Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO NA PREVENÇÃO DA DENGUE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
FLÁVIA BRITO BESSA, ANA KATLY MARTINS GUALBERTO VAZ

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


INTRODUÇÃO: A dengue é a arbovirose de maior incidência no mundo, sendo endêmica em todos os continentes, exceto na Europa. Cerca de dois terços da população mundial vivem em áreas infestadas pelos vetores do vírus da dengue, especialmente o Aedes aegypti. O trabalho da população em conjunto com as esferas governamentais é a principal ferramenta preventiva contra dengue, obtém maior resultado no controle do vetor, por meio de estratégias de eliminação dos locais propícios para sua proliferação, além de outras medidas que possam somar a essa luta. Tendo em vista que a principal medida de controle da transmissão da dengue se dá pela participação da população. Realizou-se uma revisão integrativa a fim de dar ferramentas à Saúde Pública para elaborações de futuros planos de controle. Além disso, auxiliar na identificação das dificuldades e facilidades enfrentadas pela população em relação à temática. OBJETIVO: Identificar em artigos científicos as medidas preventivas utilizadas pela população no combate à dengue. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa, com levantamento de publicações científicas de bibliotecas eletrônicas, bases de dados nacionais e internacionais. O processo de construção da revisão integrativa seguiu seis etapas: 1) Elaboração da pergunta norteadora, 2) Busca ou amostragem na literatura, 3) Coleta de dados, 4) Análise crítica dos estudos incluídos, 5) Discussão dos resultados e 6) Apresentação da revisão integrativa. A coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2016 a dezembro de 2016 com a busca de artigos científicos publicados no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2016 nas bases de dados PubMed, LILACS/BIREME e biblioteca eletrônica SciELO. Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde disponíveis no website da Biblioteca Virtual em Saúde: “Medidas Preventivas”, “Preventive measures”, “Medidas de controle”, “Control measures”, “Controle de Vetores”, “Vector Control”, “Prevenção & Controle”, “Prevention & Control”, “Prevenção de Doenças Transmissíveis”, “Prevention of Communicable Diseases”, “Participação Comunitária”, “Participação da comunidade”, “Community  Participation”, “Participação da população”, “Dengue”, “Controle da Dengue”, “Dengue control”, “Dengue prevenção e controle”, “Dengue prevencion e control”, “Dengue prevention e control”, “Dengue”, “Aedes”, “Aedes aegypti”, “Aedes aegypti control”, “Aedes aegypty” e “Aedes mosquitoes”. Os critérios de inclusão foram: artigos disponíveis online na íntegra, publicados em português, inglês e espanhol no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2016. Os critérios de exclusão foram: pesquisas que não foram realizadas no Brasil; estudos apresentados em congressos e seminários, dissertações, teses, editoriais, relatos de casos; textos de sites. Após a busca dos artigos, foi realizada a leitura dos resumos para identificar o objetivo geral e selecionar os que atenderam aos objetivos do estudo. Após a pré-seleção, os artigos foram lidos na íntegra para análise dos resultados alcançados. Os resultados foram descritos em tabelas e gráficos com o auxílio do software Microsoft Excel 2007. Como a pesquisa trata-se de uma revisão integrativa, foi dispensada a avaliação pelo comitê de ética em pesquisa envolvendo seres humanos. RESULTADOS: Foram pré-selecionados 440 artigos científicos por meio dos descritores estabelecidos para a busca nas bases de dados do PubMed, LILACS/BIREME e biblioteca eletrônica SciELO. Após o processo de leitura e, aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram excluídos 436 (99,1%) e incluídos quatro (0,9%) artigos científicos no estudo. Dentre os artigos selecionados, um é ensaio clínico randomizado, duas são pesquisas exploratórias e uma pesquisa descritiva. Os trabalhos foram publicados nos anos de 2006, 2007, 2009 e 2015. O primeiro estudo analisou a implementação de uma nova estratégia eco-saudável, incorporando a participação social e gestão ambiental para melhorar o controle de vetores, também aborda que a união entre a participação social e gestão ambiental é viável para redução significativa das densidades do vetor, mostrando o papel fundamental da população no controle da dengue, evidenciando que a implementação de políticas de prevenção e controle menos verticalizadas possibilitam que a população deixe de ser mera expectadora e dependente das ações previamente definidas, para ocupar posição privilegiada nesse processo. Essa abordagem participativa eco-saudável oferece uma alternativa promissora às medidas de controle vetorial de rotina, muitas vezes, baseadas exclusivamente em larvicidas e/ou pulverização. O segundo avaliou a sensibilidade dos planos de saúde dos municípios na inserção da participação popular no controle da dengue, concluindo que a construção desses índices de sensibilidade com base em planos de saúde de municípios no estado de São Paulo pode ser útil para discutir o controle da dengue. A meta é evitar as epidemias de dengue, considerada uma complexa tarefa, pois consiste em um conjunto de medidas de diversas áreas devido a sua magnitude, extrapolando o setor saúde. O terceiro artigo identificou as barreiras que interferiram negativamente no coletivo, particular e trabalho, nas práticas preventivas contra a dengue. Os Agentes de Controle de Vetores (ACV) relataram dificuldades em todos os estratos sociais nas categorias de análise. A imagem do agente foi associada à de um catador de lixo, e os outros tipos de agentes relataram o mesmo problema. Os moradores deixavam em segundo plano o combate à dengue e os cuidados com o quintal das residências, alegavam que o governo primeiramente devia proporcionar uma infra-estrutura adequada, para então, eles fazerem a vistoria e eliminação de possíveis criadouros em suas residências, periodicamente. Os aspectos identificados nessas três categorias são condicionados pela falta de intersetorialidade e verticalidade do programa, que geraram barreiras para a modificação das práticas preventivas na população e interferiram negativamente na atuação dos agentes. O quarto falou da experiência na introdução do controle da dengue no Programa Saúde da Família - PSF, em São José do Rio Preto, São Paulo, mostrando que a integração entre os dois programas é viável, otimizando recursos ao evitar visitas duplicadas, favorecendo maior envolvimento da comunidade no controle da dengue. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebeu-se uma escassez de estudos voltados para este tema em várias regiões do Brasil e principalmente na região Norte, área endêmica do vetor da dengue. As medidas que a população utiliza no combate à dengue foram pouco citadas, evidenciando a importância do desenvolvimento de mais pesquisas voltadas para esta área de estudo, para avaliar de forma mais precisa as potencialidades e fragilidades da participação social no combate e erradicação do vetor da dengue. Os problemas políticos, econômicos e sociais enfrentados pela sociedade, de responsabilidade da administração pública, são descritos como empecilhos para que a mesma se insira de forma mais ativa no combate à dengue, dificultando o trabalho dos profissionais que atuam nas residências no combate ao vetor Ae. Aegypti. Os resultados mostraram a efetividade da eco-saúde com a diminuição significativa dos níveis da dengue e redução de custos, através de intervenções focadas nos tipos de recipientes, ou seja, na eliminação mecânica.  Os resultados desse estudo evidenciam a necessidade e importância da participação da população no combate ao mosquito da dengue, pois está associado aos hábitos de vida da sociedade, e a partir das atitudes e práticas das pessoas que pode ocorrer a proliferação ou erradicação deste problema de saúde pública.

Palavras-chave


Dengue; Participação social; medidas preventivas.