormonal podermelhorar os resultados terapêuticos do câncer depróstata, ela aumenta efeitos colaterais, uma vez que o mecanismo sinérgico da HT a RT ainda não ecompletamente compreendido (FRANCO; SOUHAMI, 2015), fazendo-se necessário um olhar integral sobre os riscos e benefícios relacionados a terapia empregada.

REFERÊNCIAS:

ATLAS DA SAÚDE. Ginecomastia. 2017. Disponível em:<http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/aumento-do-tecido-mamario-afeta-entre-40-65-dos-homens-apos-os-50>. Acesso em: 20nov. 2017.

COMITÊ BRASILEIRO DE ESTUDOS EM URO-ONCOLOGIA (CoBEU). Uso e Indicações de Bloqueadores Hormonais no Câncer de Próstata. 2002. Disponível em:<http://www.evidencias.com.br/pdf/publicacoes/1b6efa88ce1b2ce4283f7dd5f3204694.pdf>. Acesso em: 20nov. 2017.

 

FRANCO, R. C.; SOUHAMI, L. Radioterapia e Hormonioterapia no Câncer de Próstata de Risco Intermediário: uma Revisão Crítica. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 61, n. 2, p. 155-163, 2015. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_61/v02/ pdf/10-revisao-de-literatura-radioterapia-e-hormonioterapia-no-cancer-de-prostata-de-risco-intermediario-uma-revisao-critica.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2017.

HANKS, G. E. et al. RTOG 92-02: A phase III trialofthe use oflongterm total and rogen suppression following neoadjuvant hormonal cytoreduction and radiotherapy in locallya dvanced carcinoma oftheprostate. J Clin Oncol, v. 21, n. 21, p. 3972-8, 2003.

HORWITZ, E. M. et al. Subsetanalysis of RTOG 85-31 and 86-10 indicates an advantage for long term vs. short-term adjuvant hormones for patients with locally advanced prostate cancer treated with radiationtherapy. Int J Radiat Oncol Biol Phys, v. 49, n. 4, p. 947-56, 2001.

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Oncologia: Hormonioterapia no câncer de próstata. Disponível em: <https://www.einstein.br/especialidades/oncologia/ exames-tratamentos/hormonioterapia -cancer-prostata>. Acesso em: 25 nov. 2017.

 


Palavras-chave


Neoplasias da Próstata; Radioterapia; Terapia Combinada.