Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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OS DIAGNÓSTICOS DE ENFEMAGEM COMUMENTE OBSERVADOS COMO NECESSIDADE DE SAÚDE DOS ACOMPANHANTES DE CRIANÇAS INTERNADAS
Última alteração: 2018-01-21
Resumo
Apresentação: Quando algo acontece no percurso natural e uma criança precisa ser internada por alguma teratogênese, patologia, infecção ou pós-operatório, geralmente é a mãe que assume o papel de acompanhante, mudando sua rotina, muitas vezes deixando de ser esposa e trabalhadora, para dedicar-se integralmente ao filho hospitalizado. O ato de cuidar realizado pelo acompanhante no âmbito da reparação ou tratamento de doenças é uma tarefa árdua e contínua, a qual é passível de gerar sentimentos negativos que podem afetar a saúde física e psicossocial destes indivíduos. Como a maioria dos hospitais tem em seu bojo práticas pautadas no modelo biomédico, onde é dada maior importância à cura da doença, e desconsiderando o indivíduo, muitas vezes os acompanhantes acabam sendo esquecidos pela equipe multiprofissional. A presença do acompanhante gera o afeto necessário que o paciente precisa, por possuir maior vínculo e intimidade com o mesmo e, consequentemente, contribuir com o melhor prognóstico e facilidade em aceitar o tratamento. Contudo, para que o elo acompanhante-paciente seja harmônico, além da familiaridade, é necessário que haja a atenção, prestação de cuidados e promoção à saúde para ambos. A práxis norteadora do trabalho do enfermeiro, o qual tem o cuidado como processo de trabalho a ser realizado, é a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a qual proporciona uma assistência individualizada a pacientes e seus acompanhantes, com vistas a melhorar sua qualidade de vida. A SAE é uma atividade privativa do enfermeiro que auxilia no processo de organização da equipe enquanto método e recursos, permitindo a operacionalização do processo de enfermagem individual e pautado nas necessidades do indivíduo mediante suas cinco etapas definidas em: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. Diante deste contexto, objetiva-se traçar os principais diagnósticos de enfermagem com base nos problemas identificados e relatados pelos acompanhantes de crianças hospitalizadas, inferindo a importância da assistência ao ser humano de forma holística e humanizada, fazendo uso da SAE. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência que ocorreu no mês de dezembro/2017 na clínica pediátrica de um hospital universitário localizado em Belém-PA durante as práticas da atividade curricular Enfermagem em Pediatria. O processo de construção do trabalho foi desenvolvido mediante a utilização da SAE a partir da operacionalização das duas primeiras etapas do processo de enfermagem, a saber: histórico de enfermagem ou anamnese e diagnósticos de enfermagem. A anamnese compreende a busca de informações mediante questionamentos e exame físico, enquanto o diagnóstico de enfermagem é composto por enunciado, característica definidora e fator relacionado, tendo esses dois últimos itens estabelecidos de acordo com a individualidade de cada ser. Os dados foram coletados, por intermédio do histórico de enfermagem, com 18 acompanhantes, sendo 16 do sexo feminino e 2 do sexo masculino. Destes, 16 eram de vínculo materno ou paterno e 2 de outro grau de parentesco. Inicialmente, todos os acompanhantes foram indagados acerca da constância com que a equipe multiprofissional os questionava quanto a sua saúde no nível biopsicossocial, e a resposta unânime foi de que isso nunca acontecia. A partir dessa informação iniciou-se a primeira etapa da SAE, de forma individual, no momento em que o grupo ia fazer procedimentos de enfermagem nas crianças internadas. Os alunos perguntavam aos acompanhantes sobre suas Necessidades Humanas Básicas (NHB), doenças crônicas e antecedentes familiares, além de antecedentes obstétricos em caso de mulheres. Posteriormente, a partir da Taxonomia da Associação Norte-Americana de Diagnósticos de Enfermagem (NANDA-I) 2015-2017, foram identificados os diagnósticos de enfermagem mais comuns de acordo com as NHB afetadas nesses indivíduos considerados saudáveis no ponto de visto do modelo biomédico. Resultados e/ou impactos: Diversos foram os diagnósticos de enfermagem encontrados, mas posto que as características definidoras e o fator relacionado muitas vezes variavam de pessoa para pessoa, definiu-se que apenas os enunciados mais comuns seriam evidenciados de forma respectiva, a saber: ansiedade, notória em todos os acompanhantes, os quais almejam a cura do paciente; padrão de sono prejudicado, encontrado em 15 pessoas por diversos fatores; estresse por mudança, identificado em 10 cuidadores; estilo de vida sedentário, diagnosticado em 9 acompanhantes; conhecimento deficiente e volume de líquidos deficiente diante da pouca ingesta hídrica foram diagnósticos encontrados em 8 pessoas; controle ineficaz da saúde, sobrecarga de estresse devido muitos gastos financeiros e atividade de recreação deficiente foram vistos em 7 indivíduos; nutrição desequilibrada menor que as necessidades corporais foi avistado em 6 pessoas, a maioria relacionado ao sabor e quantidade de alimento oferecido pela instituição; e quanto ao diagnóstico de enfermagem de disposição para esperança melhorada, apenas 4 de todos os 18 acompanhantes revelaram-no durante a anamnese. Houve a identificação de outros diagnósticos de enfermagem, porém em um número abaixo de 4 pessoas, sendo alguns de importância fundamental, tais como: eliminação urinária prejudicada em 3 indivíduos e disposição para o controle da saúde melhorado evidenciado em apenas 1 cuidador, o que reflete no requerimento maior de atenção a ser prestado aos acompanhantes. A aplicação da SAE aos acompanhantes é crucial para implementar cuidados partindo da realidade e necessidades desses indivíduos quanto ao que for competência da equipe de enfermagem ou acionar outras categorias profissionais quando precisar, sendo esta uma obrigação do enfermeiro. Nota-se a necessidade de acompanhamento psicológico aos cuidadores, bem como auxílio de assistente social diante da interrupção no trabalho para assumir as responsabilidades de acompanhante na sua integralidade, afetando a renda familiar. Ademais, há um grande déficit quanto à educação em saúde prestada de forma individual, e em casos pontuais de forma coletiva, caracterizada por um desconhecimento sobre a doença, formas de tratamento, intervenções médicas e intervenções de enfermagem, pois apesar de grande maioria dos indivíduos relatarem um bom relacionamento com a equipe multiprofissional, eles alegam que os profissionais não explicam os procedimentos a serem realizados a beira do leito, ou a necessidade de deixar a criança em jejum antes de determinados exames, por exemplo. Considerações finais: Muitas vezes acompanhar um ente querido que encontra-se hospitalizado é suficiente para abalar a estrutura familiar e o psicológico do cuidador, podendo desencadear inúmeros problemas físicos e sociais para tal, sendo responsabilidade do profissional de saúde saber identificá-los o quanto antes para intervir, visando prevenir agravos e promover saúde, visto que o bem estar físico e emocional é uma necessidade de todos os seres humanos, daí provém à importância de assistir não apenas a criança internada, mas também seu acompanhante e sua família.
Palavras-chave
Cuidadores; Anamnese; Diagnóstico de Enfermagem