Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS DIAGNÓSTICOS DE ENFEMAGEM COMUMENTE OBSERVADOS COMO NECESSIDADE DE SAÚDE DOS ACOMPANHANTES DE CRIANÇAS INTERNADAS
Roberta Brelaz do Carmo, Edficher Margotti, Elizama Nascimento Pastana, Greyciane Ferreira da Silva, Joyce Petrina Moura Santos, Lisandra Cristina Barbosa Gomes, Mônica Santos de Araújo Lima, Rennan Coelho Bastos

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Apresentação: Quando algo acontece no percurso natural e uma criança precisa ser internada por alguma teratogênese, patologia, infecção ou pós-operatório, geralmente é a mãe que assume o papel de acompanhante, mudando sua rotina, muitas vezes deixando de ser esposa e trabalhadora, para dedicar-se integralmente ao filho hospitalizado. O ato de cuidar realizado pelo acompanhante no âmbito da reparação ou tratamento de doenças é uma tarefa árdua e contínua, a qual é passível de gerar sentimentos negativos que podem afetar a saúde física e psicossocial destes indivíduos. Como a maioria dos hospitais tem em seu bojo práticas pautadas no modelo biomédico, onde é dada maior importância à cura da doença, e desconsiderando o indivíduo, muitas vezes os acompanhantes acabam sendo esquecidos pela equipe multiprofissional. A presença do acompanhante gera o afeto necessário que o paciente precisa, por possuir maior vínculo e intimidade com o mesmo e, consequentemente, contribuir com o melhor prognóstico e facilidade em aceitar o tratamento. Contudo, para que o elo acompanhante-paciente seja harmônico, além da familiaridade, é necessário que haja a atenção, prestação de cuidados e promoção à saúde para ambos. A práxis norteadora do trabalho do enfermeiro, o qual tem o cuidado como processo de trabalho a ser realizado, é a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a qual proporciona uma assistência individualizada a pacientes e seus acompanhantes, com vistas a melhorar sua qualidade de vida. A SAE é uma atividade privativa do enfermeiro que auxilia no processo de organização da equipe enquanto método e recursos, permitindo a operacionalização do processo de enfermagem individual e pautado nas necessidades do indivíduo mediante suas cinco etapas definidas em: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. Diante deste contexto, objetiva-se traçar os principais diagnósticos de enfermagem com base nos problemas identificados e relatados pelos acompanhantes de crianças hospitalizadas, inferindo a importância da assistência ao ser humano de forma holística e humanizada, fazendo uso da SAE. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência que ocorreu no mês de dezembro/2017 na clínica pediátrica de um hospital universitário localizado em Belém-PA durante as práticas da atividade curricular Enfermagem em Pediatria. O processo de construção do trabalho foi desenvolvido mediante a utilização da SAE a partir da operacionalização das duas primeiras etapas do processo de enfermagem, a saber: histórico de enfermagem ou anamnese e diagnósticos de enfermagem. A anamnese compreende a busca de informações mediante questionamentos e exame físico, enquanto o diagnóstico de enfermagem é composto por enunciado, característica definidora e fator relacionado, tendo esses dois últimos itens estabelecidos de acordo com a individualidade de cada ser. Os dados foram coletados, por intermédio do histórico de enfermagem, com 18 acompanhantes, sendo 16 do sexo feminino e 2 do sexo masculino. Destes, 16 eram de vínculo materno ou paterno e 2 de outro grau de parentesco. Inicialmente, todos os acompanhantes foram indagados acerca da constância com que a equipe multiprofissional os questionava quanto a sua saúde no nível biopsicossocial, e a resposta unânime foi de que isso nunca acontecia. A partir dessa informação iniciou-se a primeira etapa da SAE, de forma individual, no momento em que o grupo ia fazer procedimentos de enfermagem nas crianças internadas. Os alunos perguntavam aos acompanhantes sobre suas Necessidades Humanas Básicas (NHB), doenças crônicas e antecedentes familiares, além de antecedentes obstétricos em caso de mulheres. Posteriormente, a partir da Taxonomia da Associação Norte-Americana de Diagnósticos de Enfermagem (NANDA-I) 2015-2017, foram identificados os diagnósticos de enfermagem mais comuns de acordo com as NHB afetadas nesses indivíduos considerados saudáveis no ponto de visto do modelo biomédico. Resultados e/ou impactos: Diversos foram os diagnósticos de enfermagem encontrados, mas posto que as características definidoras e o fator relacionado muitas vezes variavam de pessoa para pessoa, definiu-se que apenas os enunciados mais comuns seriam evidenciados de forma respectiva, a saber: ansiedade, notória em todos os acompanhantes, os quais almejam a cura do paciente; padrão de sono prejudicado, encontrado em 15 pessoas por diversos fatores; estresse por mudança, identificado em 10 cuidadores; estilo de vida sedentário, diagnosticado em 9 acompanhantes; conhecimento deficiente e volume de líquidos deficiente diante da pouca ingesta hídrica foram diagnósticos encontrados em 8 pessoas; controle ineficaz da saúde, sobrecarga de estresse devido muitos gastos financeiros e atividade de recreação deficiente foram vistos em 7 indivíduos; nutrição desequilibrada menor que as necessidades corporais foi avistado em 6 pessoas, a maioria relacionado ao sabor e quantidade de alimento oferecido pela instituição; e quanto ao diagnóstico de enfermagem de disposição para esperança melhorada, apenas 4 de todos os 18 acompanhantes revelaram-no durante a anamnese. Houve a identificação de outros diagnósticos de enfermagem, porém em um número abaixo de 4 pessoas, sendo alguns de importância fundamental, tais como: eliminação urinária prejudicada em 3 indivíduos e disposição para o controle da saúde melhorado evidenciado em apenas 1 cuidador, o que reflete no requerimento maior de atenção a ser prestado aos acompanhantes. A aplicação da SAE aos acompanhantes é crucial para implementar cuidados partindo da realidade e necessidades desses indivíduos quanto ao que for competência da equipe de enfermagem ou acionar outras categorias profissionais quando precisar, sendo esta uma obrigação do enfermeiro. Nota-se a necessidade de acompanhamento psicológico aos cuidadores, bem como auxílio de assistente social diante da interrupção no trabalho para assumir as responsabilidades de acompanhante na sua integralidade, afetando a renda familiar. Ademais, há um grande déficit quanto à educação em saúde prestada de forma individual, e em casos pontuais de forma coletiva, caracterizada por um desconhecimento sobre a doença, formas de tratamento, intervenções médicas e intervenções de enfermagem, pois apesar de grande maioria dos indivíduos relatarem um bom relacionamento com a equipe multiprofissional, eles alegam que os profissionais não explicam os procedimentos a serem realizados a beira do leito, ou a necessidade de deixar a criança em jejum antes de determinados exames, por exemplo. Considerações finais: Muitas vezes acompanhar um ente querido que encontra-se hospitalizado é suficiente para abalar a estrutura familiar e o psicológico do cuidador, podendo desencadear inúmeros problemas físicos e sociais para tal, sendo responsabilidade do profissional de saúde saber identificá-los o quanto antes para intervir, visando prevenir agravos e promover saúde, visto que o bem estar físico e emocional é uma necessidade de todos os seres humanos, daí provém à importância de assistir não apenas a criança internada, mas também seu acompanhante e sua família.

Palavras-chave


Cuidadores; Anamnese; Diagnóstico de Enfermagem