Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O CONHECIMENTO SOBRE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADO NA PRÁTICA ACADÊMICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Djúlia Soraya Sena, Jéssica Naiara Vieira, Jéssica Naiara Vieira, Gabriela Amorim Barreto, Gabriela Amorim Barreto

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Apresentação: Promover a cura por meio das plantas é uma prática antiga repassada de geração em geração, que até hoje, tem forte influência na vivência dos povos. O conhecimento sobre plantas medicinais (PM) simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades, principalmente por serem acessíveis e popularmente aplicadas às diversas enfermidades. As espécies vegetais para uso medicinal têm recebido atenção especial pelos importantes papéis que estas assumem em nossa sociedade como um recurso biológico e cultural. São empregadas no desenvolvimento de novas drogas, como possível fonte de recursos financeiros, através de sua comercialização, além de também serem importantes no resgate e fortalecimento da identidade cultural e como acesso primário à saúde para muitas comunidades. As plantas medicinais representam a principal matéria médica utilizada pelas chamadas medicinas tradicionais, ou não ocidentais, em suas práticas terapêuticas, sendo a medicina popular a que utiliza o maior número de espécies diferentes. Em geral, o conhecimento popular é desenvolvido por grupamentos culturais que ainda convivem intimamente com a natureza, observando-a de perto no seu dia a dia, e explorando suas potencialidades, mantendo vivo e crescente esse patrimônio pela experimentação sistemática e constante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) planta medicinal é definida como sendo “todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semissintéticos”. Nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, as PM são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais. Na região Amazônica foram catalogadas em duas comunidades que vivem nas margens da Baía de Marajó-PA 260 plantas, entre nativas e cultivadas; 1200 são comercializadas no mercado Ver-o-Peso e outras 242 espécies são cultivadas em quintais residenciais na capital Belém-PA. O estudo de PM, a partir de seu emprego pelas comunidades, é de fundamental importância para os cursos que envolvam a saúde como foco de estudo, pois, apesar dos grandes benefícios das plantas medicinais , é relevante ressaltar que a falta de conhecimento sobre os efeitos medicinais e tóxicos das plantas são fatores preocupantes da automedicação. Desta forma, orientações de educação em saúde tornam-se essenciais durante o acompanhamento dos pacientes na prática de estágios durante formação acadêmica, para que nessa fase de preparação para carreira profissional, o acadêmico possa entrar em contato com as mais diversas práticas de tratamento dos pacientes. É de suma importância que os acadêmicos tenham conhecimento sobre plantas para fornecer subsídio para o uso seguro e apropriado das plantas. Por meio desse estudo objetivou-se, narrar por meio de um relato de experiência, a aplicabilidade do saber acadêmico acerca do uso das PM por parte dos pacientes para que por meio desse conhecimento prévio se possa orientar quanto ao uso e dosagem desses ativos. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado durante estágio observacional do curso de Fisioterapia da pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), vivenciado no período de agosto a dezembro de 2017 em clínicas, hospitais e unidades básicas de saúde (UBS) sendo estes campos de estágio das autoras desse resumo. Durante as vivências foram coletados relatos dos pacientes, todos adultos, faixa etária entre 18 e 62 anos, cujas descrições eram anotadas, e posteriormente orientações sobre uso de plantas medicinais eram repassadas aos pacientes que realizavam tratamento fisioterapêutico nos locais citados acima, com base em conhecimento prévio das acadêmicas e pesquisas em literatura. Resultados e/ou discussão: Através do conhecimento sobre as plantas medicinais, a população tem o direito de escolha sobre qual terapia usar. Mas, muitas vezes, o uso das PM não é resultado de uma escolha, mas o único recurso disponível. Dentre as inúmeras vantagens das PM sobre outras terapêuticas, destacamos o fácil acesso, o menor custo, menores efeitos adversos, atingindo, portanto, a maior parte da população e favorecendo o uso de tal prática. O presente trabalho possibilitou as acadêmicas explorar seu conhecimento prévio quanto ao uso de PM e poder repassar orientações aos pacientes sobre os efeitos dessa prática, observou-se que muitos relatavam fazer uso de chás a partir de plantas como “capim santo”, também chamado de capim limão, boldo, camomila, erva cidreira, geralmente aplicados como analgésicos e em decorrência de mal-estar, além, uso tópico de “babosa” (aloe vera) para cicatrização de lesões cutâneas. Todas as PM citadas a cima eram de conhecimento prévio das pesquisadoras, desta forma foi possível que orientações principalmente quanto ao uso de chás.  Foi preconizado, baseado em manual da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que doses diárias fossem administradas com cautela, utilizando a idade como parâmetro para dosagens dos remédios caseiros na ausência de recomendações específicas para os chás. Portanto, na amostra que em sua maioria consta-se de adultos o manual preconiza que sejam administradas de 3 a 4 vezes ao dia atentando-se para que esse quantitativo não seja ultrapassado no intuito de evitar efeitos colaterais. Conclusão: Com base na vivencia de estágios observacionais muito se pode ser conhecido acerca da realidade de cada paciente. Muitos deles não têm acesso a medicamentos nem a serviços de saúde em sua comunidade, fazendo do uso de recursos naturais a única alternativa de tratamento de suas enfermidades. É de suma importância que o acadêmico tenha conhecimento e se aprofunde nas pesquisas para orientar e poder intervir quando necessário nas práticas curativas relatadas pelos pacientes. Algumas delas, podem corroborar com os atendimentos feitos por profissionais da saúde, no entanto, se em excesso ou administrada de forma incorreta, podem trazem inúmeras complicações ao indivíduo. É notável que frequentemente atribua-se a cura as PM, fitoterápicos e outros produtos naturais, e não aos serviços prestados pelos fisioterapeutas. Muitos pacientes atribuem sua melhora as crenças nesses ativos e desvalorizam o trabalho realizado durante a fisioterapia. Por conta disso, é imprescindível que fisioterapeutas em formação saibam a ação e possam discernir a implicação dos produtos naturais em suas condutas, passando orientações e explicações aos seus pacientes sobre os benefícios de tudo que será empregada na recuperação do mesmo. Por fim, compreender a cultura dos indivíduos atendidos é imprescindível para a formação de profissionais mais humanizados.

Palavras-chaves: Plantas medicinais; conhecimento profissional de saúde; medicina tradicional.

 


Palavras-chave


Plantas medicinais; conhecimento profissional de saúde; medicina tradicional.