Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL DE GESTAÇÕES E PARTOS REALIZADOS EM HOSPITAIS PÚBLICOS DE UM MUNICÍPIO DA AMAZÔNIA LEGAL
Davisson Michetti de Oliveira, Kátia Fernanda Alves Moreira, Lerissa Nauana Ferreira, Nayra Carla de Melo

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Introdução: No Brasil, o modelo de assistência ao parto sofreu forte influência do modelo americano, que se caracterizava pela criação e utilização de novas tecnologias, incorporação de grande número de intervenções, preocupação maior com patologias e a assistência condicionada a facilitar o serviço do profissional. Ao longo da evolução histórica, o parto abdominal apresentou diversas mudanças corretivas com os aperfeiçoamentos da tecnologia e a modernização da cultura dos povos. Novos hábitos foram observados e incorporados com o passar dos anos, proporcionando um avanço na história da cesariana. Se por um lado a cesárea realizada por razões obstétricas tem um grande potencial de reduzir a morbimortalidade do binômio, por outro, o exagero na sua realização tem efeito oposto. Sua institucionalização trouxe a medicalização do parto. Na década de 90, o Brasil viveu o auge desse modelo intervencionista, sendo eleito o país com maior taxa de cesárea do mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2000, ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), contendo oito objetivos, com o intuito de melhorar a qualidade de vida. O objetivo cinco visava melhorar a saúde materna, de acordo com o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2013, divulgado pela ONU, o mundo não alcançou este objetivo. No Brasil, de 1990 a 2011, a taxa de mortalidade materna caiu em 55%, passando de 141 para 64 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Em 2011, 99% dos partos foram realizados em hospitais ou outros estabelecimentos de saúde; e por volta de 90% das gestantes fizeram quatro ou mais consultas pré-natais. Contudo, a razão de óbitos maternos ainda permanece acima da meta estipulada para 2015 de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Considerando o alto índice de mortalidade materna e infantil no Brasil e levando em consideração o compromisso internacional de cumprimento dos ODM, o Brasil, por meio da Portaria Nº1459/2011, instituiu a Rede Cegonha, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), assegurando à mulher direitos desde o planejamento reprodutivo até o puerpério, incluindo à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis. Uma das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que no máximo 15% do total de partos sejam cesáreas, limitando-se a situações de risco tanto da mãe quanto da criança. Entretanto a pesquisa Nascer no Brasil, coordenada pela Fiocruz, revela que este procedimento cirúrgico foi realizado em 52% dos nascimentos, sendo que, no setor privado, o valor foi de 88% em 2010. Tendo conhecimento desta realidade e intuito de contribuir para a redução nos números de cesarianas, surgiu o interesse em realizar esse estudo no município de Porto Velho. O perfil traçado sobre as mães assistidas no município durante o parto poderá contribuir para a elaboração de políticas voltadas para a redução do parto cesáreo e um melhor atendimento as gestantes.  Objetivo: Caracterizar as mães e os tipos de partos realizados em hospitais públicos em Porto Velho-RO, no período de 2011 a 2015. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, transversal com abordagem quantitativa, de base populacional, acessado a partir do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), no período de 2011 a 2015. Disponibilizado pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental (DVEA) da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho (SEMUSA). Os dados foram coletados por meio de um instrumento de coleta especificamente elaborado para a pesquisa. A partir dos dados coletados foi feita uma análise estatística descritiva simples para descrição da prevalência dos tipos de parto, do perfil sociodemográfico e obstétrico das mulheres e das condições de nascimento das crianças. Foram excluídos todos os casos em que a expulsão fetal ocorreu antes de 22 semanas de gestação, além dos conceptos com menos de 500g e os casos em que a via de nascimento não foi informada. O presente plano de trabalho vinculado ao subprojeto “Morbidades em Porto Velho” é constitutivo do projeto matriz intitulado “Estudo sobre morbidades em Rondônia”. Foram considerados os aspectos éticos apontados na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisa envolvendo seres humanos, em que o projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil e encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIR, tendo parecer favorável, registrado pela CAAE 46586315.9.0000.5300 CEP/UNIR e Parecer número 1.205.923. Resultados: No quinquênio foi estudado houve 31636 casos de nascimentos em Hospitais Públicos no município de Porto Velho, em que 59,3% dos nascimentos foram por via vaginal, enquanto 40,7% por via cirúrgica. Ao observar a faixa etária notou-se predomínio de mulheres entre 20-29 anos (53,4%), pardas (82,3%), com 8-11 anos de escolaridade (50,3%). Quanto a situação conjugal, 51,9% das mulheres que tiveram seus filhos por via vaginal estavam em união estável, enquanto 45,2% das mulheres submetidas à cesariana eram solteiras. Quanto às características obstétricas, 41,9% das mulheres tinham de 1-2 gestações anteriores, 98,1% com gestação de feto único, 43,7% com 7 ou mais consultas de pré-natal e gestação termo (70,1%). Quanto às características neonatais observou-se que 51,0% dos nascidos eram do sexo masculino, com boa vitalidade ao nascer (89,7% com Apgar no 1º minuto igual ou maior que 8 e 97,7% com Apgar no 5º minuto igual ou superior a 8), com 85,2% com peso adequado ao nascer. Percebe-se que a frequência de nascimentos por via cesariana no município de Porto Velho encontra-se muito acima do preconizado pela Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde, evidenciando necessidade de melhoria nas práticas assistenciais nos diversos pontos de assistência a mulher. Sabe-se que o pré-natal é uma importante ferramenta para o fortalecimento e construção do conhecimento da mulher sobre o seu período gestacional, além de auxiliar a gestante na elaboração do plano de parto. Outra estratégia importante a ser utilizada entre a atenção primária e as instituições que assistem as mulheres no pré-parto, parto e pós-parto é a visita a unidade que a mulher pode vir a parir, a fim de diminuir os medos e esclarecer dúvidas que a mulher pode ter sobre o seu trabalho de parto. Não se pode esquecer que as atividades educativas com a mulher e seus familiares são fundamentais para garantir que a se tenha um acompanhamento adequado durante a gestação. Além disso ressalta-se a necessidade constante de manter os profissionais qualificados para o atendimento à mulher, família e comunidade, por meio de ações de educação permanente e continuada.


Palavras-chave


Parto Normal; Cesárea; Enfermagem Obstétrica